quarta-feira

ANNA E O REI

ANNA E O REI (Anna and the king, 1999, Fox 2000 Pictures, 148min) Direção: Andy Tennant. Roteiro: Steve Meerson, Peter Krikes, diários de Anna Leonowens. Fotografia: Caleb Deschanel. Montagem: Roger Bondelli. Música: George Fenton, Robert Kraft. Figurino: Jenny Beavan. Direção de arte/cenários: Luciana Arrighi/Ian Whittaker. Produção executiva: Terence Chang. Produção: Lawrence Bender, Ed Elbert. Elenco: Jodie Foster, Chow Yun-Fat, Ling Bai, Tom Felton. Elenco: 15/12/99

2 indicações ao Oscar: Figurino, Direção de Arte/Cenários

Essa história já foi contada antes pelo cinema - e deu o Oscar de melhor ator a Yull Brinner. No entanto, com a proximidade da virada do milênio, a fantasia dos musicais parecia não mais caber e Hollywood achou por bem optar por um viés mais político na refilmagem de "O rei e eu". Talvez por isso, quando se assiste a "Anna e o rei" pouca coisa faz lembrar a colorida extravagância estrelada por Deborah Kerr em 1956. Não que o filme de Andy Tennant seja político no sentido chato do termo, longe disso, mas o roteiro, baseado nos diários da protagonista, não tem medo de utilizar os conflitos sociais do país onde se passa a ação e, se para isso se faz necessário que o romance seja deixado de lado em alguns momentos, não há a menor hesitação. E isso conta muitos pontos no resultado final.

Recentemente viúva de um oficial britânico, a jovem Anna Leonowens (Jodie Foster), que morava na Índia,  aceita a proposta de ser professora dos filhos de Mongkut (Chow Yun-Fat), o rei do Sião, que está interessado em educar sua vasta prole (de cerca de 60 crianças) de acordo com as regras do mundo ocidental. De mala, cuia e filho pequeno à tiracolo, ela chega ao país onde a aguarda o monarca e dá de cara com uma cultura não apenas diferente da qual está acostumada, mas extremamente machista e, a seu ver, retrógrada. Utilizando seus poderes de educadora, ela passa a tentar modificar, ainda que lentamente, o quadro social do país, encantando o rei a ponto de envolvê-lo em um nível maior do que o apenas profissional.



"Anna e o rei" tem inúmeros méritos que fazem dele um belo programa. A reconstituição de época é primorosa (a direção de arte chegou a ser indicada ao Oscar), a fotografia é deslumbrante (em tons agressivos de vermelho que combinam com a profusão de pores-do-sol), a trilha sonora de George Fenton é marcante e o roteiro - apesar de estender-se desnecessariamente em especial em seu terço final - foge dos clichês com maestria, além de incluir elementos sócio-políticos muito bem-vindos. Mas é a dupla central de atores que merece boa parte dos créditos pelo sucesso da empreitada.

Chow Yun-Fat deixa para trás seus truculentos trabalhos com John Woo e cria um rei ao mesmo tempo rígido e sensível (é exemplar a cena em que sofre uma irreparável perda familiar) e Jodie Foster mostra mais uma vez porque é uma das melhores atrizes de sua geração. Inteligente, ela sempre busca a solução menos fácil em suas cenas, o que dá ao ato de assistir ao filme uma sensação de prazer absoluto. Os embates entre Foster e Yun-Fat são o que há de melhor na obra de Tennant, um diretor cujo mais conhecido título até então era o singelo "Para sempre Cinderela", com Drew Barrymore. Juntos em cena, os dois atores deliciam a plateia com um jogo de cena maduro e sensível - e mais ainda, extremamente crível.

Para quem reclama que os romances cinematográficos são cada vez mais rasos e ligeiros não deixa de ser refrescante saber que Hollywood ainda sabe criar grandes espetáculos com conteúdo. E, ao final da sessão de "Anna e o rei" poucos se lembrarão da versão musicada de Walter Lang. E uma simples valsa substituirá tranquilamente uma agitada polca...

2 comentários:

renatocinema disse...

Adoro filmes que retratam romances espetaculares e cinematográficos. Porém, esse ainda não me atraiu o suficiente.

Quem sabe após seu belo texto.

Alan Raspante disse...

Já assisti ao clássico com a Deborah Kerr, mesmo que não seja o meu musical favorito, é um filme gracioso. Interessante, fiquei curioso em ver Jodie em um papel tão "feminino" assim. Vou procurar ver o quanto antes xD

JADE

  JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...