PERDAS E DANOS (Damage, 1992, StudioCanal, 111min) Direção: Louis Malle. Roteiro: David Hare, romance de Josephine Hart. Fotografia: Peter Biziou. Montagem: John Bloom. Música: Zbigniew Preisner. Figurino: Milena Canonero. Direção de arte/cenários: Brian Morris/Christopher Turlure. Produção: Louis Malle. Elenco: Jeremy Irons, Juliette Binoche, Miranda Richardson, Rupert Graves, Leslie Caron. Estreia: 09/12/92
Indicado ao Oscar de Atriz Coadjuvante (Miranda Richardson)
"Pessoas feridas são perigosas. Sabem que podem sobreviver." Esse é o lema de Anna Barton, a melancólica personagem de Juliette Binoche em "Perdas e danos", elegante adaptação de Louis Malle do romance de Josephine Hart, com roteiro escrito por David Hare - que dez anos depois seria indicado ao Oscar pelo memorável script de "As horas". Oriunda de uma família marcada pela tragédia, Anna acaba por se tornar o catalisador de outro desastre familiar quando se apaixona pelo homem errado - e com isso confirmar sua tendência à destruição.
Anna é uma jovem funcionária de um antiquário que é também a namorada de Martyn (Rupert Graves), filho de Stephen Fleming (Jeremy Irons), respeitado membro do Parlamento britânico. No momento em que põe os olhos na namorada do filho, Stephen - um homem equilibrado e sensato - perde todos os referenciais rígidos que o havia guiado até então, entregando-se a um romance passional, carnal e desesperado. Sua relação proibida ameaça não apenas o relacionamento entre Anna e Martyn - que se encaminha para um compromisso sério - mas também o casamento harmônico (mas frio) entre Stephen e Ingrid (Miranda Richardson), que percebe na garota uma ameaça assim que a conhece.
Apesar das tórridas cenas de sexo entre Binoche e Jeremy Irons, "Perdas e danos" nunca deixa de ser um filme de enquadramentos clássicos e uma sutileza ímpar - para o que colabora a equipe refinada recrutada por Malle, como a figurinista Milena Canonero e o compositor Zbgniew Preisner. A sofisticação imposta pelo cineasta contrasta com a violência emocional do embate entre Anna e Stephen, duas pessoas de mundo diametralmente opostos que se encontram e tem suas vidas drasticamente modificadas pelo poder dos sentimentos - amor? desejo? atração pura e simples?. Juntos, eles criam um mundo à parte, isolado das conveniências sociais e de seus passados - uma versão menos vulgar de "O último tango em Paris".
Binoche está perfeita em seu misto de inocência, infelicidade e sensualidade, em uma atuação que encontra em Jeremy Irons o par perfeito. Recém saído de sua interpretação premiada com o Oscar em "O reverso da fortuna", Irons transmite com precisão todas as dúvidas e angústias de seu personagem, preso em suas contradições mas incapaz de controlar seus sentimentos, mesmo que isso represente destruir sua família, carreira e reputação. Todas as cenas entre os protagonistas é um espetáculo à parte, um embate entre dois grandes atores em momentos especiais de suas carreiras. E entre eles, o desempenho discreto mas sempre eficientíssimo de Miranda Richardson, uma das atrizes mais subestimadas de sua geração.
Na pele de Ingrid Fleming, uma mulher aristocrática que defende sua família com unhas e dentes, Richardson conquistou uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante - que perdeu para Marisa Tomei por "Meu primo Vinny" em uma das mais inacreditáveis escolhas dos acadêmicos. Seu trabalho excepcional só não é eclipsado por Binoche e Irons porque Malle lhe dá ao menos uma arrasadora cena perto do final, onde ela demonstra, sem sombra de dúvidas, a grande atriz que ela é. Atuando basicamente com o olhar e o corpo até sua catarse final, Richardson é um motivo a mais para que "Perdas e danos" seja visto e revisto.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
segunda-feira
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Um comentário:
Esse filme é muito bafo!
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