O filme acompanha a história de várias personagens que se cruzam por laços familiares. A primeira a ser apresentada é Helena (a extraordinária Gemma Jones), uma dona-de-casa que vê sua vida devastada ao ser abandonada pelo marido, Alfie (Anthony Hopkins), que resolve viver a vida depois dos sessenta anos. Perdida e sem rumo, ela procura uma vidente, Cristal (Pauline Collins), que lhe garante que ela irá encontrar um novo amor, assim como aconteceu com seu ex-marido, que casou-se com uma ex-prostituta, Charmaine (a exagerada Lucy Punch). A filha de Alfie e Helena, Sally (Naomi Watts exercitando um belo sotaque britânico) começa a trabalhar na galeria de arte do sedutor Greg (Antonio Banderas) e sente-se atraída por ele, mesmo porque seu casamento também está em crise: seu marido, Roy (Josh Brolin), que abandonou a Medicina para ser escritor, está com um problema de criatividade e sente-se tentado ao adultério quando passa a espionar a vizinha da frente, a bela Dia (Freida Pinto).
Essa ciranda de adultério, desejos reprimidos e busca desenfreada pela realização pessoal é contada de forma sóbria por um dos roteiros mais interessantes de Allen em sua fase pós-Mia Farrow. Não há muito humor - ao menos um humor óbvio - e o cineasta mantém-se neutro em relação aos atos de suas personagens. Como em seus melhores filmes, a imprevisibilidade da trama é um aliado poderoso, deixando a plateia sempre em suspenso, aguardando os desvios de sua história. E mais uma vez a escalação certeira do elenco merece um capítulo à parte. Naomi Watts e Josh Brolin estão em perfeita sintonia como um casal à beira da separação; Anthony Hopkins está à vontade em um papel bastante diferente dos que costuma representar e Gemma Jones rouba a cena como a desnorteada Helena, uma personagem crucial que ela segura com uma firmeza que mereceria uma indicação ao Oscar de coadjuvante.
Ao citar "Macbeth", de Shakespeare, em seu prólogo - que diz que a vida é feita de som e fúria e que não quer dizer nada - Woody Allen dá o tom amargo de seu novo e belo filme. Nem mesmo o final em aberto consegue estragá-lo, muito pelo contrário, o reafirma como um dos mais interessantes títulos de sua digna filmografia.
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