PODER PARANORMAL (Red lights, 2012, Millenium Films, 114min) Direção e roteiro: Rodrigo Cortés. Fotografia: Xavi Giménez. Montagem: Rodrigo Cortés. Música: Victor Reyes. Figurino: Patricia Monné. Direção de arte/cenários: Antón Laguna/Rob Hepburn. Produção executiva: Cindy Cowan, Irving Cowan, Lisa Wilson. Produção: Rodrigo Cortés, Adrián Guerra. Elenco: Sigourney Weaver, Robert DeNiro, Cillian Murphy, Toby Jones, Elizabeth Olsen, Leonardo Sbaraglia. Estreia: 20/01/12 (Festival de Sundance)
Em 2010, o cineasta espanhol Rodrigo Cortés surpreendeu os fãs de cinema
com "Enterrado vivo", um suspense realizado com uns trocados (cerca de 3
milhões de dólares) e que, mesmo sob circunstâncias limitatórias (era
passado inteiramente em um exíguo caixão debaixo da terra, conforme o
título sugere) revelou um diretor inteligente, criativo e com impecável
senso de ritmo. A expectativa em torno de seu projeto seguinte era
grande e talvez por isso a recepção a "Poder paranormal" tenha sido tão
morna. Afinal, se com apenas um ator medíocre (Ryan Reynolds) em cena o
diretor conseguiu realizar milagres, o que ele poderia fazer com gente
do quilate de Robert De Niro e Sigourney Weaver no elenco de seu novo
filme? O resultado é apenas razoável, para decepção de muitos.
"Poder paranormal" começa muito bem e desenvolve suas personagens com
relativa competência. O protagonista é o jovem físico Tom Buckley
(Cillian Murphy exibindo sua falta de carisma habitual). Misterioso e
calado, ele é o fiel assistente da renomada Margareth Matheson
(Sigourney Weaver), psicóloga especializada em desmascarar fraudes em
casos de atividades paranormais.O relacionamento pacífico entre os dois
começa a sofrer um abalo quando o rapaz insiste que a doutora lhe
acompanhe na investigação de Simon Silver (Robert De Niro), um famoso
psíquico cego que retorna à ribalta trinta anos depois de ter se
afastado da fama. Acontece que, ao mesmo tempo em que Tom vê na busca
pela verdade a respeito de Silver uma forma de fazer as pazes consigo
mesmo (graças a um passado que ele insiste em esconder), Margareth tem
seus motivos para evitar o confronto com o veterano paranormal.
Cortés tem a felicidade de manter seu suspense em um nível de
inteligência acima da média, concentrando-se em diálogos interessantes e
em um clima de constante tensão. Os sustos, quando acontecem, chegam nas
horas certas e os atores estão particularmente afiados, ainda que mais
uma vez De Niro não seja aproveitado como pode. Porém, quando chega perto
do final, o cineasta parece ter cedido à tentação de extrapolar os
limites da sutileza, em um clímax barulhento e exagerado que mais
decepciona do que empolga. A revelação final - com direito a um
flashback desnecessário que subestima o poder de inteligência da plateia
- carece de impacto, mas faz sentido diante do conjunto. E não deixa de
ser uma agradável surpresa rever o ator argentino Leonardo Sbaraglia
como um falso médium, em uma atuação hipnotizante que contrasta com a
apatia do protagonista Cillian Murphy.
Levando-se em consideração que filmes de suspense para adultos são
produtos cada vez mais raros em Hollywood, "Poder paranormal" é um
oásis. Nunca ultrapassa as expectativas, tornando-se uma opção
mais interessante que genial, mas apresenta mais qualidades que defeitos. Os fãs do gênero não vão ter do que se queixar.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
terça-feira
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