Vencedor do Oscar de Melhor Atriz (Charlize Theron)
Vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim: Melhor Atriz (Charlize Theron)
Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz/Drama (Charlize Theron)
Já é comum e notório em Hollywood o fato de que deixar a vaidade de lado para encarnar um papel difícil – e difícil aqui pode ser traduzido como doente mental, homosssexual, deficiente físico, etc – é o caminho mais certeiro para ganhar um Oscar. As evidências estão expostas para quem quiser ver, nas listas dos atores e atrizes premiados com o prêmio máximo da Academia em suas várias décadas de existência. Mas se em muitas vezes a política fala mais alto do que o merecimento não foi o que ocorreu quando Charlize Theron faturou sua estatueta dourada, pelo filme “Monster, desejo assassino”. Na pele de uma prostituta condenada à morte pelos assassinatos de vários clientes, a bela sul-africana dá um banho de interpretação, botando no bolso qualquer veterana e calando a boca daqueles que diziam que ela era apenas um rostinho bonito.
Bonitinho, em se tratando de Theron, é eufemismo. Dona de um dos rostos mais lindos da Hollywood atual, a jovem que estreou nas telas como a esposa de Keanu Reeves em “Advogado do diabo” fez o que manda o figurino quando ganhou seu papel em “Monster”: deixou a vaidade de lado, engordou, submeteu-se a horas de maquiagem, usou lentes de contato pretas e mais do que isso, incorporou a personagem com uma garra e uma vontade que por si só já justificariam sua premiação. No entanto, ela fez mais. Quando Theron entra em cena no filme de Patty Jenkins, qualquer fã de cinema imediatamente esquece de sua beleza estonteante, sendo conquistado por seu trabalho avassalador.
“Monster, desejo assassino” é uma história real, ocorrida nos EUA no início dos anos 90. Charlize Theron dá vida a Aileen Wuornos, uma prostituta que, cansada da vida de miséria e violência que sempre viveu vê na jovem Selby (uma impecável Christina Ricci) uma nova esperança de felicidade. Juntas, as duas iniciam um relacionamento que começa a demonstrar sinais de cansaço quando o dinheiro passa a ficar raro. Voltando à prostituição, Aileen acaba sendo violentada por um cliente e acaba matando-o. Aos poucos, ela começa a matar todos os seus clientes, sempre roubando seus carros e dinheiro. A princípio fazendo vista grossa aos atos de Aileen, Selby passa a demonstrar medo de ser presa como cúmplice, o que destrói a relação entre elas e joga Aileen na cadeia.
Mais do que simplesmente a narração dos crimes de Aileen Wuormos – que colaborou com a realização do filme cedendo seus diários inéditos -, a obra de Patty Jenkins também é o retrato de uma mulher cuja vida sempre esteve por um fio, seja em termos de violência, dinheiro ou sexo. A história de amor de Aileen e Selby é que acaba sendo o fio condutor da trama, permitindo a Theron demonstrar o alcance de seu talento e a Christina Ricci abandonar de vez a imagem de adolescente rebelde que sempre fez sua fama para embarcar em um papel complexo, forte e denso. Muitas vezes cru e sem apelar para cenas demasiadamente emotivas, “Monster” não poupa seu público: é chocante, triste, cruel e em vários momentos de partir o coração. Mas é também o palco para um grande trabalho de caracterização de Charlize Theron, uma linda mulher transformada em excelente atriz.
Um comentário:
mais um para minha lista...
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