A CULPA É DAS ESTRELAS (The fault in our stars, 2014, Fox 2000 Pictures/Temple Hill Entertainment, 126min) Direção: Josh Boone. Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber, romance de John Green. Fotografia: Ben Richardson. Montagem: Robb Sullivan. Música: Mike Mogis, Nathaniel Walcott. Figurino: Mary Claire Hannan. Direção de arte/cenário: Molly Hughes/Melissa Lombardo. Produção executiva: Michele Imperato Stabile, Isaac Klausner. Produção: Marty Bowen, Wyck Godfrey. Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Natt Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe, Sam Trammell, Lote Verbeek. Estreia: 16/5/14 (Festival de Seattle)
Quando um livro direcionado ao público adolescente - jovens adultos, como são chamados nos EUA por motivos mercadológicos - torna-se fenômeno, é natural que surja, entre os leitores mais exigentes, uma onda de rejeição e preconceito, justificados pelo atentado à literatura que foi a saga "Crepúsculo", de Stephenie Meyer (e suas consequentes adaptações para o cinema, tão intragáveis quanto). Porém, como toda regra tem sua exceção, o autor norte-americano John Green mostrou-se uma alternativa saudável e menos ofensiva ao bom-gosto com seu delicado "A culpa é das estrelas", que virou febre no mundo todo e deflagrou uma corrida atrás das outras obras do autor. Como não poderia deixar de acontecer, o cinema não tardou a perceber o potencial da bela história de amor do romance de Green e, com um grande trunfo em mãos - a fantástica atuação de Shailene Woodley no papel central - o filme chegou às telas fazendo o previsível barulho, com uma renda superior a 120 milhões de dólares de arrecadação somente no mercado doméstico e repetindo o êxito mundo afora. A boa notícia? A adaptação mantém o tom leve e romântico de sua origem e é altamente recomendável até mesmo para aqueles que torcem o nariz para o gênero.
A história de "A culpa é das estrelas" é, já em sua sinopse, de uma tristeza ímpar: a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shaile Woodley, a filha mais velha de George Clooney em "Os descendentes") tem 17 anos de idade e sofre, desde os 13, com uma espécie rara de câncer que a obriga a carregar um tanque de oxigênio para onde quer que ela vá. Em um grupo de apoio que passa a frequentar - de má-vontade - por pressão de sua mãe (Laura Dern), ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), sobrevivente de um tumor maligno que lhe amputou a parte inferior da perna direita. Mordaz e lidando com sua doença da forma mais leve possível, Hazel acaba encontrando em Augustus uma espécie de alma-gêmea - o rapaz tem senso de humor, inteligência e um otimismo aparentemente infinito - e os dois tornam-se ótimos amigos. Aos poucos, tal amizade vai se tornando um grande amor, que se torna ainda mais evidente quando eles viajam para Amsterdã, com o objetivo de conhecer Peter Van Houten (Willem Dafoe), o recluso autor do livro preferido de Hazel e que ela julga ser capaz de lhe dar respostas a questões não apenas literárias, mas a respeito da vida em si.
Respeitando a principal característica do romance de John Green - que faz uma participação especial ne cena em que os protagonistas estão no aeroporto, em vias de embarcar para Amsterdã - o roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber se recusa a tratar a história de amor entre Hazel e Augustus como um conto de morte e tristeza absolutas. O segredo do livro (e por consequência de sua adaptação) é a forma bem-humorada e suave com que os personagens centrais encaram seus problemas de saúde, nunca assumindo os papéis de vítimas e tratando de aproveitar cada momento com a intensidade que lhes é permitida. Sem nunca deixar de tratá-los (e a seu público-alvo) como os adolescentes que são, o diretor Josh Boone faz uso inteligente de muitos dos diálogos de Green para atingir seu objetivo de emocionar, mas o faz sem apelar para o sentimentalismo puro e simples, deixando que a história e os personagens falem por si, conquistando aos poucos e se encaminhando para um desfecho de fazer qualquer um ruir em lágrimas - e não apenas adolescentes sensíveis, mas qualquer um que tenha sentimentos.
Fã confessa do livro, Shailene Woodley fez campanha aberta para ser escalada como Hazel Grace e, graças a seu teste - onde pôs todo mundo para chorar, inclusive o próprio John Green - conseguiu um dos papéis jovens mais cobiçados do ano. Fez por merecer. Sua interpretação é madura, intensa, delicada, irônica e destemida, tudo ao mesmo tempo e equilibrado com uma harmonia de gente muito mais experiente. Sua química com Ansel Elgort é palpável e encantadora a ponto de ser impossível não torcer pelo casal ou por um milagre que afaste de vez o câncer de seu caminho. Aliás, falar abertamente sobre um assunto tão triste sem cair no piegas é outro ponto alto da trama, que trata a doença com naturalidade e um certo conformismo sábio inesperado para uma história cujos protagonistas são adolescentes de 17 anos. Mérito do livro bem escrito, do roteiro bem adaptado, da direção sensível e do elenco escalado com maestria. Pode-se até ser considerado como o "Love story" de sua geração.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Amei o elenco deste filme. Definitivamente Laura Dern fez um bom trabalho nesse filme. Eu amei o seu papel. Fez uma grande química com todo o elenco, vai além dos seus limites e se entrego ao personagem. Esse é um dos trabalhos em sua filmografía que eu mais gosto além do filme Fome de Poder no ano passado. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento.
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