O ÚLTIMO BEIJO (L'ultimo bacio, 2001, Fandango, 115min) Direção e roteiro: Gabriele Mucino. Fotografia: Marcello Montarsi. Montagem: Claudio Di Mauro. Música: Paolo Buonvino. Figurino: Nicoletta Ercole. Direção de arte: Eugenia F. Di Napoli. Produção: Domenico Procacci. Elenco: Stefano Accorsi, Giovanna Mezzogiorno, Stefania Sandrelli, Claudio Santamaria, Giorgio Pasotti, Marco Cocci. Estreia: 02/02/01
Quando Hollywood resolve falar sobre crises geracionais sempre acaba esbarrando em generalizações rasas, talvez por querer agradar a todos os tipos de público. Foi preciso que um cineasta italiano chamado Gabriele Muccino mostrasse aos produtores americanos o caminho das pedras. Seu filme “O último beijo” agradou tanto aos executivos ianques que mereceu um remake, lançado em 2006, dirigido por Tony Goldwin e estrelado por Zach Braff. Não é preciso dizer, no entanto, que o original, como sempre acontece nesses casos, é muito melhor, principalmente porque conta, no papel central, um dos atores italianos mais requisitados de sua época, o ótimo Stefano Accorsi.
Tendo atuado, no mesmo ano, no belo “Um amor quase perfeito”, Accorsi tem, em “O último beijo”, um trabalho bastante diferente e maduro. Na pele de Carlo, o protagonista, ele representa todas as dúvidas de uma geração inteira de homens que, tendo passado a vida inteira sem maiores responsabilidades, se veem repentinamente obrigados a tomar atitudes adultas, apesar de sua mentalidade ainda adolescente. Com um roteiro bem escrito e equilibrado entre as histórias que conta, além de atuações bastante convincentes (ainda que um tanto exageradas, às vezes, culpa talvez do sangue italiano que corre nas veias do filme), a obra de Muccino é engraçado, comovente e realista, além de ter também um lado bastante romântico.
Às vésperas de completar 30 anos, o publicitário Carlo (Stefano Accorsi) descobre que vai ser pai, depois de três anos de relacionamento com a bela Giulia (Giovanna Mezzogiorno). Sentindo-se pressionado, ele passa a imaginar como será a sua vida sem o acréscimo de responsabilidade que uma paternidade fatalmente trará. Seus amigos também não são exemplos a ser seguidos. Seu colega de trabalho, Adriano (Giorgio Pasotti) tem um filho de seis meses, o que destruiu a paixão de sua relação com a esposa, Lívia (Sabrina Impaciatore). Paolo (Cláudio Santamaría) foi abandonado pela namorada, e, além de não conseguir recuperar-se do fato, tenta fugir de um futuro opaco na loja de sua família fazendo planos de viajar pelo mundo em um trailer. Alberto (Marco Cocci) foge de qualquer tipo de responsabilidade ficando com uma mulher diferente por dia. E Marco (Pierfrancesco Favino) é sua única fonte de calma e felicidade, uma vez que recém casou-se. E até mesmo a sogra de Carlo, Anna (Stefania Sandrelli) entra em crise com a ideia de ser avó e resolve separar-se do marido. Com tantas informações desencontradas à sua volta, Carlo acaba tentado a ceder à atração que sente pela adolescente Francesca (Martina Stella).
“O último beijo” é tudo que um filme sobre uma geração precisa ser sem parecer superficial ou genérico. Suas personagens não parecem personagens e sim pessoas reais, com problemas reais e atos nem sempre heróicos ou louváveis. Difícil é não identificar-se com pelo menos uma das histórias contadas pelo belo roteiro, escrito pelo próprio diretor e com um toque de sentimentalismo agridoce que deve agradar principalmente aos homens carentes de um filme leve e que os retrate com tanta precisão – e o que é ainda melhor, sem julgamentos.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Outro bom comentário que leio sobre esse filme.
Preciso conseguir uma cópia dele....urgente.
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