CELULAR, UM GRITO DE SOCORRO (Cellular, 2004, New Line Cinema, 94min) Direção: David R. Ellis. Roteiro: Chris Morgan, estória de Larry Cohen. Fotografia: Gary Capo. Montagem: Eric Sears. Música: John Ottman. Figurino: Christopher Lawrence. Direção de arte/cenários: Jaymes Hinkle/Robert Gould. Produção executiva: Richard Brener, Douglas Curtis, Toby Emmerich,, Keith Goldberg. Produção: Dean Devlin, Lauren Lloyd. Elenco: Kim Basinger, Chris Evans, Jason Statham, William H. Macy, Jessica Biel. Estreia: 10/9/04
Existem algumas provas vivas de que um filme, mesmo repleto de clichês e com um roteiro não exatamente crível pode tornar-se um entretenimento eficaz quando tem a seu favor um conjunto de acertos. Com um roteiro com exata noção de timing, um direção eficiente e um elenco de atores adequados, "Celular, um grito de socorro" é o tipo de filme que entretém durante uma boa hora e meia e que, mesmo que seja esquecido pouco depois, cumpre o que promete sem pretender ser mais do que puro entretenimento.
E se é apenas entretenimento que o espectador procura, em "Celular" não há motivos para reclamação. Escrito por Chris Morgan com base em uma ideia de Larry Cohen - também autor da trama de "Por um fio", grande suspense de Joel Schumacher onde Colin Farrell se via preso em uma cabine telefônica de Nova York enquanto era progressivamente ameaçado por um misterioso psicopata - o roteiro de "Celular" não deixa o público ter tempo para pensar nos inúmeros buracos da narrativa graças à agilidade com que a trama é conduzida pelo diretor David R. Ellis - que posteriormente assinaria o cult trash "Serpentes a bordo" e morreria aos 60 anos de idade em janeiro de 2013. Veterano de filmes onde a adrenalina era ingrediente imprescindível, como o tenso "Premonição 2", Ellis conduz o espectador a uma jornada cujo final se pode antever desde o princípio - basta ser plateia assídua dos filmes policiais que Hollywood produz a granel - mas que nem por isso deixa de ter seus momentos de tensão.
Ellis não demora em começar sua história, já mostrando a que veio nos primeiros minutos: a professora Jessica Martin (Kim Basinger) vê sua bela casa invadida, sua doméstica morta e ela mesma nas mãos de um grupo de sequestradores liderados pelo truculento Ethan (Jason Statham, antes de virar ídolo de filmes descerebrados de ação). Presa em um quarto e incomunicável, ela dá um jeito de consertar o telefone do local (sim, os sequestradores a prendem em um quarto com um telefone...) e faz uma ligação aleatória (!!). A ligação acaba sendo para o celular de Ryan (Chris Evans), jovem californiano tranquilo e pacífico cujo maior problema é tentar reconquistar a namorada (Jessica Biel em participação relâmpago). A princípio descrente na situação descrita por uma apavorada Jessica, Ryan a ouve ser espancada e resolve ajudá-la, mantendo-a na linha (!!!) enquanto tenta encontrar um policial que o ouça - mesmo porque parece que nem mesmo a força policial está acima das suspeitas.
A profusão de absurdos da trama central - principalmente as relacionadas à ligação telefônica entre os dois protagonistas - poderia ser um problema, mas é difícil não se deixar envolver na história graças principalmente a dois trunfos: Kim Basinger e Chris Evans. Basinger, que conquistou o respeito e o prestígio com o Oscar de coadjuvante por "Los Angeles, cidade proibida" transmite com segurança e verossimilhança o desespero de sua personagem, atraindo para si a empatia do espectador que vai descobrindo aos poucos as circunstâncias que a levaram ao cativeiro. E Evans, carismático, deu seu primeiro passo para tornar-se um herói de filmes de ação baseados em quadrinhos - como aconteceu com os posteriores "Quarteto Fantástico" e "Capitão América". Amparados por um ritmo veloz e pela presença do sempre competente William H. Macy - aqui como um policial que tem a ambição de deixar a delegacia para tornar-se dono de um "spa de um dia" - Basinger e Evans dão conta do recado admiravelmente.
"Celular" é exatamente o que parece - e que é escondido por seu trailer sem graça: um filme para quem deseja divertir-se sem ligar o cérebro ou ser ofendido pela burrice de alguns produtores do cinemão. Não muda a vida de ninguém, mas é altamente recomendável para passar o tempo.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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