IDAS E VINDAS DO AMOR (Valentine's Day, 2010, New Line Cinema,
125min) Direção: Garry Marshall. Roteiro: Katherine Fugate, estória de
Katherine Fugate, Abby Cohn, Marc Silverstein. Fotografia: Charles
Minsky. Montagem: Bruce Green. Música: John Debney. Figurino: Gary
Jones. Direção de arte/cenários: Albert Brenner, K.C. Fox. Produção
executiva: Samuel J. Brown, Michael Disco, Toby Emmerich, Diana Pokorny,
Josie Rosen. Produção: Mike Karz, Wayne Rice. Elenco: Julia Roberts,
Ashton Kutscher, Jessica Alba, Jessica Biel, Jamie Foxx, Patrick
Dempsey, Shirley MacLaine, Hector Elizondo, Kathy Bates, Emma Roberts,
Anne Hathaway, Topher Grace, Bradley Cooper, Queen Latifah, Eric Dane,
Taylor Lautner, Taylor Swift, Jennifer Garner. Estreia: 08/02/10
Em 1990, o cineasta Garry Marshall transformou uma prostituta em
Cinderela e alçou Julia Roberts ao status de mega-estrela com o filme
"Uma linda mulher". E Roberts, hoje a atriz mais bem paga do planeta
Hollywood, devolve o favor a Marshall, aparecendo em poucos minutos em
sua comédia romântica "Idas e vindas do amor"
("Valentine's day" no original, em mais uma prova da criatividade das
distribuidoras brasileiras em estragar títulos alheios). Seguindo a
linha de filmes como "Nova York, te amo" e "Ele não está tão a fim de
você", o filme acompanha cerca de meia dúzia de histórias de amor
(nenhuma delas muito profunda, como convém ao gênero) que acontecem no
Dia dos Namorados americano (14 de fevereiro). Analisando como diversão,
o filme é uma delícia: um elenco de astros fotogênicos, cenários
ensolarados, alguns diálogos bastante engraçados e um romantismo
desbragado apropriado à data de seu lançamento nos EUA. Friamente, no
entanto, "Idas e vindas do amor" é tão, mas tão doce e bonitinho que
chega a incomodar àqueles que não são tão crentes no amor e afins.
Senão, vejamos: Anne Hathaway
é uma jovem que faz bicos como atendente de tele-sexo e esconde esse
pequeno segredo do namorado recente, vivido por Topher Grace, que vai
receber conselhos de um desconhecido sábio (vivido pelo habitué dos
filmes de Marshall, Hector Elizondo), que acaba de descobrir um caso
antigo da esposa (Shirley MacLaine). Jennifer Garner é uma professora do
primário que nem desconfia que o namorado médico (Patrick Dempsey) é
casado e não acredita no fato nem quando seu melhor amigo (Ashton
Kutscher) o revela depois de ter sido rejeitado pela namorada e quase
noiva (Jessica Alba). Jamie Foxx é um repórter esportivo que tem a
missão de realizar uma matéria sobre o Dia dos Namorados e cai de amores
pela agente solteirona (Jessica Biel, se dá pra acreditar) de um
jogador em vias de se aposentar. Enquanto isso, um casal de adolescentes
prepara sua primeira noite de amor, um menino de oito anos tenta se
declarar à sua amada (ecos de "Simplesmente amor"?) e uma capitã militar
(Julia Roberts em pessoa) conhece um simpático solteiro (Bradley
Cooper) durante uma viagem de avião.
Sendo honesto, o
roteiro de
"Idas e vindas" é divertido, passa rápido (ainda que pudesse ser um
pouco mais curto) e cumpre sua função de arrecadar muito dinheiro (já
rendeu mais de 60 milhões de dólares em pouco mais de uma semana em
exibição) e divertir sua audiência. Mas sua visão de mundo é tão
colorida e leve que sua credibilidade fica seriamente abalada. Tudo bem
que ninguém entra em um filme chamado "Idas e vindas do amor" - cujo
cartaz tem um coração enorme e tem Julia Roberts e Ashton Kutscher no
elenco - esperando sérias elocubrações sobre sentimentos de perda, dor,
solidão e carência. Mas para aqueles que
estão em uma fase de descrença absoluta em finais felizes, chega a ser
chocante assistir cenas que elevam o amor romântico à esfera que o filme
eleva. Não desperta nem lágrimas, porque falar de amor eterno a quem
não acredita nem mesmo em paixões de fim-de-semana equivale a narrar
histórias de saci-pererê a um islandês que morou a vida toda em um iglu.
Aqueles que estão em paz com o coração, porém, só podem gostar das
tramas dirigidas por Marshall.
Se
você está apaixonado e/ou acredita no amor acima de tudo, corra para
assistir. Caso contrário, passe
longe. Mas se puder não perca os créditos finais, que apresentam a
melhor piada de todo o filme, estrelada por Julia e seu belo sorriso.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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