SPLASH: UMA SEREIA EM MINHA VIDA (Splash, 1984, Touchstone Pictures, 111min) Direção: Ron Howard. Roteiro: Lowell Ganz, Babaloo Mandel, Bruce Jay Friedman, estória de Brian Grazer. Fotografia: Don Peterman. Montagem: Daniel P. Hanley, Michael Hill. Música: Lee Holdridge. Figurino: May Routh. Direção de arte/cenários: Jack T. Collins. Produção executiva: John Thomas Lenox. Produção: Brian Grazer. Elenco: Tom Hanks, Daryl Hannah, John Candy, Eugene Levy. Estreia: 09/3/84
Indicado ao Oscar de Roteiro Original
Praticamente uma década antes de consagrar-se como um ator sério - e de quebra levar dois Oscar consecutivos, nos anos 94/95 -, Tom Hanks já era um astro devidamente reconhecido pelo grande público. Um exemplo claro disso foi a surpreendente bilheteria de "Splash: uma sereia em minha vida", estrelado por ele em 1984: primeiro filme lançado pela subsidiária da Disney (a Touchstone Pictures), a obra de Ron Howard custou meros oito milhões de dólares e rendeu, somente no mercado doméstico, mais de 60 milhões, arrancando elogios da crítica, capas de revista e uma inesperada indicação ao Oscar de roteiro original. Apesar do tom leve e romântico do filme e da beleza ímpar de Daryl Hannah, porém, é claro que o carisma de Hanks foi o maior responsável por fazer do filme um êxito incontestável - e isso que o próprio ator costuma brincar e dizer que ele foi apenas o 11º intérprete a ser considerado para o papel principal.
Pode até ser um pouco de exagero de Tom Hanks, mas o fato é que, realmente, antes de seu nome ser confirmado como o astro do filme, vários outros atores foram cotados para viver o protagonista - desde astros já reconhecidos (como John Travolta, Richard Gere, Burt Reynolds e Jeff Bridges) até grandes comediantes (Chevy Chase, Bill Murray, Robin Williams e Dudley Moore). A presença de Hanks, no entanto, é um dos maiores trunfos de "Splash": simpático e capaz de despertar empatia em qualquer um na plateia, ele nem precisa de muito esforço para convencer, mesmo diante de uma premissa quase absurda e fantasiosa a ponto de parecer conto de fadas. A atmosfera lúdica - acentuada pela trilha sonora delicada de Lee Holdridge - ganha contornos cômicos com a direção segura de Howard, que abriu mão de dirigir "Footlose: ritmo louco" (84) para dar vida à estória imaginada pelo produtor Brian Grazer em 1977, durante uma viagem. Com um roteiro esperto e divertido, "Splash" é um passatempo tão inofensivo que não é de admirar que tenha resistido tão bem ao tempo - e que seja tão delicioso assisti-lo hoje quanto o era há mais de trinta anos.
As cenas iniciais já deixam claro que trata-se de um filme em cuja fantasia a plateia precisa embarcar sem reservas: um menino é salvo de afogar-se no mar por uma sereia da sua idade. Ele mantém segredo a respeito do assunto (mesmo porque não tem certeza se tudo não passava de imaginação) e segue sua vida normalmente. Vinte anos mais tarde, o menino, agora um homem, chamado Allen Bauer (Tom Hanks) gerencia o negócio de distribuição de verduras de sua família, ao lado do irmão mais velho, Freddie (John Candy) - irresponsável e mulherengo. Recém abandonado pela esposa, Allen sofre um novo acidente no mar e acorda em uma ilha, ao lado de uma estonteante loura - que desaparece logo em seguida. De posse da carteira do rapaz, porém, a sereia apaixonada descobre seu paradeiro em Nova York e decide procurá-lo. Sem saber falar inglês e desconhecendo completamente a cultura dos humanos, ela deixa com que Allen pense que ela é uma estrangeira e os dois começam um relacionamento amoroso e dedicado. Batizada como Madison, a sereia logo começa a aprender a conviver com seu amado - mas precisa evitar ser desmascarada pelo cientista Cornbluth (Eugene Levy), cujo maior objetivo na vida é comprovar a existência de sereias.
Equilibrando sua narrativa entre o idílio romântico de Allen e Madison e subtramas cômicas - as tentativas de Cornbluth em provar sua hipótese científica, as escapadas de Freddie, a distação da velha secretária de Allen -, Ron Howard cria uma pequena pérola do gênero. A excelente química entre Tom Hanks e Daryl Hannah é tão incrível que é difícil imaginar que a bela sereia poderia ter sido interpretada por outra atriz - e isso que várias foram cotadas o papel: Jodie Foster, Brooke Shields, Debra Winger, Ally Sheedy, Rosanna Arquette, Michelle Pfeiffer, Tatum O'Neal, Diane Lane, Melanie Griffith e Kathleen Turner poderiam ter sido a estrela de um filme que deu à Hannah seu primeiro papel principal e um daqueles que a farão ser eternamente lembrada pelos fãs. Linda e carismática, ela foi a escolha perfeita - que o digam as centenas de meninas batizadas de Madison justamente por causa de seu sucesso. "Splash" pode não ser um dos filmes mais importantes da história, mas é, sem dúvida, um passatempo dos mais encantadores.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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