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O HOMEM SEM SOMBRA

O HOMEM SEM SOMBRA (Hollow man, 2000, Columbia Pictures, 112min ) Direção: Paul Verhoeven. Roteiro: Andrew W. Marlowe, estória de Gary Scott Thompson, Andrew W. Marlowe. Fotografia: Jost Vacano. Montagem: Mark Goldblatt. Música: Jerry Goldsmith. Figurino: Ellen Mirojnick. Direção de arte/cenários: Allan Cameron/John M. Dwyer. Produção executiva: Marion Rosenberg. Produção: Alan Marshall, Douglas Wick. Elenco: Kevin Bacon, Elisabeth Shue, Josh Brolin, Kim Dickens, Greg Gunberg, Joey Slotnick, Mary Randle, William Devane. Estreia: 02/8/00

Indicado ao Oscar de Efeitos Visuais

A fascinação do homem - e do cinema - por histórias de cientistas malucos e as consequências desastrosas de suas ambições encontrou na revolução dos efeitos visuais criados a partir de computação gráfica uma aliada das mais generosas. Graças a tais efeitos milagrosos, histórias já contadas diversas vezes ganharam um molho especial, oferecendo a cineastas a chance de chocar a plateia com uma profusão de sangue, explosões e vísceras antes apenas imaginada. Quem muito se beneficiou com tal elevação no nível dos efeitos especiais foi o cineasta holandês Paul Verhoeven, tornado um diretor respeitado em Hollywood graças a "Robocop" (87) e "O vingador do futuro" (90), tramas de ficção científica largamente amparadas na tecnologia - não por acaso, ambos os filmes mereceram refilmagens recentes, onde puderam explorar ainda mais sua tendência à modernidade computadorizada. Saindo de dois fracassos monumentais - o patético e massacrado "Showgirls" e
"Tropas estelares", uma divertida brincadeira com os clichês do gênero que custou uma fortuna e não rendeu quase nada no mercado americano- o diretor se provou a escolha mais acertada para conduzir uma versão aditivada da velha história do cientista que se torna invisível para provar suas teorias: "O homem sem sombra", produzido pela Columbia Pictures a um custo estimado de 95 milhões de dólares, chegou aos cinemas americanos repleto de sangue, violência e sexo - ingredientes essenciais à sua filmografia anterior.


Apesar da trama não acrescentar muito mais à velha história do homem invisível - além dos elementos já citados - "O homem sem sombra" é um entretenimento de primeira qualidade, utilizando a seu favor todas as vantagens de um orçamento milionário e das possibilidades dos efeitos digitais que, apesar dos nomes famosos no elenco, são a verdadeira estrela da festa a ponto de terem sido indicados ao Oscar da categoria (perderam para "Gladiador", uma vitória injusta mas compreensível haja visto o sucesso de bilheteria do filme de Ridley Scott). Sutis em determinados momentos e explicitamente brilhantes em outros, os efeitos são o ápice do filme, dando base a um roteiro que não tem medo de mostrar frequentemente sua alma trash e adolescente. Pouco dado a sutilezas visuais, Verhoeven deita e rola, mostrando sem pudor algum transformações físicas assustadoras e dando a Kevin Bacon a chance de criar um dos vilões mais sensacionais do gênero, o brilhante e desequilibrado Sebastian Caine.


Lìder de um grupo de cientistas que, com o apoio do Pentágono, tenta descobrir a fórmula da invisibilidade, Caine resolve testar em si mesmo o passo final da experiência: um líquido que reverte o processo. As coisas não saem exatamente como o esperado e ele acaba permanecendo invisível por mais tempo do que deveria. Enquanto fica escondido no laboratório, à espera de uma solução para seu problema, ele acaba descobrindo as vantagens de sua situação, o que inclui abusar de sua colega Sarah (Kim Dickens) e estuprar uma vizinha por quem sente atração há tempos. Conforme o tempo vai passando e as coisas continuam na mesma, Caine passa a demonstrar um desequilíbrio cada vez maior, que explode de vez quando ele descobre que sua ex-namorada, Linda McKay (Elisabeth Shue, primeiro nome dos créditos, consequência de sua indicação ao Oscar por "Despedida em Las Vegas") está apaixonada por outro cientista do grupo, Matthew Kesington (Josh Brolin): violento e imprevisível, ele passa a perseguir os amantes.

Mesmo que apele para uma sucessão de clichês em seu terço final - quando Caine se transforma em uma espécie de Jason, assassino e incapturável - "O homem sem sombra" é uma das melhores ficções científicas dos anos 90, com sua mistura exata entre uma boa história, paranoia, bons atores e efeitos visuais de primeira linha. Construído com precisão cirúrgica com o objetivo de ganhar o espectador com violência e ação, o filme não chegou a ser um enorme êxito comercial, mas oferece à plateia muito mais do que a média do gênero. Verhoeven sabe o que faz.

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