PROPOSTA INDECENTE (Indecent proposal, 1993, Paramount Pictures, 117min) Direção: Adrian Lyne. Roteiro: Amy Holden Jones, romance de Jack Engelhard. Fotografia: Howard Atherton. Montagem: Joe Hutsching. Música: John Barry. Figurino: Beatrix Aruna-Pasztor, Bernie Pollack, Bobbie Read. Direção de arte/cenários: Mel Bourne/Etta Leff. Produção executiva: Alex Gartner. Produção: Sherry Lansing. Elenco: Robert Redford, Demi Moore, Woody Harrelson, Oliver Platt, Seymour Cassel, Billy Bob Thornton. Estreia: 07/4/93
Quando foi lançado, em 1993, o filme "Proposta indecente", de Adrian Lyne, foi chamado, por um crítico, de "filme dos sonhos de qualquer cinéfilo de shopping-center". De uma certa maneira a afirmação não deixa de ser verdadeira. Utilizando elementos de obras anteriores do cineasta - o apuro visual de "9 1/2 semanas de amor" e a aura polêmica de "Atração fatal" - a adaptação livre do romance de Jack Engelhard é o típico produto de sua época: atraente por fora e sem substância nenhuma por dentro. Aliás, apenas a premissa inicial do livro de Engelhard foi utilizada no roteiro, e é preciso reconhecer que é uma senhora premissa.
Durante meses a fio a imprensa do mundo todo discutiu a ideia central do filme: você emprestaria sua mulher a outro homem, por apenas uma noite, em troca de um milhão de dólares? Pois é exatamente esta a proposta indecente do título. Em um cassino de Las Vegas, o multimilionário John Gage (Robert Redford em uma rara aparição nas telas na década de 90) conhece o jovem e atraente casal David e Diana Murphy (Woody Harrelson em um de seus primeiros papéis de destaque e a deslumbrante Demi Moore no auge da beleza). O casal, ambos belos, interessantes e apaixonados também estão absolutamente quebrados financeiramente e não tem dinheiro nem mesmo para pagar as prestações da casa que o rapaz está construindo para eles. Fascinado pela beleza de Diana, o ricaço propõe então a controversa questão: uma noite com ela e um milhão de verdinhas na conta do casal.
Não é difícil prever o que vem a partir daí, uma vez que o filme se concentra mesmo é no pós-proposta, apesar dela ser o pontapé inicial da trama. Ciúme, desconfiança e a eterna busca sobre o que é mais importante na vida acabam sendo os ingredientes da segunda metade do filme, que, em mãos pouco capazes, é a parte menos interessante do filme. Adrian Lyne, que não é um grande diretor de atores, mostra aqui toda sua fragilidade. Robert Redford nunca esteve tão desconfortável em cena, herdando um papel que, nos primórdios do projeto, seria de Warren Beatty. E se Demi Moore não precisa muito esforço para desfilar bela e sensual pela tela, é justamente o menos conhecido do trio, Woody Harrelson, quem se destaca, em uma atuação que tenta dar dignidade a uma história de telenovela.
O roteiro de "Proposta indecente" jamais consegue ultrapassar o lugar-comum. Enquanto a proposta de John Gage não é aceita e a dúvida a seu respeito atrapalha o sono de seus protagonistas o interesse do espectador é mantido aceso. Depois que o ciúme e a desconfiança assumem o papel central da história, tudo perde o foco. O romance entre Diana e Gage e a luta de David para reconquistá-la nunca consegue convencer a plateia, que é privada, a partir daí, da tensão inicial e das quentes cenas de sexo, marca registrada do diretor. Depois de uma primeira hora razoavelmente correta, tudo escorrega para uma trama inverossímil e capenga.
Porém, mesmo que não seja um filme dos melhores, "Proposta indecente" não é uma total perda de tempo. Poucos diretores tem tanto talento para cenas de amor quanto Lyne e ele as executa com o costumeiro zelo, ajudado por uma ótima trilha sonora de John Barry - a canção que encerra o filme é a belíssima "A love so beautiful", cantada por Roy Orbison - e pela plástica dos atores (aliás, a ideia do filme era utilizá-lo como veículo para o então casal Tom Cruise e Nicole Kidman). Pode não ser uma obra de arte do cinema, e justifica sua descrição de "filme para cinéfilos de shopping-center". Mas ao menos é bem realizado e esteticamente atraente.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
segunda-feira
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3 comentários:
Boa trama. Acho um filme reflexivo sobre questões morais. No final, escorrega pelo romantismo banal. Mas, eu gostei.
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