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CAÇA AOS GÂNGSTERES

CAÇA AOS GÂNGSTERES (Gangster squad, 2013, Warner Bros/Village Roadshow Pictures, 113min) Direção: Ruben Fleischer. Roteiro: Will Beall, livro de Paul Lieberman. Fotografia: Dion Beebe. Montagem: Alan Baumgarten, James Herbert. Música: Steve Jablonsky. Figurino: Mary Zophres. Direção de arte/cenários: Maher Ahmad/Gene Serdena. Produção executiva: Bruce Berman, Ruben Fleischer, Paul Lieberman. Produção: Dan Lin, Kevin McCormick, Michael Tadross. Elenco: Sean Penn, Josh Brolin, Ryan Gosling, Emma Stone, Nick Nolte, Mireille Enos, Anthony Mackie, Giovanni Ribisi, Robert Patrick, Troy Garity, Michael Peña. Estreia: 07/01/13

A estreia de "Caça aos gângsteres" - baseado no livro de Paul Lieberman que reunia seus artigos para o Los Angeles Times a respeito da luta dos policiais da cidade para acabar, no final da década de 40, com o império do crime comandado por Mickey Cohen - estava marcada para o início de setembro de 2012, coincidindo com o lançamento do trabalho do jornalista nas livrarias. Porém, o destino, na forma de uma inesperada chacina ocorrida em um cinema do Colorado, mudou os planos da Warner Bros, que acertadamente tirou da montagem final uma sequência semelhante ao massacre. Com o roteiro reescrito, cenas adicionais filmadas e quatro meses o separando da data original de lançamento, o filme de Ruben Fleischer finalmente ganhou as telas em janeiro de 2013. Porém, mesmo com um elenco recheada de grandes nomes - Sean Penn, Josh Brolin, Nick Nolte, Ryan Gosling e Emma Stone - a produção de 60 milhões de dólares só saiu do vermelho graças ao mercado internacional. Não pode-se dizer que tenha sido um resultado injusto.

A princípio, "Caça aos gângsteres" lembra bastante o sensacional "Los Angeles, cidade proibida", baseado em romance de James Ellroy e lançado em 1997. A trama central - uma equipe secreta de policiais incorruptíveis dedicada a promover a queda de um poderoso senhor do crime - lembra também o inesquecível "Os intocáveis", estrelado por Kevin Costner em 1987. O problema maior é que o cineasta Ruben Fleischer - cujo maior crédito até então era a comédia "Zumbilândia" - não tem o mesmo talento que Curtis Hanson e Brian DePalma, diretores dos filmes citados. Mesmo que apresente algumas ideias visuais interessantes, falta a ele a segurança para conduzir uma narrativa que tenha a capacidade de empolgar um público cada vez mais acostumado com cenas de ação impecáveis sem deixar de dar atenção ao desenho dos personagens. Em parte por culpa de um roteiro que não parece se preocupar em aprofundar as relações humanas - e quando faz isso escorrega aflitivamente pelos mais deslavados clichês - e em parte devido à falta de experiência de seu diretor, o filme acaba sendo apenas um pastiche do gênero. Até diverte em alguns momentos, mas no geral é quase chato.

A história começa em 1949, quando Mickey Cohen (Sean Penn prejudicado por uma maquiagem tenebrosa), um ex-boxeador judeu tornado gângster, resolve expandir seus negócios ilícitos, tomando Los Angeles e ambicionando chegar à Chicago. Violento e amoral, ele tem nas mãos policiais, juízes e quem mais aceitar seu dinheiro sujo. Decidido a dar fim a seu reinado, o Chefe de Polícia Parker (Nick Nolte) resolve montar um time de oficiais acima de qualquer suspeita para que, por baixo dos panos e sem o apoio oficial do departamento, destruam sistematicamente seus esquemas criminosos. Escolhido como líder do grupo, o Sargento John O'Mara (Josh Brolin), um veterano da II Guerra, conta com a ajuda da esposa grávida, Connie (Mireille Enos), para definir os demais integrantes do esquadrão. São chamados, então, o quase cínico Sargento Jerry Wooters (Ryan Gosling), o policial Coleman Harris (Anthony Mackie), o experiente atirador Max Kennard (Robert Patrick), seu protegido Navidad Ramirez (Michael Peña) e, como cérebro do time, o calado pai de família Conwell Keeler (Giovanni Ribisi).

O roteiro de Will Beall é tão previsível que é possível adivinhar cada cena a quilômetros de distância, o que prejudica de forma irreparável o suspense tão necessário a um filme policial. Por exemplo, a relação entre Wooters e a bela Grace Faraday (Emma Stone) - que tem um caso também com Cohen - parece existir mais para satisfazer a necessidade de acrescentar algumas cenas românticas à história do que para empurrar a narrativa pra frente. E nem é preciso ser consumidor compulsivo do gênero para adiantar o destino de cada um dos personagens, felizmente interpretados por atores tão bons que deixam a experiência menos penosa. Sean Penn e Josh Brolin - repetindo a inimizade de "Milk, a voz da igualdade" dessa vez em lados opostos do bem e do mal - estão visivelmente se esforçando em dar consistência a um texto pouco favorável. Ryan Gosling e Emma Stone - que já fizeram par romântico no delicioso "Amor à toda prova" - repetem a boa química, mesmo com pouco material em mãos. E Nick Nolte pouco tem a fazer com suas cenas, sendo subaproveitado, assim como à Mireille Enos (da série "The killing") cabe o ingrato papel de esposa do herói.

"Caça aos gângsteres" não é um filme ruim. Tem muita gente boa envolvida para ser uma perda de tempo total. Mas peca muito em não imprimir personalidade em sua narrativa, tem um roteiro preguiçoso e prefere o caminho do banal ao contar uma história que, por ser tão parecida com tantas outras, merecia uma ousadia maior. Para os fãs do gênero é imperdível. Mas está longe de ser tão bom quanto poderia.

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