segunda-feira

ENCONTRO MARCADO

ENCONTRO MARCADO (Meet Joe Black, 1998, Universal Pictures, 178min) Direção: Martin Brest. Roteiro: Ron Osborn, Jeff Reno, Kevin Wade, Bo Goldman. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Montagem: Joe Hutsching, Michael Tronick. Música: Thomas Newman. Figurino: Aude Bronson-Howard, David C. Robinson. Direção de arte/cenários: Dante Ferretti/Leslie Bloom. Produção executiva: Ronald L. Schwary. Produção: Martin Brest. Elenco: Brad Pitt, Anthony Hopkins, Claire Forlani, Marcia Gay Harden, Jake Weber. Estreia: 13/11/98

Alguém deveria matricular Martin Brest em algum curso que ensine a ser conciso. Em "Perfume de mulher", seu filme mais famoso - e que concorreu ao Oscar de melhor filme, além de ter premiado Al Pacino com a estatueta - ele estendeu a história central da relação entre seu protagonista cego com um jovem estudante ao máximo, acrescentando ao filme uma desnecessária trama paralela que só se justifica por sua vontade de dar ao veterano ator mais um momento de brilho. Em "Encontro marcado", seu filme seguinte, ele novamente comete o mesmo erro de estender-se em demasia, dando importância exagerada a cenas que poderiam facilmente ter sido limadas na edição. Ao contrário de "Perfume", porém, nessa refilmagem livre de um clássico dos anos 40 as coisas não funcionaram tão bem. Nem em termos críticos - foi ignorado nas cerimônias de premiação - nem tampouco perante o público: custou quase 100 milhões de dólares e rendeu menos da metade, apesar do apelo do nome de Brad Pitt nos cartazes.

É fácil entender os motivos que levaram "Encontro marcado" a bombar nas bilheterias. É sabido que o público médio americano não é chegado a filmes com duração excessiva - e quase três horas de duração sem que haja necessidade para isso testa a paciência de qualquer um - e além do mais, desta vez Brest realmente errou a mão. Apesar da presença sempre carismática de Pitt e Anthony Hopkins, a refilmagem de "Uma sombra que passa" (estrelado por Fredric March em 1934) é arrastada, pouco emocionante e o que é ainda pior: não explora nem a metade do talento de seus atores principais (que voltam a contracenar depois do sucesso de "Lendas da paixão"). Tudo bem, é visualmente lindo, mas nem mesmo a beleza de Pitt e de Claire Forlani consegue evitar que a audiência boceje a cada vez que a história central se desvia para a desnecessária subtrama envolvendo os negócios de William Parrish (o magnata vivido por Hopkins no piloto automático).


William Parrish é um multimilionário que, às vésperas de completar 65 anos, recebe a visita da morte. Na pele de um jovem galante e sedutor - que se apresenta como Joe Black - a morte deseja levá-lo, mas adia o desfecho de sua missão quando se apaixona pela filha caçula do empresário, a bela Susan (Claire Forlani). Enquanto o dia da morte de Parrish se aproxima, o romance entre Joe e Susan assume ares de amor impossível e, antes de ir embora, Joe ajuda o milionário a perceber os reais interesses de seu braço-direito Drew (Jake Weber), que quer casar-se com Susan para assumir o controle de suas empresas de comunicação (a tal história paralela que não precisava estar no roteiro).

"Encontro marcado" tem uma direção de arte esplendorosa, que retrata com exatidão todo o glamour e o luxo que cerca os Parrish e uma fotografia deslumbrante de Emmanuel Lubezki (em especial em sua sequência final, de tirar o fôlego). A trilha sonora imponente de Thomas Newman dá o clima romântico necessário às cenas entre Joe e Susan - que, justiça seja feita, formam um lindo casal. E a trama central é interessante e adequada a esses tempos "espiritualizados" (além de alguns diálogos realmente bem escritos). Mas quando o filme acaba - aparentemente muito tempo depois de ter começado - a impressão que fica é que poderia ter sido muito mais bem-sucedido. Agrada aos mais românticos, mas perde a oportunidade de ser um belíssimo e inesquecível drama romântico.

3 comentários:

renatocinema disse...

Faltou ritmo ao filme, em minha visão.

O filme sempre parece que vai emocionar.....e nada acontece.

Realmente não é inesquecível. Uma pena, pois o elenco é de primeiro escalão.

Cristiano Contreiras disse...

Discordo quase totalmente de seu texto.

Acho que o filme mexe conosco, é íntimo e bem simbólico. Além da perfeição técnica, apontada por ti, o filme tem uma das melhores atuações de Pitt e Hopkis sempre é eficiente. Até a chatinha da Claire Forlani convence como atriz aqui, num papel de mulher romântica.

Filme lindo, lindo! Nem me cansa, gosto de rever. Tenho aqui.

Um abraço!

! Marcelo Cândido ! disse...

Acho esse filme envolvente mesmo sendo demorado...

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