sexta-feira

O TIGRE E O DRAGÃO

O TIGRE E O DRAGÃO (Crouching tiger, hidden dragon, 2000, Sony Pictures Classic, 120min) Direção: Ang Lee. Roteiro: Hui-Ling Wang, James Schamus, Kuo Jung Tsai, romance de Du Lu Wang. Fotografia: Peter Pau. Montagem: Tim Squyres. Música: Tan Dun. Figurino: Tim Yip. Direção de arte/cenários: Tim Yip/Jian-Quo Wang. Produção executiva: David Linde, James Schamus. Produção: Ang Lee. Elenco: Chow Yun-Fat, Michelle Yeoh, Ziyi Zhang, Pei-pei Cheng, Chen Chang, Sihung Lung. Estreia: 09/10/00

10 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, Diretor (Ang Lee), Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora Original, Canção ("A love before time"), Figurino, Direção de Arte/Cenários
Vencedor de 4 Oscar: Melhor Filme Estrangeiro, Fotografia, Trilha Sonora Original, Direção de Arte/Cenários
Vencedor de 2 Golden Globes: Melhor Filme Estrangeiro, Diretor (Ang Lee)

Foi preciso um diretor de Taiwan para devolver aos fãs de cinema a magia com que a sétima arte sempre brindou seu público. Depois de bem sucedidas incursões ao cinema de Hollywood - em especial os belos "Razão e sensibilidade" e "Tempestade de gelo", que captaram com inteligência as culturas inglesa e americana, respectivamente - o cineasta Ang Lee não foi feliz com o pouco visto e muito criticado "Cavalgada com o diabo" e resolveu retornar às origens. Para isso, assumiu as rédeas da adaptação do quarto volume de uma pentalogia chamada Crane/Iron, escrita por Du Lu Wang, um conhecido mestre chinês de kung-fu. Tendo seu habitual parceiro James Schamus entre os roteiristas, Lee construiu uma fábula majestosa e emocionante que recebeu o título ocidental de "Crouching tiger, hidden dragon", ou, como conhecido no Brasil, "O tigre e o dragão".

Não é difícil compreender o porquê da comoção em torno do filme de Lee desde sua estreia, no Festival de Cannes de 2000, quando foi ovacionado por uma legião de críticos deslumbrados. Sua obra simplesmente tira o espectador de sua zona de conforto, jogando-o em um universo particular, em que personagens ignoram a lei da gravidade e onde todas as excepcionalmente bem coreografadas lutas não são apenas desnecessários desvios da ação e sim parte integrante e indispensável da narrativa, repleta de poesia visual - cortesia da magnífica fotografia de Peter Pau, vencedor do Oscar da categoria. Não foi à toa que "O tigre e o dragão" tornou-se o primeiro filme de língua não-inglesa a ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares de arrecadação em território americano, além de sair vitorioso em 4 categorias na festa do Oscar de 2001. O filme de Ang Lee é uma festa para os olhos e um admirável espetáculo para todos que consideram o cinema como um refúgio.




Passado em uma China antiga, "O tigre e o dragão" começa com o retorno do famoso guerreiro Li Mui Bai (Chow Yun-Fat) à terra de seus antepassados. Aposentado, ele dá de presente a um velho amigo sua poderosa espada, a Destino Verde, que logo em seguida é roubada. Enquanto tenta recuperá-la, ele não consegue deixar de lado o desejo de vingar a morte de seu mestre pelas mãos da temida Jade Fox (Pei-pei Cheng). Contando com a ajuda da mulher que ama em segredo, Shu Lien (Michelle Yeoh), ele também encontra, em seu caminho, a bela Jiao Long Yu (Ziyi Zhang), filha de uma respeitada família e que, mesmo em vias de casar-se, mantém um amor explosivo por um cigano do deserto.

Dirigido com maestria por um Ang Lee extremamente à vontade e no auge de sua criatividade como cineasta, "O tigre e o dragão" tem a seu favor, além de tudo, uma equipe que transmite paixão a cada polegada de celulóide. O elenco é impecável - com destaque para Michelle Yeoh, cujo rosto expressivo casa com naturalidade com uma força física impressionante - e é impossível não admirar a belíssima trilha sonora (composta em apenas duas semanas por Tin Dau, que acabou com uma estatueta do Oscar), a fotografia etérea e a direção de arte caprichada. No fundo uma bela história de amor emoldurada por uma trama que envolve sentimentos como honra, lealdade e amizade à toda prova - e um discreto discurso feminista - "O tigre e o dragão" é uma obra-prima incontestável e um dos melhores filmes já produzidos fora de Hollywood.

Um comentário:

Mateus Denardin disse...

Não só fora de Hollywood, mas dentre todos os filmes já produzidos. Obra-prima inigualável, mais uma vez Lee vem com seu recorrente tema de pessoas cujos sentimentos se erguem, mas não têm força de se mostrar, sobre as barreiras e convenções socioculturais (o amor entre os personagens de Yeoh e Yun-Fat, a "rebeldia" da de Ziyi), envolvidos numa história emocionante e deslumbrante. 'Arrebatador' talvez sirva como nenhuma outra palavra à obra. Um clássico.

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