O PRESENTE (The gift, 2015, Blumhouse Productions, 108min) Direção e roteiro: Joel Edgerton. Fotografia: Eduard Grau. Montagem: Luke Doolan. Música: Danny Bensi, Saunder Jurriaans, Figurino: Terry Anderson. Direção de arte/cenários: Richard Sherman/Matthew Flood Ferguson. Produção executiva: Jeanette Brill, Luc Etienne, Couper Samuelson, Donald Tang. Produção: Jason Blum, Joel Edgerton, Rebecca Yeldham. Elenco: Jason Bateman, Rebecca Hall, Joel Edgerton, Allison Tolman, Tim Griffin, Busy Phillips. Estreia: 30/7/15
Mais conhecido como o irmão de Tom Hardy - professor e lutador nas horas vagas - em "Guerreiro" (2011), o rival de Leonardo DiCaprio em "O grande Gatsby" (2013) e Ramsés na versão de Ridley Scott da história de Moisés em "Êxodo: Deuses e Reis" (2015), o australiano Joel Edgerton surpreendeu em sua estreia atrás das câmeras. Nadando contra a corrente de atores tornado diretores em superproduções mirando o Oscar, ele preferiu contar uma história simples e minimalista em um gênero considerado pouco nobre pela crítica: o suspense. Longe da pressão de um grande estúdio e sem pretensão de criar uma obra-prima, ele lançou "O presente", uma gratíssima surpresa aos fãs de thrillers psicológicos que substituem o sangue pela tensão. Sem apelar para sustos constantes (conta-se uns dois, em momentos apropriados), o ator/diretor/roteirista/produtor demonstra total domínio das ferramentas do gênero, oferecendo muito mais à plateia do que se poderia imaginar vindo de um estreante.
Ciente das dificuldades e armadilhas de atuar como diretor e ator no mesmo filme, Edgerton fez a opção correta em deixar o protagonista nas mãos de Jason Bateman, surpreeendente em um papel dramático. Bateman vive Simon Callum, um bem-sucedido executivo que chega à Califórnia junto com a esposa, Robyn (Rebecca Hall), com a intenção de conquistar uma sonhada promoção e para construir uma família - algo que vem sendo extremamente difícil para o casal. Assim que chegam em sua nova cidade (onde Simon morou até a juventude, quando mudou-se para a universidade em Chicago) eles encontram com Gordon Mosely (Edgerton, em um papel que não lhe exigiu mais de duas semanas de filmagens). Amigo de infância de Simon, Gordon é um homem estranho, reservado e aparentemente solitário, mas que se mostra disponível e generoso na adaptação do amigo e da esposa na nova realidade. Sua presença constante começa a parecer ameaçadora quando ele descobre ser alvo de uma espécie de deboche e desprezo por parte de Simon, e aos poucos Robyn passa a desconfiar de que algo mais grave se esconde por trás de sua gentileza. Investigando por conta própria, ela descobre um passado que explicará muitas das atitudes do novo amigo - e do marido.
Com uma trama envolvente, que vai sendo revelada aos poucos, conforme Robyn vai chegando à verdade sobre quem é o real vilão da história - e as cartas se embaralham constantemente em suas mãos - o roteiro de "O presente" vai conduzindo o espectador por um exercício de constante aflição, uma vez que, desde as primeiras cenas, existe uma atmosfera sombria que contrasta com a delicadeza de Gordon e a felicidade conjugal de Simon e Robyn. Um diretor inteligente e sensível, Edgerton jamais se deixa optar pelo caminho mais fácil, obrigando o público a compreender junto com os personagens todos os desdobramentos do enredo, que vão muito além de um joguinho de gato e rato. Com os dois pés fincados na realidade, o filme torna-se mais assustador na medida em que todas as ações cometidas por seus protagonistas sofrem reações cada vez mais perigosas - e sempre bastante
verossímeis. Edgerton constrói um Gordon Mosely desconfortável, sinistramente tranquilo e generoso, com requintes de um grande ator físico: de lentes de contato castanhas que disfarçam seus olhos azuis e o cabelo tingido de um tom mais escuro que seu louro natural, ele impressiona pela sinceridade que imprime no personagem, enquanto Jason Bateman, conhecido por seu trabalho em comédias, funciona à perfeição como um homem aparentemente comum que vê seus esqueletos saírem do armário justamente quando deveriam ficar escondidos. Rebecca Hall às vezes exagera na atuação, mas está tão bem amparada pelos colegas que seus escorregões são facilmente perdoáveis.
Dirigido por destreza, com sua câmera invadindo discretamente a bela casa do casal Callum com um voyeur, "O presente" satisfaz justamente por não prometer mais do que pode cumprir. Joel Edgerton entrega, em sua estreia, exatamente o que se poderia esperar de um suspense de carpintaria dramática simples mas eficiente: uma boa dose de tensão, personagens bem construídos, alguns sustos nos momentos certos e um desfecho angustiante, que reflete a extensão que os traumas do passado deixam em seres mais sensíveis. Só por fugir do batido clímax de confronto armado entre os dois protagonistas já merece aplausos entusiasmados, mas é muito mais do que isso. "O presente" é um pequeno grande filme que aponta para voos maiores na carreira de Edgerton como diretor. Bravo!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quinta-feira
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Um comentário:
cada vez eu gosto mais do Joel Edgerton, vejo mts oscar no futuro dessa menino, Eu gosto quando to vendo um filme com um ator gato como ele em Ao Cair da Noite, Nossa E umos dos Filmes de terror que é tecnicamente criativo e narrativamente exuberante é fantástico, eu amo esse filme, eu gosto de tramas complicadas e boas performances, Além de um maravilhoso ator é gato demais, gente! 😍
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