No início dos anos 90, Hollywood parecia ter encontrado uma nova Lolita: depois de aparecer em 3 videoclipes da banda de rock Aerosmith - sempre em circunstâncias pra lá de sexies - a adolescente Alicia Silverstone, de 17 anos fez sua estreia no cinema em um papel que mais uma vez usava e abusava de seus dotes físicos. Em "Paixão sem limite", ela conquistou de vez uma legião de fãs que passavam pela puberdade, na pele de Adrian Forrester, uma obsessiva e incansável jovem em busca de sua maior conquista: o amor do novo vizinho.
Escrito e dirigido por Alan Shapiro - cujo currículo nunca incluiu coisas melhores do que "Flipper", feito três anos mais tarde - "Paixão sem limite" é um suspense repleto de clichês, mas que parece não se importar com sua total falta de criatividade. O protagonista da história é o jovem jornalista Nick Eliot (Cary Elwes, que esteve em "Drácula de Bram Stoker" e depois protagonizou o vergonhoso "A louca, louca, louca história de Robin Hood", de Mel Brooks). Ao mudar-se para uma nova cidade, ele aluga a casa de hóspedes de uma mansão para poder trabalhar com relativa tranquilidade, mas inadvertidamente desperta a paixão da filha adolescente do casal de proprietários, a bela Adrian (Silverstone), de apenas 14 anos. Sabendo que é bonita, Adrian passa a assediar o rapaz, que a afasta ao mesmo tempo em que sente-se tentado. Quando ele inicia um relacionamento com uma colega de trabalho, Amy (Jennifer Rubin), a obsessão de Adrian aumenta, e a garota inicia um perigoso jogo de sedução, sendo capaz até mesmo de ameaçar a vida daqueles que atrapalham seu objetivo.
Logicamente influenciado por filmes como "Atração fatal" - e fazendo parte de uma série de obras protagonizadas por vilãs loiras e belas, como "A mão que balança o berço" e "Instinto selvagem" - "Paixão sem limite" esbarra o tempo inteiro em incoerências, em inverossimilhanças e previsibilidade. Apesar de Shapiro ter declarado que escreveu o roteiro baseado em um fato acontecido com ele mesmo (sendo inclusive processado por "musa inspiradora") é difícil acreditar que está falando de gente de verdade. Ainda que a doença da personagem principal exista (apesar de não citada no filme é algo chamado "erotomania"), seus atos são privados de qualquer senso de realismo, o que prejudica o desenvolvimento da ação a ponto de envolver uma audiência que espera um pouco mais de um filme do que simplesmente belos rostos e cenários paradisíacos. Além do mais, a fragilidade de Silverstone como atriz também não colabora.
Silverstone - que anos depois faria ainda mais sucesso com o divertido "As patricinhas de Beverly Hills" - levou dois troféus do MTV Movie Awards por seu desempenho - Revelação e Melhor Vilã - mas não é exatamente uma boa atriz. Ela abusa de caras e bocas para criar uma adolescente sedutora e com ar inocente, mas esbarra em sua falta de experiência para entregar algo mais do que simplesmente isso. Suas cenas de nudez - dubladas, diga-se de passagem, uma vez que ela tinha apenas 15 anos durante as filmagens - até podem ter excitado seus fãs em fase de explosão hormonal, mas não são quentes o bastante para justificar o barulho que o filme fez junto a seu público-alvo. E Cary Elwes, que também não é um exemplo de bom ator, pouco tem a fazer, tentando dar sentido a uma trama que jamais alcança o que poderia alcançar - é de se perguntar, por exemplo, por que o rapaz não foi embora logo que começou a perceber o desequilíbrio da adolescente... Coisas de cinema que não se preocupa com roteiros....
No final das contas, "Paixão sem limites" é praticamente um "Atração fatal" para jovens - ou seja, sem sexo, sem nexo, sem violência em demasia. Revelou Alicia Silverstone ao mundo - no que isso tem de bom e ruim. E provou que nem sempre uma boa ideia transforma-se em um bom filme. Como alternativa para um dia de tédio, rola. Mas só isso!
3 comentários:
Atração Fatal é ótimo, impagável.
Eu não acho o filme tudo isso de ruim que você falou não mas ok
Pois eu discordo! Achei o filme excelente!
Postar um comentário