5 indicações ao Oscar: Ator Coadjuvante (Jude Law), Roteiro Adaptado, Trilha Sonora Original, Figurino, Direção de Arte/Cenários
Uma das características dos filmes noir, que fizeram a glória do cinema de suspense dos anos 30 e 40 era a fotografia envolta em brumas, sombras e uma escuridão construída milimetricamente para criar o efeito pretendido. Com o clima montado a história, repleta de reviravoltas e personagens amorais era contada quase como um apêndice ao visual - e em alguns casos a trama era o que menos importava. Subvertendo as regras tanto visuais quanto temáticas do gênero, o diretor Anthony Minghella faz de “O talentoso Ripley” um noir às avessas, com a luz do sol brilhando majestosa em grande parte de sua metragem e uma trama consistente e intrigante cujo desenvolvimento prende o espectador do início ao fim.
Adaptado do livro de Patrícia Highsmith que já havia gerado o clássico francês “O sol por testemunha”, estrelado por Alain Delon, o roteiro de Minghella, em seu primeiro projeto após o multi-oscarizado “O paciente inglês” criou uma personagem inexistente no romance, a milionária Meredith Logue (interpretada com brilhantismo por Cate Blanchett) mas manteve o suspense da história intacto. O protagonista, Tom Ripley (Matt Damon, talvez uma escolha equivocada para o papel central, mas que se sai relativamente bem) é um pobre-coitado que vive de vários empregos e cujo maior talento, como ele mesmo diz, é falsificar documentos, imitar vozes e dar golpes. Confundido com um ex-aluno de Harvard, ele é enviado pelo milionário Greenleaf (James Rehborn) a uma pequena cidade da Itália com o objetivo de convencer seu filho único a voltar para a América. Chegando na Europa, Ripley se apaixona não só pela boa vida dos milionários como também pelo próprio Dickie Greenleaf (Jude Law), um bom-vivant mimado e mulherengo que engana a namorada Marge (Gwyneth Paltrow) descaradamente. Os dois tornam-se amigos, mas a personalidade extrovertida de Dickie e os segredos de Tom acabam por separando-os. Após uma tragédia que vitima Dickie, Tom Ripley assume sua identidade e passa a levar a vida que sempre sonhou. No entanto, o pai de Dickie manda um detetive à procura do filho, que está sendo acusado de um assassinato cometido pelo próprio Ripley.
A trama intrincada montada por Highsmith em seu romance encontra eco no roteiro inteligente de Minghella, que tranqüilamente consegue escapar do previsível, entregando a seu público um produto superior a seu filme mais famoso e premiado. A fotografia ensolarada de John Seale contrasta com a escuridão da vida de Ripley, cuja alma fragmentada não consegue encontrar uma luz. A trilha sonora, que respira jazz de categoria e a reconstituição de época competente completam um dos filmes mais elegantes do ano, que além de tudo revela o talento de Jude Law, com meros 28 anos e roubando descaradamente as cenas em que aparece.
Na pele de Dickie Greenleaf, o britânico Law consegue eclipsar todos à sua volta, com uma atuação sedutora que envolve não apenas as personagens do filme mas também a audiência. Sua presença luminosa é tão forte que quando ele sai de cena, depois da primeira hora de projeção, a impressão que se tem é que o filme perde sua energia. Felizmente o roteiro rocambolesco de Minghella e o elenco não permitem que "O talentoso Ripley" caia na vala comum dos filmes de suspense que privilegiam o sangue em detrimento da inteligência. Além do mais, é um raro caso de adaptação cinematográfica que não ofende os fãs do livro e nem tampouco decepcionam àqueles que buscam um filme realizado com talento e classe.
Os fãs de "O sol por testemunha" estrilaram, mas "O talentoso Ripley" é um filmaço, feito por quem entende do riscado. Infelizmente não foi tão bem recebido quanto "O paciente inglês" - preconceito ao gênero ou à coragem de Minghella em não ocultar o teor homoerótico da história?? - mas merecia melhor sorte no Oscar (ao menos Jude Law poderia tranquilamente ter levado sua estatueta...)
Adaptado do livro de Patrícia Highsmith que já havia gerado o clássico francês “O sol por testemunha”, estrelado por Alain Delon, o roteiro de Minghella, em seu primeiro projeto após o multi-oscarizado “O paciente inglês” criou uma personagem inexistente no romance, a milionária Meredith Logue (interpretada com brilhantismo por Cate Blanchett) mas manteve o suspense da história intacto. O protagonista, Tom Ripley (Matt Damon, talvez uma escolha equivocada para o papel central, mas que se sai relativamente bem) é um pobre-coitado que vive de vários empregos e cujo maior talento, como ele mesmo diz, é falsificar documentos, imitar vozes e dar golpes. Confundido com um ex-aluno de Harvard, ele é enviado pelo milionário Greenleaf (James Rehborn) a uma pequena cidade da Itália com o objetivo de convencer seu filho único a voltar para a América. Chegando na Europa, Ripley se apaixona não só pela boa vida dos milionários como também pelo próprio Dickie Greenleaf (Jude Law), um bom-vivant mimado e mulherengo que engana a namorada Marge (Gwyneth Paltrow) descaradamente. Os dois tornam-se amigos, mas a personalidade extrovertida de Dickie e os segredos de Tom acabam por separando-os. Após uma tragédia que vitima Dickie, Tom Ripley assume sua identidade e passa a levar a vida que sempre sonhou. No entanto, o pai de Dickie manda um detetive à procura do filho, que está sendo acusado de um assassinato cometido pelo próprio Ripley.
A trama intrincada montada por Highsmith em seu romance encontra eco no roteiro inteligente de Minghella, que tranqüilamente consegue escapar do previsível, entregando a seu público um produto superior a seu filme mais famoso e premiado. A fotografia ensolarada de John Seale contrasta com a escuridão da vida de Ripley, cuja alma fragmentada não consegue encontrar uma luz. A trilha sonora, que respira jazz de categoria e a reconstituição de época competente completam um dos filmes mais elegantes do ano, que além de tudo revela o talento de Jude Law, com meros 28 anos e roubando descaradamente as cenas em que aparece.
Na pele de Dickie Greenleaf, o britânico Law consegue eclipsar todos à sua volta, com uma atuação sedutora que envolve não apenas as personagens do filme mas também a audiência. Sua presença luminosa é tão forte que quando ele sai de cena, depois da primeira hora de projeção, a impressão que se tem é que o filme perde sua energia. Felizmente o roteiro rocambolesco de Minghella e o elenco não permitem que "O talentoso Ripley" caia na vala comum dos filmes de suspense que privilegiam o sangue em detrimento da inteligência. Além do mais, é um raro caso de adaptação cinematográfica que não ofende os fãs do livro e nem tampouco decepcionam àqueles que buscam um filme realizado com talento e classe.
Os fãs de "O sol por testemunha" estrilaram, mas "O talentoso Ripley" é um filmaço, feito por quem entende do riscado. Infelizmente não foi tão bem recebido quanto "O paciente inglês" - preconceito ao gênero ou à coragem de Minghella em não ocultar o teor homoerótico da história?? - mas merecia melhor sorte no Oscar (ao menos Jude Law poderia tranquilamente ter levado sua estatueta...)
4 comentários:
Sém duvidas o melhor filme de Anthony minghella, uma excelente adaptação com um elenco soberbo.
Adoro o filme e a direção de Anthony Minghella é divina.
Grande filme.
Gosto das duas versões, fica difícil escolher qual a melhor.
Alain Delon está perfeito como o golpista no original e nesta versão Matt Damon também acerta na composição do personagem.
Abraço
Ótimo filme. Grande atuação de Matt Damon.
Abraço,
Thomás
http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/
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