O JUIZ (The judge, 2014, Warner Bros/Team Downey, 141min) Direção: David Dobkin. Roteiro: Nick Schenck, Bill Dubuque, estória de David Dobkin, Nick Schenck. Fotografia: Janusz Kaminski. Montagem: Mark Livolsi. Música: Thomas Newman. Figurino: Marlene Stewart. Direção de arte/cenários: Mark Ricker/Rena DeAngelo. Produção executiva: Bruce Berman, Robert Downey Jr., Herb Gains, Jeff Kleeman. Produção: David Dobkin, Susan Downey, David Gambino. Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Billy Bob Thornton, Vera Farmiga, Vincent D'Onofrio, Jeremy Strong, Balthazar Getty, David Krumholtz, Grace Zabriskie, Denis O'Hare. Estreia: 04/9/14 (Festival de Toronto)
Indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante (Robert Duvall)
Para marcar a estreia de sua produtora em sociedade com a esposa, Susan,
o ator Robert Downey Jr. deixou de lado os heróicos personagens que
vinham marcando sua carreira nos últimos anos - Sherlock Holmes e Homem
de Ferro - para viver um homem comum, rodeado de problemas pessoais e
que se vê, inesperadamente, diante de circunstâncias que não apenas o
desafiam no lado profissional mas principalmente o obrigam a lidar com
fatos familiares de um passado pouco agradável. Primeiro filme dramático
do cineasta David Dobkin - que tem no currículo as comédias "Penetras
bons de bico" e "Eu queria ter a sua vida" - e um filme de tribunal com
todos os ingredientes necessários para conquistar a atenção do público,
"O juiz" estreou sem muito alarde nos EUA, mas recobrou o fôlego com a
indicação de Robert Duvall ao Oscar de coadjuvante. Mesmo que o veterano
ator tenha tido poucas chances de faturar sua segunda estatueta - a primeira
veio em 1983 por "A força do carinho" - seu desempenho como Joseph
Palmer, o rígido juiz de uma pequena cidade do interior que é acusado de
assassinato e passa a ser defendido pelo filho com quem mantém uma
relação de estranhamento, é o maior destaque de um filme correto, mas
que sofre de uma narrativa simples e esquemática ao extremo.
Downey Jr., bom ator como sempre, vive Hank Palmer, um bem-sucedido
advogado de Chicago, nem sempre afeito às regras éticas que deveriam
reger sua profissão. No meio de um caso importante, ele recebe a notícia
da morte de sua mãe, a quem não vê há anos, e viaja para acompanhar seu
funeral. Passando por um complicado caso de divórcio, Hank não tem a
menor intenção de ficar com sua família, mas vê seus planos mudarem
radicalmente quando seu pai - respeitado e, sem que ninguém saiba,
morrendo de câncer - é acusado de matar um homem a quem havia condenado
no passado. Mesmo contra a vontade do veterano jurista, com quem tem uma
relação complicada que remete à sua juventude rebelde, ele assume sua
defesa, o que acaba por forçá-los a uma nova etapa de seu
relacionamento.
Equilibrando - nem sempre com muito sucesso - o drama familiar com a
trama policial que envolve o julgamento, "O juiz" peca em muitos
momentos por desviar o foco da história com tramas paralelas pouco
interessantes, como aquela que envolve Hank com uma namorada de
adolescência, Samantha (Vera Farmiga). Esses desvios da rota central não
apenas tornam o filme mais longo do que o necessário - quase duas horas
e meia de projeção - como enfraquecem o que a obra tem de mais forte
(ainda que um tanto clichê): o relacionamento entre pai e filho,
afastados pelos temperamentos arredios e reunidos pela paixão pela lei e
pelo direito. Robert Duvall dá mais um show como o independente e por
vezes seco Joseph Palmer, um homem forte que, por forças das
circunstâncias acaba dependendo justamente do filho com quem tem mais
arestas a aparar, e Downey Jr. comprova o que todo mundo sempre soube: é
um ator que sai-se bem tanto em blockbusters descerebrados quanto em
dramas que exigem mais do que simplesmente efeitos visuais.
Um filme capaz de agradar a todos os tipos de público, "O juiz" não
ofende a inteligência de ninguém e pode até emocionar aos mais
sensíveis. Quando foca na relação familiar, apresenta um show de atuações, mas quando parte para o filme de tribunal não apresenta maiores novidades. No fim das contas, não é um grande filme, mas é um digno representante do
gênero.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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