A CONDENAÇÃO (Conviction, 2010, Omega Entertainment/Longfellow Pictures, 107min) Direção Tony Goldwin. Roteiro: Pamela Gray. Fotografia: Adriano Goldman. Montagem: Jay Cassidy. Música: Paul Cantelon. Figurino: Wendy Chuck. Direção de arte/cenários: Mark Ricker/Rena DeAngelo. Produção executiva: Markus Barmettler, Anthony Callie, Alwyn Hight Kushner, Myles Nestel, James Smith, Hilary Swank. Produção: Tony Goldwin, Andrew S. Karsch, Andrew Sugerman. Elenco: Hilary Swank, Sam Rockwell, Melissa Leo, Peter Gallagher, Juliette Lewis, Loren Dean, Clea DuVall, Minnie Driver, Bailee Madison. Estreia: 11/9/10 (Festival de Toronto)
Baseado em uma história real, acontecida no Massachussets, o drama "A
condenação" não apenas falhou em dar uma bem-vinda indicação ao Oscar
para sua protagonista (e produtora executiva) Hilary Swank mas também
causou a ela boas dores de cabeça. Indignados com o fato de não terem
sido sequer consultados a respeito da transição para o cinema da
história do crime que vitimou a garçonete Katheryn Brow, seus filhos
criticaram publicamente a postura da atriz e dos envolvidos com o
projeto. Nem mesmo o argumento - comprovado por quem assiste ao filme -
de que o foco da narrativa não é o crime em si abrandou a situação e o
resultado foi uma recepção apenas morna a um filme que merecia sorte
melhor, apesar de estar longe do brilhantismo.
Dirigido por Tony Goldwin - o vilão de "Ghost, do outro lado da vida" se
saindo surpreendentemente bem na nova carreira - "A condenação" começa
em 1980, quando o simpático mas encrenqueiro Kenny Waters (Sam Rockwell)
é preso, acusado do violento assassinato de uma conhecida. Condenado à
prisão perpétua devido às provas circunstanciais e alguns testemunhos
contundentes poucos anos depois, ele deixa sua irmã Betty Anne (Hilary Swank) desesperada.
Decidida a tirar o irmão da cadeia, ela começa a faculdade de Direito,
negligenciando até mesmo seus deveres de esposa e mãe. Dezoito anos
depois do julgamento, ela se une ao advogado Barry Scheck (Peter
Gallagher) - representante de uma ONG que tenta reparar erros
judiciários - e tenta provar a inocência de Kenny através do DNA das
amostras de sangue do assassino, recolhidas no local do homicídio.
Mesmo que o final da história seja conhecida - foi tema de um episódio
famoso do programa "60 Minutes" - o roteiro de Pamela Gray consegue
manter o interesse do público até seu final, um tanto anti-climático mas
coerente com o estilo correto e quase burocrático da direção de
Goldwin. Confiando na força da história que está contando, ele não se
preocupa em fazer malabarismos com a câmera, frequentemente uma
observadora passiva dos dramas de Betty Anne em seu caminho para fazer
justiça. A maneira quase formal com que comanda seu filme combina com
seu gênero, mas não há como negar que existe uma queda de ritmo na
segunda metade. Enquanto a primeira parte do filme intercala a luta de
Betty Anne com cenas de sua infância ao lado do irmão protetor -
sequências bonitas e interessantes que jogam luz em sua decisão dramática de salvá-lo de um destino infeliz - a reta final concentra-se em uma
corrida contra o tempo bastante clichê. Felizmente são nesses momentos
que brilha seu elenco coadjuvante.
Se o trabalho de Hilary Swank está no nível de suas atuações premiadas -
por "Meninos não choram" e "Menina de ouro" - ela conta com um apoio de
ouro. Não apenas Sam Rockwell brilha como Kenny Waters - seu estilo bagaceiro de ser cabendo como uma luva no personagem - mas também
existe espaço para que se destaquem Melissa Leo e Juliette Lewis.
Melissa - premiada com o Oscar de coadjuvante de 2010, por "O vencedor"
- tem o papel pequeno mas crucial de Nancy Taylor, uma policial
corrupta e mal-intencionada e Lewis, uma promessa não cumprida do início
dos anos 90 aparece quase irreconhecível como Roseanna Perry, uma das
testemunhas de acusação: suas rápidas aparições foram suficientes para
que ela fosse laureada como Melhor Atriz Coadjuvante do ano pela
Associação de Críticos de Boston.
Mesmo que não seja uma obra-prima, "A condenação" merece ser descoberto e
apreciado pelo que ele é: um correto drama de tribunal com um belo
elenco e boas intenções. A família de Katheryn Brow não deveria ter se
preocupado.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sábado
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