O ARTISTA (The artist, 2011, Miramax Films, 100min) Direção e roteiro: Michel Hazanivicius. Fotografia: Guillaume Schiffman. Montagem: Anne-Sophie Bion, Michel Hazanivicius. Música: Ludovic Bource. Figurino: Mark Bridges. Direção de arte/cenários: Laurence Bennett/Robert Gould. Produção executiva: Antoine de Cazotte, Daniel Delume, Richard Middleton, Bob Weinstein, Harvey Weinstein. Produção: Thomas Langmann. Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, Penelope Ann Miller, John Goodman, James Cromwell, Malcom McDowell. Estreia: 15/5/11 (Festival de Cannes)
10 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor (Michel Hazanivicius), Ator (Jean Dujardin), Atriz Coadjuvante (Bérénice Bejo), Roteiro Original, Fotografia, Montagem, Trilha Sonora Original, Figurino, Direção de Arte/Cenários
Vencedor de 5 Oscar: Melhor Filme, Diretor (Michel Hazanivicius), Ator (Jean Dujardin), Trilha Sonora Original, Figurino
Vencedor de 3 Golden Globes: Melhor Filme (Comédia/Musical), Ator Comédia/Musical (Jean Dujardin), Trilha Sonora Original
Vencedor da Palma de Ouro de Melhor Ator (Jean Dujardin) no Festival de Cannes
Qual foi a última que você, caro fã de cinema, sentiu-se surpreendido e
encantado por um filme, a ponto de esquecer da realidade? Em uma época
em que praticamente tudo parece mais do mesmo no mundo da sétima arte,
foi preciso uma co-produção belgo-francesa de orçamento quase
irrisório (12 milhões de dólares) para relembrar ao público e à crítica
que, mais do que custos astronômicos e estrelas sorridentes, a
criatividade e a inteligência é que são as verdadeiras forças por trás
do bom cinema. "O Artista" encantou Cannes e foi o grande vencedor do Oscar 2012. Por puro merecimento!
A trama criada por Michel Hazanavicius tem início em 1927, quando o
cinema mudo começa a dar seus últimos suspiros. A chegada do cinema
falado ameaça o sucesso de um dos maiores astros das telas, o
carismático George Valentin (interpretado com maestria por Jean
Dujardin), que, acompanhado invariavelmente de seu cachorro de
estimação, leva multidões às salas de exibição com seus filmes de
aventura e romance. No momento em que começa a perceber que está
tornando-se anacrônico, Valentin vê também seu casamento ruir e suas
finanças entrar em colapso (em especial depois do crash de 1929 e de sua
tentativa de dirigir seus próprios filmes). Sua derrocada artística e
emocional contrasta com a ascensão vertiginosa de Peppy Miller
(Bérénice Bejo), uma jovem e talentosa corista que se transforma, quase
da noite para o dia, em estrela absoluta dos filmes falados.
A ousadia maior de Hazanivicius - e seu maior trunfo - foi ter realizado
sua obra-prima indo contra todas as regras comerciais ditadas por
Hollywood. Fotografado em um deslumbrante preto-e-branco e rodado quase
totalmente sem diálogos ou som (com a exceção da estupenda trilha
sonora de Ludovic Bource) - no formato no qual eram feitos os filmes
mudos, o que destacava as expressões faciais dos atores - o filme
utiliza um momento crucial da história da sétima arte para homenagear o
próprio cinema, de forma carinhosa, nostálgica e bem-humorada.
Inteligente, o roteiro brinca de metalinguagem sem tornar-se hermético
ou autocomplacente, dando à audiência a chance de deleitar-se com
inúmeras referências estéticas (os filmes estrelados por Errol Flynn,
por exemplo) ou verbais ("I want to be alone", dispara Peppy Miller em
uma das cenas, parafraseando Greta Garbo). Até mesmo a utilização
parcimoniosa do som (em duas sequências geniais) é um achado, traindo a
paixão de seu criador pelo cinema clássico.
Mas, além de sua qualidade técnica impecável, "O Artista" ainda conta
com outra carta na manga seu elenco admirável. Se os coadjuvantes
seguram a cena de maneira formidável - e entre eles estão John Goodman,
a sumida Penelope Ann Miller e o sempre competente James Cromwell -
são os protagonistas que fazem dele uma experiência única. A argentina
Bérénice Bejo (que no longínquo 2001 fez uma participação pequena em
"Coração de Cavaleiro") está perfeita na pele da coquette Peppy Miller,
equilibrando humor e drama com a segurança de uma veterana e o francês
Jean Dujardin é o grande achado do filme. Carismático, intenso e dono
de um impressionante talento físico, ele saiu merecidamente premiado da cerimônia do Golden Globe e, com justiça, levou também o Oscar. Sua atuação é das mais
empolgantes e encantadoras dos últimos anos, revelando ao mundo um ator
completo em um momento único da carreira.
2012 foi um ano em que a safra dos filmes que concorreram ao Oscar estava bem fraca,
sem grandes e destacados favoritos. Mas mesmo que estivesse em um
páreo mais acirrado, "O Artista" mereceria o sucesso e os elogios que recebeu. É cinema em seu estado puro e um êxtase para os
cinéfilos de todas as idades! Bravíssimo!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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