CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ 33 1/3, O INSULTO FINAL (The naked gun 33 1/3, the final insult, 1994, Paramount Pictures, 83min) Direção: Peter Segal. Roteiro: Pat Proft, David Zucker, Robert LoCash. Fotografia: Robert Stevens. Montagem: James R. Symons. Música: Ira Newborn. Figurino: Mary E. Vogt. Direção de arte/cenários: Lawrence G. Paull/Kathe Klopp. Produção executiva: Jim Abrahams, Gil Netter, Jerry Zucker. Produção: Robert K. Weiss, David Zucker. Elenco: Leslie Nielsen, Priscilla Presley, Fred Ward, George Kennedy, O.J. Simpson. Estreia: 18/3/94
Durante anos Leslie Nielsen - infelizmente falecido no último dia 28 de novembro - tentou ser levado a sério como ator, e até testes para o clássico "Ben-hur" ele fez. Para sorte dos fãs de comédias nonsense, no entanto, foi somente como Frank Drebin, tenente da academia de polícia de Los Angeles na série de filmes "Corra que a polícia vem aí" que ele finalmente chegou ao ápice de sua carreira. Com seu ar abobalhado, Drebin (ou Nielsen) praticava os mais devastadores estragos possíveis, levando a plateia às gargalhadas sem nem ao menos desconfiar que era o responsável por todas as confusões que havia à sua volta. Remodelado a partir da série de TV (fracassada) "Esquadrão de polícia", o tenente apareceu pela primeira vez no filme de 1988, repetiu o sucesso em 1991 e encerrou a trilogia em 1994 com "O insulto final", que, se não teve a mesma bilheteria de seus antecessores, ao menos consegue ser tão engraçado quanto eles.
A primeira sequência do filme - uma sátira à cena mais famosa de "Os intocáveis", de Brian de Palma - já diz que dessa vez o diretor Peter Segal adicionou um outro bem-vindo ingrediente à receita vencedora: citações descaradas de outros filmes de sucesso. Desfilam, nesse terceiro capítulo, homenagens explícitas a "Jurassic Park", "Traídos pelo desejo" e "Thelma & Louise" e sarcasmos discretos à onda de produções cujos títulos começam com "atração" ou "fatal". Pode-se dizer, sem medo, que "O insulto final" é muito mais engraçado e divertido para os fãs de cinema, que acompanham muito melhor as inúmeras referências aos filmes e às incoerências do Oscar - retratado com um humor cáustico e com as participações de Raquel Welch, Olympia Dukakis, James Earl Jones, Elliot Gould e Mariel Hemingway.
Quando o filme começa, o tenente Drebin está aposentado. Como um bom dono-de-casa, ele cozinha, lava, passa, limpa e chora assistindo a telenovelas, enquanto sua mulher, Jane (Priscilla Presley) inicia uma promissora carreira de advogada. O casamento dos dois entra em crise devido à insistência de Jane em ser mãe e azeda de vez quando ela descobre que ele, mesmo fora da polícia, ainda faz trabalhos para ajudar seus ex-parceiros Ed (George Kennedy) e Nordberg (O.J.Simpson). Mergulhando no trabalho para esquecer o fim de seu casamento, Drebin se passa por presidiário para descobrir onde o terrorista Rocco Dillon (Fred Ward) planeja plantar uma bomba em Los Angeles. Quando o alvo é descoberto - a cerimônia de entrega do Oscar - o famoso policial resolve impedir o sucesso da missão do criminoso.
Em menos de hora e meia de projeção, Frank Drebin simplesmente acaba com todo e qualquer mau-humor. Seja em piadas de duplo sentido ou em um humor físico, Leslie Nielsen conquista a plateia sem fazer muita força - sua persona desajeitada é comparável ao Mr.Hulot de Jacques Tati ou ao Mr. Bean de Rowan Atkinson, com a diferença que ele pode falar. E fala muita, mas muita besteira. É impressionante como o roteiro não cansa de disparar piadas tão absurdamente tolas que chegam a ser brilhantes. Absolutamente todos os clichês do cinema são enfileirados em "Corra que a polícia vem aí 33 1/3", para serem sistematicamente ridicularizados e/ou homenageados. E a participação especial de R. Lee Ermey como um policial truculento - sua especialidade - apenas reitera o prestígio que as produções do trio ZAZ - David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker - tem (ou tinham) em Hollywood.
Não é de esperar mais do que muitas risadas em "Corra que a polícia vem aí 33 1/3". Mas se for levado em consideração que muitas pretensas comédias não arrancam mais do que tímidos sorrisos de sua audiência, essa terceira parte é um sucesso absoluto. Uma pena que, com a morte de Nielsen, não exista a possibilidade de um 444 1/4.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
Para o gênero Nielsen era uma boa opção. Apesar de comédia besteirol não ser meu forte.
Clássico que a Sessão da tarde também deixou de exibir...
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