3 indicações ao Oscar: Fotografia, Figurino, Direção de Arte/Cenários
Vencedor do Oscar de Direção de Arte/Cenários
Um conto gótico de terror, estrelado por um detetive exótico, coadjuvado por bruxas e que contata com um vilão sem cabeça só poderia mesmo ser contado por Tim Burton. Em “A lenda do cavaleiro sem cabeça”, o cineasta buscou em uma história clássica americana a inspiração para mais um trabalho autoral, visualmente arrebatador. Dessa vez, porém, ele não conseguiu atingir a força de suas duas obras-primas “Edward Mãos de Tesoura” (1990) e “Ed Wood” (1994), sintomaticamente estreladas pelo mesmo Johnny Depp que aqui completa sua terceira colaboração com Burton.
Dessa vez Depp não interpreta um ser com tesouras no lugar das mãos nem mesmo um cineasta sem talento mas apaixonado por sua arte. Na história escrita no século XIX por Irving Washington e roteirizada por Andrew Kevin Walker (autor de “Seven”) ele vive Ichabod Crane, um detetive de métodos exóticos e passado traumático que é enviado de Nova York para uma cidadezinha do interior chamada Sleepy Hollow para investigar uma série de violentos crimes, onde as vítimas são decapitadas. Chegando no local, Crane logo fica sabendo que todos no vilarejo sabem que o culpado pelas mortes é um temido Cavaleiro Sem Cabeça, que quer vingar seu trágico fim. Sua investigação, no entanto, o leva a crer que os poderosos da cidade sabem bem mais do que revelam e ele então passa a correr sério risco de vida, enquanto se encanta com a doce Katrina (Christina Ricci), que também parece esconder segredos.
O visual de “A lenda do cavaleiro sem cabeça” é espetacular. Não há um ângulo sequer fotografado por Emmanuel Lubezki que não pareça uma pintura. A direção de arte (premiada com o Oscar da categoria) é impecável e algumas cenas são sublimes, apesar da violência. Apesar de tudo, falta ao filme um coração. Talvez por não ser uma história própria, onde poderia aproveitar sua criatividade a toda prova, Burton parece tímido, com medo de envolver-se emocionalmente na trama contada, o que fez muita diferença em seus trabalhos anteriores com Depp, aqui mais uma vez em sua persona cool, ainda que com os mesmos maneirismos de sempre e a eterna mania de parecer diferente e acrescentar um humor duvidoso à sua atuação, o que dilui consideravelmente a tensão da história.
Aliás, a opção de Burton em fugir da seriedade é que de certa forma estraga o prazer que se poderia tirar de "A lenda do cavaleiro sem cabeça". Se tivesse escolhido seguir um caminho mais dark, certamente o diretor faria jus à beleza plástica de sua obra, dando um toque de classe e sobriedade a um gênero que anda sempre perigosamente na corda bamba entre o grotesco e o patético. Nem mesmo a resolução do caso - quando os culpados são finalmente revelados e punidos - empolga dramaticamente, apesar de contar com um elenco de peso, onde destacam-se Miranda Richardson, Jeffrey Jones e um assustador Christopher Walken, que nem precisa falar para impressionar. A impressão que fica ao final da sessão é que algo muito importante ficou faltando. Não resta a menor dúvida de que Tim Burton é um cineasta de enorme talento e energia, mas “A lenda do cavaleiro sem cabeça” tem visual de mais pra história de menos.
Dessa vez Depp não interpreta um ser com tesouras no lugar das mãos nem mesmo um cineasta sem talento mas apaixonado por sua arte. Na história escrita no século XIX por Irving Washington e roteirizada por Andrew Kevin Walker (autor de “Seven”) ele vive Ichabod Crane, um detetive de métodos exóticos e passado traumático que é enviado de Nova York para uma cidadezinha do interior chamada Sleepy Hollow para investigar uma série de violentos crimes, onde as vítimas são decapitadas. Chegando no local, Crane logo fica sabendo que todos no vilarejo sabem que o culpado pelas mortes é um temido Cavaleiro Sem Cabeça, que quer vingar seu trágico fim. Sua investigação, no entanto, o leva a crer que os poderosos da cidade sabem bem mais do que revelam e ele então passa a correr sério risco de vida, enquanto se encanta com a doce Katrina (Christina Ricci), que também parece esconder segredos.
O visual de “A lenda do cavaleiro sem cabeça” é espetacular. Não há um ângulo sequer fotografado por Emmanuel Lubezki que não pareça uma pintura. A direção de arte (premiada com o Oscar da categoria) é impecável e algumas cenas são sublimes, apesar da violência. Apesar de tudo, falta ao filme um coração. Talvez por não ser uma história própria, onde poderia aproveitar sua criatividade a toda prova, Burton parece tímido, com medo de envolver-se emocionalmente na trama contada, o que fez muita diferença em seus trabalhos anteriores com Depp, aqui mais uma vez em sua persona cool, ainda que com os mesmos maneirismos de sempre e a eterna mania de parecer diferente e acrescentar um humor duvidoso à sua atuação, o que dilui consideravelmente a tensão da história.
Aliás, a opção de Burton em fugir da seriedade é que de certa forma estraga o prazer que se poderia tirar de "A lenda do cavaleiro sem cabeça". Se tivesse escolhido seguir um caminho mais dark, certamente o diretor faria jus à beleza plástica de sua obra, dando um toque de classe e sobriedade a um gênero que anda sempre perigosamente na corda bamba entre o grotesco e o patético. Nem mesmo a resolução do caso - quando os culpados são finalmente revelados e punidos - empolga dramaticamente, apesar de contar com um elenco de peso, onde destacam-se Miranda Richardson, Jeffrey Jones e um assustador Christopher Walken, que nem precisa falar para impressionar. A impressão que fica ao final da sessão é que algo muito importante ficou faltando. Não resta a menor dúvida de que Tim Burton é um cineasta de enorme talento e energia, mas “A lenda do cavaleiro sem cabeça” tem visual de mais pra história de menos.
3 comentários:
Acho péssimo, péssimo esse filme - um dos piores dos muitos ruins do Tim Burton.
Discordo do meu amigo Cleber. Gosto da loucura da produção.
Não é o melhor trabalho dessa ótima parceria.
Mas, entendo que a insanidade de Burton, com a loucura da história e a atuação de Depp dão um belo resultado final ao filme.
Gosto dele, mas pelo visual mesmo e a atuação de Depp que é fantástica. Mas, concordo contigo, de alguma forma acho que o filme poderia ter sido mais dark e mais ousado também.
Mas, meus prediletos de Burton são dois: "Peixe Grande" e "Sweeney Todd"
Abraço!
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