Indicado ao Oscar de Atriz Coadjuvante (Holly Hunter)
Ao contrário de “Kids”, de Larry Clark, que em 1994 mostrou-se mais marketing do que cinema, este “Aos treze” é um chocante retrato da adolescência média não só americana, mas ocidental. Sem perder tempo com julgamentos morais, a câmera da diretora Catherine Hardwicke - que depois perderia o respeito assinando o primeiro filme da série "Crepúsculo" - percorre a trilha de suas protagonistas como uma testemunha muda, vacilante e talvez até chocada, para o que contribui a inspirada fotografia de Elliot Davis, estourada em certos momentos para dar o clima quase claustrofóbico que se instala em determinados momentos da ação.
Aos treze anos de idade, a sensível Tracey (Evan Rachel-Wood) é um exemplo de dedicação aos estudos e é o orgulho de sua mãe, Melanie (Holly Hunter), uma cabeleireira ex-alcóolatra que vive um romance com um rapaz mais jovem (Jeremy Sisto) com problemas com drogas. Sentindo-se rejeitada pelas colegas mais descoladas, Tracey faz amizade com Evie (Nikki Reed), a garota mais popular da escola. Acontece que Evie não é nenhuma flor que se cheire. Sexy e independente, ela consome e vende drogas, usa o sexo como argumento em todas as ocasiões possíveis, bebe e não é exatamente um exemplo a ser seguido. Mas é ela que Tracey escolhe como modelo de vida, o que a acaba levando para um caminho aparentemente sem volta.
O roteiro do filme, feito a quatro mãos pela diretora e pela atriz Nikki Reed, que interpreta a má companhia Evie, não tenta buscar explicações para o que acontece, não justifica os atos das personagens e nem força um final feliz. Foi escrito com veracidade, força e energia, elementos que transparecem em cada cena. E, se o roteiro é marcante, muito mais são as atuações do elenco. Se Evan Rachel Wood aparece como uma refrescante atriz adolescente a surgir em Hollywood, é a também produtora executiva do filme, Holly Hunter (indicada ao Oscar por sua irrepreensível interpretação) que brilha a cada vez que aparece em cena, demonstrando que seu talento é inversamente proporcional a sua baixa estatura.
Para quem quer assistir a um filme importante mas sem o ranço politicamente correto que assola o cinema americano, “Aos treze” é garantia de 100 minutos de qualidade artística e relevância social. Imperdível.
Um comentário:
Quando vi este filme, era apenas um menino chato e mimado...lembro de ter detestado...agora que entendo um pouquinho mais de cinema rs rs acho que vou ver denovo!
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