De um lado uma das maiores estrelas de Hollywood. De outro, uma atriz de prestígio, vencedora do Oscar. Entre elas, um ator respeitado por seu talento e sua personalidade. Comandando a todos, um cineasta experiente em dialogar de forma direta com seu público, sem firulas e maneirismos. Não tinha como dar errado. E não deu. "Lado a lado", dirigido pelo mesmo Chris Columbus do megasucesso "Esqueceram de mim", reuniu Julia Roberts, Susan Sarandon e Ed Harris em um drama familiar que, apesar de contar com uma doença terminal entre suas tramas, jamais escorrega para o sentimentalismo barato. Pode até ser acusado de ser superficial (e de certo modo o é), mas sua opção em não buscar a lágrima exagerada do público mostrou-se acertada, o que sua bilheteria de quase 160 milhões de dólares apenas comprovou em números.
A trama é simples: a bem-sucedida fotógrafa de moda Isabel Kelly (Julia Roberts, linda) vive um relacionamento estável e caloroso com Luke Harrison (Ed Harris), um homem mais velho mas apaixonado e dedicado. A relação tranquila entre os dois só é atrapalhada pela resistência dos dois filhos de seu primeiro casamento, a pré-adolescente Anna (Jena Malone) e o pequeno Ben (Liam Aiken), que tem verdadeira adoração pela mãe, Jackie (Susan Sarandon). Uma mulher que abandonou a carreira de editora para dedicar-se ao casamento e à família, Jackie não aceita o novo romance do ex-marido com Isabel e incentiva os filhos a sabotarem todas as tentativas da jovem de aproximar-se deles. A relação conflituosa entre todos sofre uma reviravolta quando Jackie descobre sofrer de um câncer intratável. A partir daí, ela começa a trabalhar uma forma de fazer com que seus filhos não apenas aceitem a nova mulher de seu pai, mas que também a respeitem como uma nova mãe.
O roteiro de "Lado a lado" é bastante leve, apesar de ter uma segunda metade que poderia facilmente descambar para o dramalhão. Columbus não exagera na sacarina, sempre cuidando em tratar com delicadeza até mesmo as cenas mais emocionantes, defendidas com garra por suas duas atrizes centrais, também produtoras executivas do filme. São elas, do alto de seu carisma, que sustentam as pequenas falhas do roteiro, um tanto superficial mas adequado a suas pretensões comerciais. Logicamente não era do interesse do estúdio mostrar Sarandon definhando em cena - o que afugentaria a audiência - e, levando-se isso em consideração, o resultado final cumpre o que promete: é ágil, comovente e por vezes até caloroso. O fato de ser plasticamente asséptico - as casas são lindas, a doença é apenas mencionada e nunca mostrada em todas as suas proporções, não há ninguém que não seja lindo ou carismático - atrapalha um pouco em fazê-lo ser levado a sério, mas mais uma vez surge a pergunta: o público-alvo tem esse tipo de preocupação estética?
"Lado a lado" é um filme estritamente comercial e dentro dessa restrição é um produto de grande qualidade. Fotografado luminosamente, com uma trilha sonora moderna e vibrante e um elenco irretocável (onde destaca-se também a pequena grande atriz Jena Malone), é um filme feito para emocionar. E, mesmo que poupe a audiência de um vale de lágrimas (como "Laços de ternura", por exemplo), atinge seus objetivos com extrema eficácia.
2 comentários:
Gosto do filme e do desempenho das atrizes.
Mas, ao não ter coragem de mostrar a doença, perdeu pontos comigo.
Cinema, em minha visão, é ousadia, coragem e emoção.
Mas, ainda é uma boa pedida.
Esse é um dos melhores trabalhos de Chris Columbus.
Lado a Lado é o tipo de filme que marcou a infância de muita gente. Julia Roberts e Susan Sarandon deveriam trabalhar juntas novamente.
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