quinta-feira

GUERREIRO

GUERREIRO (Warrior, 2011, Lionsgate, 140min) Direção: Gavin O'Connor. Roteiro: Gavin O'Connor, Anthony Tambakis, Cliff Dorfman, estória de Gavin O'Connor, Cliff Dorfman. Fotografia: Masanobu Takayanagi. Montagem: Sean Albertson, Matt Chessé, John Gilroy, Aaron Marshall. Música: Mark Isham. Figurino: Abigail Murray. Direção de arte/cenários: Dan Leigh/Ron von Blomberg. Produção executiva: Lisa Ellzey, John J. Kelly, David Mimran, Michael Paseornek, Jordan Schur. Produção: Gavin O'Connor, Greg O'Connor. Elenco: Tom Hardy, Joel Edgerton, Nick Nolte, Jennifer Morrisson, Kevin Dunn. Estreia: 09/9/11

Indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante (Nick Nolte)

Tommy Riordan (Tom Hardy) volta à sua cidade natal depois de um afastamento de treze anos e reencontra o pai, Paddy (Nick Nolte) tentando abandonar o vício do álcool. Seu retorno tem um objetivo claro: ele quer ser novamente treinado para vencer o Grand Prix de MMA a ser realizado em Las Vegas e, com o dinheiro, cumprir a promessa feita à esposa de seu melhor amigo, morto em combate na Guerra do Iraque. Brendan Conlon (Joel Edgerton) é um professor de Física que está prestes a perder a casa onde mora com a esposa e as filhas pequenas (uma das quais tem uma doença cardíaca) e que vê no Grand Prix a chance de recuperar a propriedade e o amor-próprio - e apesar de ser considerado um azarão, jamais perde a esperança de vencer o torneio. Os dois homens, com interesses extremos na glória e no dinheiro, chegam juntos à disputa. Os dois tem um passado complicado - Tommy cuidou sozinho da doença da mãe, e Brendan ficou ao lado do pai mesmo sabendo não ser seu preferido. E os dois tem algo mais em comum: são irmãos.

Não deixa de ser fascinante perceber que, mesmo com todo o poderoso marketing que define o que deve ou não ser visto pelo público ainda seja possível descobrir pérolas que foram ignoradas injustamente pelo público. É o caso de "Guerreiro", que apesar de ter estreado em setembro de 2011 nos EUA saiu diretamente em DVD no Brasil. Injustiça pura! O filme do irlandês Gavin O'Connor (que também é ator e faz uma pequena participação como comentarista do torneio) é um emocionante drama esportivo que utiliza a seu favor todos os clichês do gênero e os entrega ao público com absoluta sinceridade. Sem jamais dedicar-se somente ao esporte que enfoca (cada vez mais popular no Brasil, como provam os UFC da vida), o roteiro cede espaço o bastante para que o espectador compactue com os problemas pessoais de seus protagonistas, se envolvendo aos poucos com suas vidas e sentimentos. Comparado por boa parte da crítica com "Rocky, um lutador", o filme de O'Connor - que também falou de problemas familiares em "Força policial" - é superior ao oscarizado trabalho estrelado por Sylvester Stallone em muitos fatores.


O principal fator de dá vantagem a "Guerreiro" em relação a "Rocky" é o fato de seus protagonistas serem mais críveis do que a personagem de Stallone. Enquanto Rocky era quase um deficiente mental com sua ingenuidade excessiva, Tommy e Brendan tem personalidades fortes e bem definidas, com raivas, rancores e sentimentos muito mais interessantes (não deixa de ser fascinante também o fato de o público ficar dividido no clímax do filme). No roteiro co-escrito pelo diretor não há heróis ou vilões e sim pessoas com defeitos e qualidades. É sintomático que, além das cenas de luta extremamente bem coreografadas, os momentos dramáticos sejam também bastante comoventes (em especial quando se conta com o trabalho excepcional de Nick Nolte, merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante).

"Guerreiro" é um filmaço, capaz de emocionar e empolgar qualquer tipo de audiência (até mesmo aquelas que não fazem a menor ideia do que seja MMA ou UFC). É humano e verdadeiro como "O vencedor" tentou ser e não chegou a conseguir. E ainda conta com dois atores centrais que ainda vão dar muito o que falar: Tom Hardy fez o vilão Bane em "O Cavaleiro das Trevas ressurge" e Joel Edgerton roubou a cena de Leonardo DiCaprio e Tobey Maguire na versão de "O grande Gatsby" dirigida por Baz Luhrmann. Juntos em cena, eles deixam impossível ao espectador desviar os olhos.

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