7 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Fotografia, Montagem, Trilha Sonora Original, Som, Efeitos Sonoros
Vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones)
Vencedor do Golden Globe de Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones)
Dentre os indicados ao Oscar de Melhor Filme de 1993, um estranho no ninho disputava a estatueta contra dramas sérios e socialmente relevantes, como "A lista de Schindler" e "Em nome do pai". Inspirado em uma série transmitida pela TV americana nos anos 60, "O fugitivo" era o representante, no ano, dos filmes-entretenimento que tanto faziam sorrir os produtores hollywoodianos - vale lembrar que "Jurassic Park" não teria muitas chances na categoria principal. Estrelado pelo "astro do século" Harrison Ford e dirigido pelo pouco conhecido Andrew Davis, "O fugitivo" não só concorreu ao Oscar e rendeu mais de 180 milhões de dólares nas bilheterias, mas foi também o pontapé inicial de uma tendência da segunda metade da década: as adaptações para o cinema de seriados televisivos - tendência esta que originou, entre outros, o bem-sucedido "Missão impossível".
"O fugitivo" já começa bem, sem muita enrolação. Nos primeiros minutos de filme, enquanto se desenrolam os créditos iniciais, Richard Kimble (intepretado com a habitual falta de emoção de Harrison Ford), um médico respeitado de Chicago, é acusado do assassinato da esposa (Sela Ward), julgado e condenado à morte. No caminho para o presídio, um acidente com o ônibus que o transportava (e a outros presos) lhe possibilita uma fuga espetacular. Enquanto foge do obstinado agente federal Sam Gerard (Tommy Lee Jones), ele tenta provar sua inocência, procurando descobrir o paradeiro do real criminoso, um homem com uma prótese no lugar de um dos braços.
Diretor de filmes de ação descerebrados como "Nico, acima da lei" e "Força em alerta", ambos estrelados por Steven Seagal, Andrew Davis encontrou em "O fugitivo" o material ideal para carimbar seu passaporte em direção ao respeito crítico. Mesmo que não se detenha em trabalhar psicologicamente suas personagens - o que, no caso, não faz muita diferença - ele consegue ser eficiente a ponto de não permitir descanso à plateia. Do primeiro ao último minuto de projeção não há um único momento fraco ou dispensável. Todas as cenas de ação apresentadas por Davies são fabulosas e excepcionalmente dirigidas, equilibrando com maestria ação e suspense. E, ao contrário de muitos filmes do gênero, que utilizam de sequências repletas de adrenalina com o intuito único de disfarçar a fragilidade de sua história, aqui a coisa é bem diferente: cada passo dado por Kimble impulsiona a trama em direção a uma resolução que agrada pela coerência e pela surpresa.
E as cenas orquestradas por Davis são de tirar o chapéu: do acidente do ônibus que transportava Kimble até o tiroteio final - passando por um inacreditável salto em uma barragem e por perseguições em uma parada e dentro de uma delegacia - tudo é realizado com grande competência, empolgando até mesmo o mais cético dos espectadores. Logicamente a presença de Ford no papel central colabora muito para isso: dono de uma persona icônica e inconfundível, o eterno Indiana Jones conquista a simpatia de todos logo no início do filme - o que, levando-se em consideração a quase preguiça dramática do ator é algo surpreeendente. O público acredita em qualquer exagero que o filme possa cometer, desde que o herói seja Ford. Por isso, não deixa de ter sido um golpe de sorte o fato de as primeiras escolhas para o papel terem desistido do projeto: provavelmente Kevin Costner, Alec Baldwin ou Andy Garcia não teriam feito o filme ter tido o mesmo desempenho comercial...
Também interessante - e inteligente da parte do roteiro - foi ter criado um carismático antagonista: Sam Gerard não é apenas um policial correndo atrás de um foragido da justiça. É um homem obstinado, dono de uma tenacidade a toda prova e que acredita, mais do que tudo, em fazer bem feito o seu serviço. A ele não importa se Kimble é culpado ou não - e ele o diz textualmente em um de seus encontros com o protagonista: ele tem como missão capturá-lo e levá-lo de volta à prisão, só isso. E para tal, não mede esforços, chegando a disfarçar-se de mendigo em determinado ponto do filme. São sensacionais os momentos em que Kimble e Gerard ficam frente a frente - e ver o policial chegar tão perto de executar sua missão sem conseguí-lo é igualmente divertido. No entanto, a interpretação de Tommy Lee Jones, ainda que correta, não justifica todo o auê que causou. O Oscar de ator coadjuvante que ele abocanhou - em um ano em que Ralph Fiennes e John Malkovich eram seus rivais, pelos filmes "A lista de Schindler" e "Na linha de fogo", respectivamente - possivelmente se deve à popularidade de sua personagem, que inclusive protagonizou uma espécie de sequência realizada alguns anos depois, "U.S. Marshals, os federais".
Resumindo, "O fugitivo" foi o filme certo na hora certa - um fator determinante para o sucesso de qualquer projeto. Divertido e empolgante, é tecnicamente perfeito - a edição, a trilha sonora e os efeitos sonoros são estupendos - e um dos melhores filmes policiais dos anos 90. Para assistir com um balde de pipocas nas mãos.
4 comentários:
Você falou tudo. O filme certo na hora certa.
Adoro esse filme.
Um clássico !!!
Muito bom esse filme! A atuação de Tommy Lee Jones está impecável!
Eu acho que Lee Jones nem é ator! rs
E foi um absurdo o DiCaprio perder o Oscar pra ele! Quem viu DiCaprio em "Gilbert Grape", sabe do que falo!
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