A ESCOLHA PERFEITA (Pitch perfect, 2012, Brownston Pictures/Gold Circle Films, 112min) Direção: Jason Moore. Roteiro: Kay Cannon, romance de Mickey Rapkin. Fotografia: Julio Macat. Montagem: Lisa Zeno Churgin. Música: Christophe Beck, Mark Kilian. Figurino: Salvador Perez. Direção de arte/cenários: Barry Robison/David Hack. Produção executiva: Scott Niemeyer. Produção: Elizabeth Banks, Paul Brooks, Max Handelman. Elenco: Anna Kendrick, Skylar Astin, Elizabeth Banks, Ben Platt, Brittany Snow, Anna Camp, Rebel Wilson, Alexis Knapp, Ester Dean, Adam Devine, John Michael Higgins. Estreia: 28/9/12
Sabe aquela tarde chuvosa em que só dá vontade de assistir a um filme
bem boboca pra relaxar e ficar de bem com a vida? Pois é justamente para
dias assim que foi feito "A escolha perfeita", uma deliciosa comédia
musical que, quase do nada, tornou-se um grande sucesso de bilheteria
nos EUA, arrecadando mais de 60 milhões de dólares contra um orçamento
relativamente baixo de apenas 17 milhões - e dando origem a uma sequência, lançada em 2015. Lembrando em vários momentos a bem-sucedida série de TV "Glee", o filme do estreante Jason Moore -
que comandou episódios de "Dawson's Creek" e "Brothers and sisters",
entre outros seriados - é engraçado, leve e não tem medo de abraçar
velhos clichês do gênero "filme de faculdade", transformando-os em
trunfos ao invés de deixá-los se tornarem problemas.
Escrito por Kay Cannon, roteirista de "30 rock" - o que já dá uma
pequena ideia do tipo de humor do filme - e baseado em um livro do
jornalista Mickey Rapkin (que acompanhou uma disputa semelhante a que
acontece na trama), "A escolha perfeita" une uma trilha sonora antenada e
alto-astral a um elenco afiado e diálogos ácidos, que o distingue tanto
de seu irmão televisivo quanto da maioria das produções musicais que
vem chegando às telas com frequência desde que "Moulin Rouge"
revitalizou o gênero, em 2001. Mas que não se espere um musical tradicional,
daqueles em que as personagens começam a cantar do nada. Em "A escolha
perfeita" a música é mais uma protagonista do que um acompanhamento - o que deixa tudo ainda mais divertido.
Quem lidera o elenco é a ótima Anna Kendrick - que equilibra no
currículo a sofrível saga "Crepúsculo" e uma merecida indicação ao Oscar
de coadjuvante por "Amor sem escalas". Ela vive Beca, uma aspirante a
DJ que entra na universidade com o objetivo único de agradar ao pai,
professor de Literatura Comparada. Assim que chega - e arruma um
trabalho como assistente da rádio local - ela acaba indo parar em um
grupo de alunas que tem por missão vencer o concurso nacional de música a
capella depois de um vexame no ano anterior. Ao lado das patricinhas
Chloe (Brittany Snow) e Aubrey (Anna Camp) e de várias outras colegas
menos favorecidas fisicamente - como a divertida Fat Amy (Rebel Wilson), Beca tenta transformar o repertório
rígido do grupo em algo mais empolgante e acaba se envolvendo com Jesse
(Skylar Astin), que faz parte do grupo rival - o que é terminantemente
proibido pelas regras impostas por suas líderes.
Mesmo que nem ao menos tente aprofundar suas personagens - em especial
as coadjuvantes, que tem como função quase única divertir o espectador
com diálogos inteligentes e sarcásticos que não poupam o universo popular jovem contemporâneo- o roteiro de Cannon tem a seu
favor o perfeito equilíbrio entre música e humor, entre o moderno e o
nostálgico (representado pela bela homenagem ao já clássico "Clube dos
cinco", de John Hughes). Funciona em todos os níveis a que se propõe,
entretendo sem exigir mais de seu público do que o desejo de duas horas
de diversão. Perfeito para uma tarde tediosa ou para escapar do calor em
uma sala com ar-condicionado.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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