quinta-feira

AMNÉSIA

AMNÉSIA (Memento, 2000, Newmarket Films, 113min) Direção: Christopher Nolan, conto de Jonathan Nolan. Fotografia: Wally Pfister. Montagem: Doddy Dorn. Música: David Julyan. Figurino: Cindy Evans. Direção de arte/cenários: Patti Podesta/Danielle Berman. Produção executiva: Aaron Ryder. Produção: Jennifer Todd, Suzanne Todd. Elenco: Guy Pearce, Joe Pantoliano, Carrie-Anne Moss, Jorja Fox, Stephen Tobolowski, Mark Boone Jr.. Elenco: 20/01/01 (Sundance Festival)

2 indicações ao Oscar: Roteiro Adaptado, Montagem

Uns bons dez anos antes de dar um nó nas cabeças dos espectadores com “A origem”, o cineasta Christopher Nolan já havia demonstrado, da maneira mais feliz possível, seu fetiche em confundir a plateia. Adaptando um conto nunca publicado de autoria de seu irmão, ele escreveu e dirigiu “Amnésia”, um dos mais criativos filmes policiais da história – e por conseguinte, uma das mais bem-sucedidas produções independentes do cinema americano até hoje. Além de alçar à fama imediata seu diretor – que em seguida embalaria uma carreira das mais íntegras no cinemão mainstrean – “Amnésia” também confirmou o talento deu seu protagonista, o australiano Guy Pearce (que fez uma drag-queen em “Priscilla, a rainha do deserto” e um policial almofadinha em “Los Angeles, cidade proibida”). Sucesso absoluto de público e crítica, o filme de Nolan teve motivos de sobra para tamanho alvoroço.

A história de “Amnésia” até parece fácil: depois de um grave incidente que causou a morte de sua esposa, o investigador de seguros de saúde Leonard Shelby (vivido por um Guy Pearce loiríssimo e melhor ator do que nunca) perdeu a capacidade de manter na memória qualquer fato recente. Uma conversa, um rosto, um acontecimento, por mais importantes que possam ser, são esquecidos minutos depois de seu primeiro contato. Esse problema – já desagradável por si mesmo – não seria tão inconveniente se a intenção de Leonard não fosse tão séria: ele planeja vingar-se do homem que causou sua desgraça, um homem cujo nome ele tem certeza de ser John ou James G., segundo a tatuagem em sua perna. Sim, para não esquecer as pistas que coleta em seu caminho, Leonard tatua-as em seu corpo, além de contar com a ajuda de uma providencial máquina polaróide. Em seu caminho em busca de vingança, ele cruza com o aparentemente bem-intencionado Teddy (Joe Pantoliano) e a misteriosa Natalie (Carrie-Anne Moss), nunca deixando de lembrar-se da triste história de um antigo cliente, Sammy Jankins (Stephen Tobolowski).


O que parece fácil em “Amnésia” na verdade não é. Ao contar a angustiante história de Shelby de trás pra frente, o roteiro de Nolan (merecidamente indicado ao Oscar) acerta justamente em proporcionar ao público a possibilidade de extirpar o que mais o incomoda nas dezenas de filmes policiais que chegam às telas anualmente: é absolutamente impossível – ao menos na primeira sessão – adivinhar os caminhos que a trama irá seguir. Sua imprevisibilidade é tamanha que aqui não se tenta adivinhar o que irá acontecer e sim o que aconteceu, como e porque. Além de criativo, o roteiro ainda se dá ao luxo de reservar uma surpresa até mesmo ao mais atento espectador. E o público, que em certos momentos fica tão perdido quanto seu protagonista, chega ao final da sessão com a sensação de que, sim, é preciso revê-lo. E mais uma vez, e outra e outra.... São necessárias incontáveis sessões de “Amnésia” para que toda a sua complexidade seja absorvida. E mesmo assim, uma única resposta nunca será o bastante.

Provando cabalmente que uma boa ideia e uma equipe competente são muito mais importantes do que orçamentos milionários, Christopher Nolan começou, com “Amnésia”, uma lista de produções absolutamente imperdíveis com sua assinatura. É um dos filmes indispensáveis do começo do século XXI. E um dos melhores policiais já realizados.

5 comentários:

renatocinema disse...

Disse tudo: imperdível.

Nolan é gênio e prova isso em todo filme.

Grande escolha, bela homenagem a um filme que merecia mais crédito e respeito da grande mídia.

abraços

Cristiano Contreiras disse...

Maestria, perfeição, surpreende mesmo! esse filme merecia maior atenção no Oscar! abraço

Hugo disse...

Todos os trabalhos de Nolan merecem aplausos, este por sinal dá um nó na cabeça do espectador.

Não tenho certeza, mas parece que nos EUA lançaram até uma versão linear da história.

Abraço

Thomás R. Boeira disse...

Filmaço!!!
Não é à toa que Nolan é meu diretor favorito.
Amnésia é um filme absolutamente fascinante.

Abraço,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com/

P disse...

Tenho lido mto seu blog e estou adorando! Mto nteressante a forma como vc organizou as tags. E gosto mto do seu estilo de escrita, inteligente e rico.
Qto ao filme, me incomodou bastante a tradução do título para o português, uma vez que o ator principal fala diversas vezes no filme que sua doença não é amnésia. Achei de um estupidez enorme, mas é um filme excelente!

JADE

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