terça-feira

O NOVATO

O NOVATO (The recruit, 2003, Touchstone Pictures, 115min) Direção: Roger Donaldson. Roteiro: Roger Towne, Kurt Wimmer, Mitch Glazer. Fotografia: Stuart Dryburgh. Montagem: David Rosenbloom. Música: Klaus Badelt. Figurino: Beatrix Pasztor. Direção de arte/cenários: Andrew McAlpine/Peter P. Nicolakakos. Produção executiva: Jonathan Glickman, Ric Kidney. Produção: Jeff Apple, Gary Barber, Roger Birnbaum. Elenco: Al Pacino, Colin Farrell, Bridget Moynahan, Gabriel Macht. Estreia: 28/01/03

Revelado por Joel Schumacher no injustamente ignorado “Tigerland – A caminho da guerra”, o irlandês Colin Farrell tornou-se uma das promessas mais quentes de Hollywood. Dirigido por Steven Spielberg em “Minority Report – A nova lei” – onde atuou ao lado de ninguém menos que Tom Cruise – e co-astro de Bruce Willis no drama de guerra militar “A guerra de Hart”, Farrell contracena, em “O novato”, com um dos maiores monstros sagrados do cinema,  Al Pacino. Demonstrando uma segurança ímpar, o jovem ator faz de seu duelo com o veterano astro a maior razão para se assistir a um filme que, a despeito de não ser o filmaço que poderia, cumpre bastante bem seu objetivo de entreter. Assinado pelo mesmo Roger Donaldson do surpreendente "Sem saída" (com um Kevin Costner pré-superapreciação), "O novato" é quase formulaico, mas envolve.

No roteiro, escrito por Robert Towne, Kurt Wimmer e Mitch Glazer, Farrell vive o jovem James Douglas Clayton, um gênio da informática que complementa a renda trabalhando como bartender. Sua vida começa a mudar quando ele é procurado por Walter Burke (um Al Pacino à vontade, mas repleto dos tiques e cacoetes que o vem acompanhando há alguns anos), um chefão da CIA que o recruta para um treinamento na agência. A princípio relutante em aceitar a proposta, Clayton topa o convite quando percebe que ele pode ser a sua chance de desvendar os segredos que cobrem a morte misteriosa de seu pai, que ele acredita ter sido também agente secreto.



Levado para o campo de treinamento da agência, conhecido como “A Fazenda”,  Clayton conhece e se envolve com uma colega, a misteriosa Layla Moore (a insípida Bridget Moynahan), enquanto toma conhecimento dos esquemas e das regras que são impostas pela CIA. Depois de ter falhado em uma missão de ensaio, ele volta a sua vida normal, até que Burke mais uma vez o procura, lhe oferecendo uma missão verdadeira, mas potencialmente perigosa: descobrir o nome de um agente duplo que anda contrabandeando informações sigilosas. Entrando no jogo, o rapaz descobre que a principal suspeita é justamente a mulher por quem está apaixonado. 

A bem da verdade, “O novato” começa muito bem, com um empolgante clima de espionagem e uma edição primorosa. O treinamento dos aspirantes a agentes são de deixar qualquer um grudado na poltrona, com diálogos interessantes e atuações hipnotizantes. A segunda metade do filme, no entanto, cai na besteira de tentar surpreender a audiência, com reviravoltas nem sempre bem sucedidas e um final bastante previsível. No entanto, o carisma de Pacino e a estrela ascendente de Farrell (esbanjando charme antes de começar a se perder em inúmeras escolhas equivocadas) seguram com dignidade o rojão e transformam um policial corriqueiro em um filme acima da média.

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