A HORA MAIS ESCURA (Zero dark thirty, 2012, Columbia Pictures, 157min) Direção: Kathryn Bigelow. Roteiro: Mark Boal. Fotografia: Greig Fraser. Montagem: William Goldenberg, Dylan Tichenor. Música: Alexandre Desplat. Figurino: George L. Little. Direção de arte/cenários: Jeremy Hindle/Lisa Chugg. Produção executiva: Ted Schipper, Greg Shapiro, Colin Wilson. Produção: Stephanie Antosca, Kathryn Bigelow, Mark Boal, Megan Ellison. Elenco: Jessica Chastain, Jason Clarke, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Harold Perrineau, Jeremy Strong, Mark Strong, Édgar Ramírez, James Gandolfini, Joel Edgerton, Chris Pratt. Estreia: 19/12/12
5 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz (Jessica Chastain), Roteiro Original, Montagem, Edição de Som
Vencedor do Oscar de Edição de Som
Vencedor do Golden Globe de Melhor Atriz/Drama (Jessica Chastain)
Em 2009 a cineasta Kathryn Bigelow tornou-se a primeira mulher a ganhar
um Oscar de direção por "Guerra ao terror", que lançava um olhar
particular sobre a guerra do Iraque e os soldados americanos. Em seu filme seguinte, "A hora mais escura", a ex-mulher de James Cameron volta a
falar sobre o conflito no Oriente Médio, mas dessa vez com um enfoque
muito mais ambicioso: ao retratar a caçada que levou à morte de Osama
Bin Laden, ela deixa de lado o intimista para se dedicar a um panorama
maior e, portanto, mais sujeito a equívocos. Para sorte do público - e
da crítica - ela deu um passo à frente em sua carreira. Indicado ao
Oscar de Melhor Filme - mas não de melhor direção - seu novo trabalho é
tecnicamente empolgante e, apesar de seu roteiro um tanto complexo para
quem não é entendido nos conflitos descritos e das polêmicas que sempre acompanham produções do tipo, lindamente executado.
Longe de ser o petardo patriota que poderia ser ao tratar de um tema
como esse, "A hora mais escura" ganha pontos por deixar de lado a
condescendência típica dos produtos ufanistas que tanto infestam o
gênero. No roteiro do jornalista Mark Boal os americanos não são os
inocentes heroicos que povoam os filmes de ação de Michael Bay tampouco
os vilões sem alma retratados em filmografias anti-imperialistas. Logo de
cara o público é jogado em uma cena de tortura - método que será
utilizado inúmeras vezes durante a projeção - para que a agente da CIA
Maya (vivida por uma sempre competente Jessica Chastain) e seus colegas
descubram informações a respeito do paradeiro do maior algoz terrorista
já caçado pelos EUA. A partir daí a caçada é mostrada em detalhes,
descrevendo Maya como uma obcecada e dedicada funcionária do governo que
não desiste de jeito nenhum de seus objetivos, nem que isso tenha que
colocá-la em rota de colisão com alguns superiores. E é ela quem
liderará a busca por Bin Laden até o fatídico dia 06 de maio de 2011,
quase dez anos depois da explosão das Torres Gêmeas.
Ao tentar dar a seu filme um aspecto de documentário - cortes abruptos,
ângulos secos e uma edição linear - Bigelow se distancia do thriller
político e dá uma cara nova a uma história que, apesar de ter estampado
as manchetes de jornais do mundo inteiro, ainda não havia sido contada
de maneira definitiva. Fotografado com extrema competência, "A hora mais
escura" peca, no entanto, em não apresentar um ritmo mais ágil, o que
acaba cansando a audiência antes de seu extraordinário clímax, que
descreve detalhadamente o cerco ao terrorista e seu assassinato.
Realizada com luz natural e câmera na mão, a sequência dura 25 minutos
que valem o filme inteiro, deixando o público inserido de tal maneira na
ação que é difícil não se deixar conquistar inteiramente.
Amplamente elogiado e premiado, "A hora mais escura" é a prova da
inteligência e do talento de sua realizadora, uma cineasta engajada e
politicamente ativa que sabe como poucas equilibrar técnica com arte - e
a atuação de Jessica Chastain comprova a teoria. Não é um filme
excepcional como vem sendo festejado, mas é relevante e potente. Bom
programa para quem gosta de cinema sério.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
domingo
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