Indicado ao Oscar de Efeitos Sonoros
Poucas vezes um filme consegue ser tão fiel à sua origem literária quanto “Clube da luta”, um petardo estilístico dirigido pelo genial David Fincher baseado no livro do ex-mecânico Chuck Palahniuk que deixou meio mundo de queixo caído com suas idéias radicais contra a propriedade, a sociedade e o governo e por essa mesma razão fracassou vergonhosamente nas bilheterias americanas, apesar do apelo do nome Brad Pitt nos cartazes. A vergonha, no caso, não é de Fincher, que forjou uma pequena obra-prima do inconformismo. A vergonha é do público, que mostrou-se medíocre a ponto de deixar passar um dos filmes mais inteligentes dos anos 90, tanto em conteúdo quanto em visual. O filme só não passou totalmente em branco porque acabou sendo acusado de incitar a violência – o que também foi dito de “Laranja mecânica”, no início dos anos 70, diga-se de passagem -, no que não foi ajudado com o fato de que várias pessoas foram assassinadas em um cinema que apresentava o filme. Coincidência ou não, a trágica notícia eclipsou as inúmeras qualidades da obra, de longe um dos melhores trabalhos tanto de Fincher quanto de Brad Pitt.
Na verdade a história é sobre um jovem executivo (vivido com a habitual competência por Edward Norton) que, em crises cada vez mais assustadoras de insônia encontra a solução frequentando sessões de ajuda para doentes (câncer, enfisema e afins). Na mesma época em que conhece outra fraude nas sessões a intrigante Marla Singer (dando um adeus vitorioso aos filmes de época pelos quais ficou conhecida) ele perde seu apartamento, repleto de objetos caros e vai morar com Tyler Durden (um Brad Pitt hilário, sexy e notadamente divertindo-se a cada cena), um misterioso vendedor de sabonetes caseiros que o ensina a não dar valor a coisas materiais. Sua amizade com Durden evolui a ponto de eles juntos criarem o “Clube da Luta”, onde um grupo de homens se reune para brigar entre si. No momento em que o clube toma proporções gigantescas, o rapaz começa a perceber que os planos de Tyler Durden não resumem-se à auto-destruição e podem levar a uma catástrofe econômica e social.
Nada é o que parece em “Clube da luta”. Não é apenas sobre um grupo de homens se espancando mutuamente – pelo menos não é somente sobre isso. Não é a respeito de um homem buscando sua própria identidade – isso é apenas o começo da história. E não fala do amor entre dois seres desajustados, ainda que seja o amor por Marla que balança as estruturas do protagonista. “Clube da luta” é um happening cinematográfico. É um ataque verbal, visual e estilístico contra o establishment – seja ele econômico, cultural ou social. O roteiro de Jim Ulhs, que traduz com precisão cirúrgica a prosa caótica de Palahniuk, não deixa pedra sobre pedra em seu discurso contra a mídia, o governo e Deus. A anarquia controlada de Fincher, que encontra estofo na fotografia de Jeff Cronenweth e na edição espirituosa e criativa de James Haygood, conta ainda com o trabalho mais inspirado da carreira de Brad Pitt, que constrói um Tyler Durden impecável em sua canalhice e falta de respeito com toda e qualquer instituição. Seus diálogos são tão cáusticos, cruéis e por isso mesmo realistas que fica difícil não acreditar neles.
Pode-se dizer, sim, que "Clube da luta" é um filme perigoso. É um filme que faz pensar, que questiona, que choca com sua violência verdadeira. Conectá-lo à crueldade humana é simplificá-lo de maneira burra. Mas um fato é inquestionável: quando as caixas de som começam a tocar Pixies, no final da exibição da história contada por Palanhiuk, Fincher & cia, o público não é o mesmo que era no início da sessão. Ele acaba de testemunhar o cinema em seu melhor.
Na verdade a história é sobre um jovem executivo (vivido com a habitual competência por Edward Norton) que, em crises cada vez mais assustadoras de insônia encontra a solução frequentando sessões de ajuda para doentes (câncer, enfisema e afins). Na mesma época em que conhece outra fraude nas sessões a intrigante Marla Singer (dando um adeus vitorioso aos filmes de época pelos quais ficou conhecida) ele perde seu apartamento, repleto de objetos caros e vai morar com Tyler Durden (um Brad Pitt hilário, sexy e notadamente divertindo-se a cada cena), um misterioso vendedor de sabonetes caseiros que o ensina a não dar valor a coisas materiais. Sua amizade com Durden evolui a ponto de eles juntos criarem o “Clube da Luta”, onde um grupo de homens se reune para brigar entre si. No momento em que o clube toma proporções gigantescas, o rapaz começa a perceber que os planos de Tyler Durden não resumem-se à auto-destruição e podem levar a uma catástrofe econômica e social.
Nada é o que parece em “Clube da luta”. Não é apenas sobre um grupo de homens se espancando mutuamente – pelo menos não é somente sobre isso. Não é a respeito de um homem buscando sua própria identidade – isso é apenas o começo da história. E não fala do amor entre dois seres desajustados, ainda que seja o amor por Marla que balança as estruturas do protagonista. “Clube da luta” é um happening cinematográfico. É um ataque verbal, visual e estilístico contra o establishment – seja ele econômico, cultural ou social. O roteiro de Jim Ulhs, que traduz com precisão cirúrgica a prosa caótica de Palahniuk, não deixa pedra sobre pedra em seu discurso contra a mídia, o governo e Deus. A anarquia controlada de Fincher, que encontra estofo na fotografia de Jeff Cronenweth e na edição espirituosa e criativa de James Haygood, conta ainda com o trabalho mais inspirado da carreira de Brad Pitt, que constrói um Tyler Durden impecável em sua canalhice e falta de respeito com toda e qualquer instituição. Seus diálogos são tão cáusticos, cruéis e por isso mesmo realistas que fica difícil não acreditar neles.
Pode-se dizer, sim, que "Clube da luta" é um filme perigoso. É um filme que faz pensar, que questiona, que choca com sua violência verdadeira. Conectá-lo à crueldade humana é simplificá-lo de maneira burra. Mas um fato é inquestionável: quando as caixas de som começam a tocar Pixies, no final da exibição da história contada por Palanhiuk, Fincher & cia, o público não é o mesmo que era no início da sessão. Ele acaba de testemunhar o cinema em seu melhor.
4 comentários:
Belo texto! Revela perfeitamente a grandeza do filme "Clube da Luta". Escrever sobre este filme é um verdadeiro desafio.
Você disse tudo no final: "filme perigoso. Um filme que faz pensar, que questiona."
Adoro esse filme. O melhor de Fincher em minha opinião.
Um dos meus filmes prediletos. Virei fã de Edward Norton com esse filme e percebi a competência de Brad como ator. Agora, o que é aquele final? Um dos melhores do cinema!!
[]s
Uma senhora obra-prima de David Fincher com atuações sensacionais de Brad Pitt e Edward Norton.
Abraço,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com/
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