CHICAGO (Chicago, 2002, Miramax Films, 113min) Direção: Rob Marshall. Roteiro: Bill Condon, peça teatral de Maurine Dallas Watkins, músicas de Bob Fosse, Fred Ebb. Fotografia: Dion Beebe. Montagem: Martin Walsh. Música: Danny Elfman. Figurino: Colleen Atwood. Direção de arte/cenários: John Myhre/Gord Sim. Produção executiva: Jennifer Berman, Sam Crothers, Julia Goldstein, Neil Meron, Meryl Poster, Bob Weinstein, Harvey Weinstein, Craig Zadan. Produção: Martin Richards. Elenco: Renée Zellweger, Richard Gere, Catherine Zeta-Jones, John C. Reilly, Queen Latifah, Colm Feore, Taye Diggs, Dominic West, Christine Baranski, Lucy Liu. Estreia: 27/12/02
13 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Rob Marshall), Atriz (Renée Zellweger), Ator Coadjuvante (John C. Reilly), Atriz Coadjuvante (Queen Latifah, Catherine Zeta-Jones), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Canção ("I move on"), Figurino, Direção de Arte/Cenários, Som
Vencedor de 6 Oscar: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Montagem, Figurino, Direção de Arte/Cenários, Som
Vencedor de 3 Golden Globes: Melhor Filme Comédia/Musical, Ator Comédia/Musical (Richard Gere), Atriz Comédia/Musical (Renée Zellweger)
Vencedor de 3 Screen Actors Guild Awards: Atriz (Renée Zellweger), Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Melhor Elenco
O "Chicago" que todo mundo conhece e admira, vencedor de 6 Oscar e o maior sucesso de bilheteria da história da Miramax poderia ter sido bem diferente. Alvo do interesse dos estúdios hollywoodianos desde sua estreia nos palcos da Broadway em 1975, o musical - que chegou aos cinemas dirigido com energia e criatividade por Rob Marshall, cujo currículo tinha de marcante somente uma versão para a TV do chatinho "Annie" - demorou quase três décadas para fazer a transição dos palcos para as telas, e entre as intenções e a realização muita coisa mudou. Entre Bob Fosse (que dirigiu e coreografou a versão teatral da trama em sua estreia) e Marshall (que efetivamente comandou o espetáculo de 2002) até mesmo Nicholas Hytner esteve interessado em dirigir e na lista de atores que estiveram envolvidos com o projeto, em um momento ou outro da produção, estão nomes como Madonna, Goldie Hawn, Kathy Bates, Nicole Kidman, Charlize Theron, Cameron Diaz, Whoopi Goldberg, Hugh Jackman, Frank Sinatra, Liza Minnelli, Toni Collette, Marisa Tomei, Gwyneth Paltrow, Winona Ryder e até (ufa!) Britney Spears. Como às vezes o tempo é uma bênção, é impossível não se deixar conquistar pelo elenco que finalmente assumiu os papéis criados por Maurine Dallas Watkins e adaptados pelo ótimo Bill Condon.
A trama de "Chicago" se passa nos anos 20, quando o teatro de vaudeville estava em seu auge. Ser uma estrela dos palcos é o sonho maior de Roxie Hart (Renee Zelwegger), que, no entanto, precisa levar uma vida sem sal de dona-de-casa ao lado do marido, o mecânico Amos (John C. Reilly). Quando ela conhece o sedutor Fred Casely (Dominic West) sua sorte parece estar começando a mudar: porém, ao contrário das promessas que o rapaz faz (de que vai apresentá-la às pessoas certas no show business) ele quer apenas levá-la pra cama. Quando ela descobre isso, não vê outra alternativa senão matá-lo. Na cadeia, ela conhece seu maior ídolo, a atriz Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), que aguarda julgamento pelo assassinato duplo de sua irmã e seu amante. Para escapar da condenação à forca, Roxie contrata (com o financiamento do pobre marido) o famoso e competente Billy Flynn (Richard Gere), que também defende Velma. As duas passam, então, a disputar a atenção do advogado e as manchetes dos jornais.
Talvez a maior qualidade de "Chicago" seja mesmo seu roteiro: Bill Condon (que dirigiu o sensacional "Deuses e monstros", de 1998) consegue o feito raro de manter o tom irônico de suas primeiras cenas até os créditos de encerramento, sempre entregando à plateia diálogos inteligentes e sarcásticos, seja em falas ou canções, todas elas absolutamente bem encaixadas na história, por si só interessante o bastante. A química entre as duas protagonistas (ambas indicadas ao Oscar, mas apenas Zeta-Jones premiada, de forma um tanto estranha, como coadjuvante) é extraordinária e é perceptível sua entrega ao trabalho. Todos os belos números musicais são dirigidos com extrema competência por Marshall e belissimamente fotografados por Dion Beebe, que dá uma atmosfera de sonho a todos eles. A ideia genial do cineasta - e que deu rumo à adaptação para o cinema - foi fazer com que todos os números sejam originários da imaginação fértil de Roxie, que, assim vê a carcereira Mamma Morton (Queen Latifah, ótima) como uma sofisticada crooner e a execução de uma companheira de prisão como uma apresentação de mágica. É particularmente feliz a ideia de Marshall conduzir a entrevista coletiva de Roxie e Billy como se ela fosse um títere (e a execução da cena é, no mínimo, antológica).
Beneficiando-se do sucesso de "Moulin Rouge" - cujos elogios e popularidade abriu as portas para que novos musicais pudessem ser produzidos pela terra do cinema - "Chicago" conquista principalmente por não ousar demais como o filme de Baz Luhrmann. É um filme claramente moderno, mas com uma linguagem tradicional, que peca apenas por não surpreender em termos estilísticos. Rob Marshall segue à risca a cartilha de Bob Fosse, com coreografias excepcionais e um apurado visual, brincando muito mais com as pequenas ironias que cercam suas personagens do que com o gênero em si, como fez o filme estrelado por Nicole Kidman e Ewan McGregor. Proporciona brilhantes momentos-solos a seus atores (John C. Reilly deita e rola com "Mr.Cellophane" mas Richard Gere mostra sua fragilidade artística com "Razzle Dazzle") e revela em Marshall um cineasta atento aos detalhes e às sutilezas de um projeto tão ambicioso. E além de tudo - e o que é ainda melhor - diverte sem tratar a audiência como débil mental.
Muita gente torceu o nariz para o generoso número de Oscar para "Chicago" - em especial os fãs de seus rivais na briga pela estatueta "As horas" e "Gangues de Nova York". Mas é inegável que é um trabalho de primeira grandeza, realizado com um talento incomum e que remete aos bons tempos de uma Hollywood glamourosa e que tinha no entretenimento sua principal preocupação.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sexta-feira
CHICAGO
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3 comentários:
Acho que essa foi uma das raras vezes que o Oscar foi justo e premiou quem merecia. Realmente o roteiro de Chicago é espetacular, assim como o filme em seu conjunto.
me surpreendi com o filme. muito interessante mesmo.
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