2 indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Mira Sorvino), Roteiro Original
Vencedor do Oscar de Atriz Coadjuvante (Mira Sorvino)
Vencedor do Golden Globe de Atriz Coadjuvante (Mira Sorvino)
Por mais paradoxal que seja essa afirmação, o escândalo envolvendo o nome de Woody Allen no início dos anos 90 - quando trocou a parceira amorosa e profissional Mia Farrow pela adolescente Sun-Yi Previn, filha adotiva dela - fez dele um cineasta mais leve. Filmes como "Misterioso assassinato em Manhattan" e "Tiros na Broadway" devolveram ao público o diretor bem-humorado de obras-primas como "Noivo neurótico, noiva nervosa" e "Zelig", em contraponto ao baixo-astral e pessimismo de "Crimes e pecados" e "Setembro", que por melhores que sejam, deixavam um gosto agridoce ao final da sessão. Essa fase 'de bem com a vida' de Allen encontra em "Poderosa Afrodite" seu auge. Otimista e alegre - sem nunca perder, no entanto, o olhar irônico do cineasta - o filme deu a Mira Sorvino o Oscar de atriz coadjuvante e agradou gregos e troianos. E sem trocadilho, é justamente um coro de tragédia grega que comenta e narra a curiosa história de Lenny Weintraub e sua busca pela mãe biológica de seu filho adotivo.
O próprio Allen interpreta o protagonista, depois de uma pausa em que foi substituído por John Cusack em "Tiros na Broadway". Lenny Weintraub é um comentarista esportivo que vive um casamento estável e amoroso com a marchand Amanda (Helena Bonham-Carter). Sua família se completa quando eles adotam Max, que, na infância, demonstra uma inteligência ímpar. Curioso a respeito das origens do filho, Lenny chega até sua mãe verdadeira, a bela Linda Ash (Mira Sorvino), uma ex-atriz de filmes pornô que ganha a vida como prostituta. Apesar de sexy e atraente, Linda é bastante limitada intelectualmente, o que não impede que uma atração surja entre ela e Lenny, que passa por uma crise em seu relacionamento. Para não cair na tentação, o jornalista resolve então bancar o cupido e arrumar um marido para Linda e tirá-la da vida fácil. O escolhido é o boxeador Kevin (Michael Rapaport), também pouco dotado de inteligência.
Assim como acontece nos melhores filmes do cineasta, "Poderosa Afrodite" é uma crítica ácida e sarcástica sobre as relações humanas. Sem a sofisticação de "Hannah e suas irmãs", por exemplo, é uma comédia que pode ser considerada romântica, ainda que esteja a anos luz de todas as características que regem o gênero. Pra começo de conversa, o romance entre Lenny e Linda não pode jamais ser chamado de uma história de amor, ao menos no sentido convencional do termo. O que acontece entre os dois é um belo golpe do destino - tema recorrente da obra do diretor - narrado por um genial coro de tragédia grega (o oráculo, por sua vez, assume a forma de um mendigo cego vivido por Jack Warden). Como acontece frequentemente nos filmes de Allen, um ciclo é fechado quando os créditos finais iniciam - e aqui isso acontece deliciosamente com a canção "When you smile". No mínimo, otimista!
E mais uma vez Woody Allen cercou-se de atores geniais. Helena-Bonham Carter sai do século XIX - cenário da vasta maioria de sua filmografia - para encarnar uma Amanda moderna, ciosa dos deveres de mãe, mas preocupada com os rumos de sua carreira e casamento (principalmente quando se envolve com outro homem, vivido pelo Robocop em pessoa, Peter Weller). Michael Rapaport é encantador como Kevin, alternando uma ingenuidade ululante com uma masculinidade latente. E Mira Sorvino rouba todas as cenas em que aparece com a genial construção de sua Linda Ash. Aproveitando cada hilária linha de diálogo oferecida por Allen, a filha do ator Paul Sorvino - que foi mais uma vítima da temível "síndrome do Oscar" - deita e rola com uma personagem que lhe cabe como uma luva. A voz estridente, o jeito de andar e até o visual de Linda foram ideias da atriz, acatadas com entusiasmo por Allen, que, assim, reafirma seu status de grande diretor de coadjuvantes.
"Poderosa Afrodite" é um dos filmes mais alto-astral da carreira de Woody Allen, e isso fica patente no humor que escorre de cada cena, de cada personagem, de cada situação. Allen estava feliz e fez sua plateia sorrir alegremente. Como diz a canção dos créditos finais, "quando você sorri, o mundo todo sorri com você...."
3 comentários:
Woody Allen só me encantou em um filme A Rosa Púrpura do Cairo. O resto de sua obra, não sei o motivo, mas, não me agrada tanto.
Assisti esse filme ano passado e gostei bastante.
Mira Sorvino está demais.
Abraço,
Thomás
http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/
Queria achar esse filme!
Sempre quis vê-lo
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