quinta-feira

CONTE COMIGO

CONTE COMIGO (You can count on me, 2000, Paramount Classics, 111min) Direção e roteiro: Kenneth Lonergan. Fotografia: Stephen Kazmierski. Montagem: Anne McCabe. Música: Lesley Barber. Figurino: Melissa Toth. Direção de arte/cenários: Michael Shaw/Lydia Marks. Produção executiva: Steve Carlis, Donald C. Carter, Martin Scorsese. Produção: Barbara De Fina, Larry Meistrich, Jeffrey Sharp. Elenco: Laura Linney, Matthew Broderick, Mark Ruffalo, Josh Lucas, Rory Culkin, Jon Tenney, Gaby Hoffman, Amy Ryan. Estreia: 17/11/00

2 indicações ao Oscar: Atriz (Laura Linney), Roteiro Original

Em meio a tantos filmes barulhentos e caros que são empurrados garganta abaixo dos espectadores em busca de duas horas de entretenimento, obras como “Conte comigo”, do independente Kenneth Lonergan normalmente são ignorados pelo grande público, ficando restritos àqueles que buscam qualidade indepententemente do orçamento do projeto. Felizmente festivais de cinema, como o Sundance, criado por Robert Redford existem para isso, para chamar a atenção para pequenas pérolas. Graças aos prêmios de Melhor Filme e Roteiro em Sundance 2000 e as indicações para o Oscar de Melhor Atriz e Roteiro Original a bela história familiar criada por Lonergan obteve uma mínima repercussão, que permitiu que fosse descoberto por uma audiência um pouco maior. As poucas pessoas que assistiram a “Conte comigo”, no entanto, foram brindadas com um roteiro inteligente e de emoções reais, sem apelos melodramáticos e com personagens tão polidimensionais que parecem gente de verdade e não criações de um roteirista com preocupações comerciais e concessões absurdas.

A história de “Conte comigo” começa quando um acidente de carro tira a vida de um casal, pai de dois filhos pequenos. Anos depois, a irmã mais velha, Sammy (Laura Linney na melhor atuação de sua carreira) vive sozinha com o filho único (Rory Culkin, outro irmão de Macaulay) e tem uma vida quase tediosa, o que a leva a se envolver sexualmente com seu novo chefe, Brian (Matthew Broderick) mesmo tendo um relacionamento com outro homem, o apaixonado Bob (John Tenney). Sua vida sofre uma mudança quando ela reencontra seu problemático irmão, o rebelde Terry (Mark Ruffalo em surpreendente trabalho), que, saindo da cadeia, precisa de dinheiro e mesmo que não saiba, do carinho de uma família. As coisas, que pareciam tranquilas começam a dar errado quando Terry faz amizade com o filho de Sammy e acaba o levando a conhecer seu pai (Josh Lucas), um mau-caráter que abandonou Sammy durante a gravidez.



Quem procura um filme repleto de reviravoltas dramáticas, cenas de impacto emocionais e finais redentores não deve experimentar “Conte comigo”. Kenneth Lonergan, inteligentemente passa longe das fórmulas e dos clichês que povoam dramas familiares, preferindo expor as emoções de suas personagens através de seus atos incoerentes e nem sempre acertados – como fazem pessoas de verdade, diga-se de passagem. As cenas entre Laura Linney e Mark Ruffalo – com uma química invejável – comprovam o fato, com uma tensão intrínseca que nem mesmo o amor difícil entre os dois consegue esconder - e que a bela trilha sonora apenas sublinha. A cena em que o próprio diretor, na pele de um pastor tenta ajudar o rebelde Terry em sua busca pela felicidade é um primor de sensibilidade com seu diálogo encantador e comovente que encontra em Mark Ruffalo o ator ideal. Sua atuação como Terry é comovente, mostrando ao público um ator em vias de tornar-se um dos coadjuvantes mais subestimados de Hollywood.

Aplausos a Laura Linney, a Mark Ruffalo e ao produtor executivo Martin Scorsese, que não permitiu interferências supérfulas no trabalho de Lonergan. E, se ao final de "Conte comigo" é possível derramar algumas lágrimas, elas são verdadeiras, vertidas por motivos reais e por pessoas que, mesmo não existindo em carne e osso, existem em alma.

3 comentários:

Hugo disse...

Conheço o filme, mas ainda não tive oportunidade de assistir.

É um tipo de drama que me agrada.

Abraço

Cristiano Contreiras disse...

Lembro pouco dele, sei que gostei muito das atuações de Ruffalo e Linney (atriz que nem gosto tanto, pra falar a verdade, rs). Preciso rever, sei que o filme mexeu comigo na época, mas acabei esquecendo de muita coisa. Minha mãe aprecia muito, ela viu comigo na época, creio!

Abraço

Markhal disse...

Ótimo filme!

JADE

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