quinta-feira

QUERO SER JOHN MALKOVICH


QUERO SER JOHN MALKOVICH (Being John Malkovich, 1999, Gramercy Pictures, 112min) Direção: Spike Jonze. Roteiro: Charlie Kaufman. Fotografia: Lance Acord. Montagem: Eric Zumbrunnen. Música: Carter Burwell. Figurino: Casey Storm. Direção de arte/cenários: K.K. Barrett/Gene Serdena. Produção executiva: Charlie Kaufman, Michael Kuhn. Produção: Steve Golin, Vincent Landay, Sandy Stern, Michael Stipe. Elenco: John Cusack, Catherine Keener, Cameron Diaz, John Malkovich, Mary Kay Place, Charlie Sheen. Estreia: 29/10/99

3 indicações ao Oscar: Diretor (Spike Jonze), Atriz Coadjuvante (Catherine Keener), Roteiro Original


Quando se diz que um filme é bizarro a imagem que normalmente vem à mente é a de alguma cena criada pelo Monthy Phyton - grupo inglês capaz de contar as piadas mais surreais de maneira mais simples. No entanto, depois de apenas alguns minutos de "Quero ser John Malkovich", o conceito de bizarro no cinema atinge um novo patamar. Disparado o dono do roteiro mais tresloucado do final do milênio, o filme do então estreante Spike Jonze (egresso dos videoclipes e visto como ator em "Três reis") passa longe do trivial e, se assusta uma parcela do público ao negar-se a concessões comerciais, imediatamente marca seu lugar como uma das mais alvissareiras estreias do cinema americano de todos os tempos.

John Cusack, desgrenhado e fugindo como o diabo da cruz de um visual de galã vive Craig Schwartz, um rapaz desempregado que tenta ganhar a vida com seus impressionantes shows de marionetes. Casado com Dotty (uma Cameron Diaz irreconhecível), uma amante incondicional de animais, ele vive uma vida sem graça até que encontra trabalho como arquivista em uma empresa localizada no 7 ½ andar (!!) de um prédio comercial. Encantado com Maxine (Catherine Keener), uma colega de trabalho, ele tem sua existência transformada ao descobrir, sem querer, um portal que dá diretamente no cérebro do ator John Malkovich. Unindo-se à ambiciosa Maxine, ele começa a cobrar 200 dólares por pessoa que queira passar 15 minutos dentro da mente do ator – e depois ser jogado à beira de uma rodovia em Nova Jérsei. As coisas se complicam para ele quando sua mulher também entra no cérebro de Malkovich, descobre que sempre quis ser um homem – e se apaixona por Maxine.


Não há nenhuma linha do roteiro delirante de Charlie Kaufman que seja convencional, banal ou previsível. Desde os diálogos surreais - o documentário sobre a criação do 7 1/2º andar beira a perfeição de um pesadelo - até os cenários inacreditáveis, tudo no filme de Jonze clama por atenção. Até mesmo a participação do próprio John Malkovich em cenas pretensamente constrangedoras mostram que se está diante de um diretor e de um roteirista sem medo de embarcar em uma jornada sem precedentes em termos de humor. A coragem do elenco também é notável - em especial uma horrenda Cameron Diaz - e a participação especial de nomes como Sean Penn e David Fincher apenas reitera o nível de qualidade de um filme que jamais busca a risada fácil.

"Quero ser John Malkovich" é um dos filmes essenciais do final da década de 90, por sua criatividade, sua inteligência e por oferecer à plateia muito mais do que comédias simples oferecem a cada lançamento. Pode não agradar a todo mundo, mas ninguém pode acusá-lo de ser comum.

Um comentário:

Anônimo disse...

É um filme relativamente louco, muito muito bem dirigido.

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