MINHA VIDA (My life, 1993, Columbia Pictures, 117min) Direção e roteiro: Bruce Joel Rubin. Fotografia: Peter James. Montagem: Richard Chew. Música: John Barry. Figurino: Judy Ruskin. Direção de arte/cenários: Neil Spisak/Anne D. McCulley. Produção executiva: Gil Netter. Produção: Hunt Lowry, Bruce Joel Rubin, Jerry Zucker. Elenco: Michael Keaton, Nicole Kidman, Queen Latifah, Bradley Whitford, Michael Constantine, Haing S. Ngor. Estreia: 12/11/93
Depois que ganhou o Oscar de roteiro original por "Ghost, do outro lado da vida", Bruce Joel Rubin achou que já era hora de capitalizar em cima do prestígio e assinar seu primeiro filme como diretor. Mantendo o principal elemento que deu certo no sucesso estrelado por Patrick Swayze e Demi Moore - o sentimentalismo - Rubin acabou dando com os burros n'água. Sem a experiência de Jerry Zucker ou o carisma de Swayze, Demi e Whoopi Goldberg para segurar as pontas, "Minha vida" fracassou nas bilheterias e foi francamente ignorado pela crítica - quando não extremamente malhado. O pior de tudo é saber que, apesar de alguns nomes envolvidos no projeto, o filme realmente mereceu o fracasso: é chato, previsível, superficial e dramaticamente capenga.
Os problemas de "Minha vida" começam com Michael Keaton, um dos atores mais sem graça produzidos por Hollywood - e ainda colhendo os frutos pelo êxito de seus dois Batman dirigidos pelo amigo Tim Burton. No filme de Rubin ele vive Bob Jones, um profissional da publicidade que, desenganado pelos médicos e com poucos meses de vida, resolve gravar vários vídeos para o filho prestes a nascer. Enquanto segue com sua missão auto-imposta, ele é pressionado pela esposa, Gail (Nicole Kidman, ainda conhecida apenas como esposa de Tom Cruise) a reaproximar-se da família - com quem mantém uma relação problemática - e tentar terapias alternativas, o que o faz conhecer Mr. Ho (Haing S. Ngor, de "Os gritos do silêncio"). É o veterano massagista oriental que o fará descobrir dentro de si as mágoas que o prendem em sua carapaça de frieza e o empurrará para uma nova fase de sua vida. Keaton, com sua habitual falta de carisma, não conquista a simpatia do público, um erro fatal para a eficácia da trama.
É impressionante como Rubin - um roteirista que demonstrou um impecável senso de ritmo em seu filme mais famoso - tropeça constantemente nos clichês em seu primeiro trabalho como diretor. Desde a primeira cena o espectador percebe a causa dos problemas familiares do protagonista, e, por conseguinte, não demora a adivinhar o desfecho da história. A transformação de Bob de um homem sisudo e fechado em uma pessoa mais leve e sensível é brusca, quase inverossímil. A relação entre ele e Gail não transmite emoção, e as cenas que envolvem seus conflitos com os pais e o irmão (Bradley Whitford) soam dèja-vu total. Só o que funciona um pouco - e mesmo assim é pouco desenvolvida em detrimento da mudança de Bob - são as cenas em que o protagonista dá conselhos ao filho ainda em gestação: são os únicos momentos um pouco interessantes.
Tivesse desenvolvido melhor seu roteiro e escolhido um ator central menos apático, Bruce Joel Rubin poderia ter repetido o sucesso de "Ghost". Como está, "Minha vida" é apenas um Supercine de luxo, com todo o jeitão de filme feito para a tv.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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