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BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE

BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight rises, 2012, Warner Bros/Legendary Pictures, 165min) Direção: Christopher Nolan. Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan, estória de Christopher Nolan, David S. Goyer, personagens criados por Bob Kane. Fotografia: Wally Pfister. Montagem: Lee Smith. Música: Hans Zimmer. Figurino: Lindy Hemming, Craciunica Roberto. Direção de arte/cenários: Nathan Crowley/Kevin Kavanaugh. Produção executiva: Kevin De La Noy, Benjamin Melniker, Thomas Tull, Michael E. Uslan. Produção: Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas. Elenco: Christian Bale, Anne Hathaway, Michael Caine, Joseph Gordon-Levitt, Tom Hardy, Marion Cottilard, Gary Oldman, Morgan Freeman, Matthew Modine, Cillian Murphy, Ben Mendelsohn, Juno Temple, Thomas Lennon, Liam Neeson. Estreia: 16/7/12

O que falta dizer sobre "Batman: O Cavaleiro das Trevas ressurge" que ainda não foi dito, analisado, dissecado e elogiado desde sua estreia, a maior de 2012, com uma bilheteria arrasadora que confirmou de uma vez por todas a força do personagem e do talento de todos os envolvidos? O encerramento da trilogia dirigida por Christopher Nolan - que provou que entretenimento e inteligência podem conviver pacificamente em um blockbuster, haja visto também o sucesso merecido de "A origem", que chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme - pode não ser tão impactante quanto o segundo capítulo da série (que, afinal de contas, contava com a atuação assombrosa de Heath Ledger) mas consegue ser empolgante, comovente e surpreendente, apesar de alguns pequenos defeitos. De quantos "filmes de verão", pouco afeitos a "detalhes" como roteiro e direção de atores se pode pode afirmar a mesma coisa?

A essa altura todo mundo sabe que a trama mantida em segredo por Nolan antes da estreia começa sete anos depois dos acontecimentos do segundo filme, mostrando Bruce Wayne (Christian Bale) isolado em sua mansão e a imagem de Batman manchada pela acusação da morte de Harvey Dent (Aaron Eckhart) - na verdade obra das armações do Coringa (Heath Ledger).  Batman e Wayne são obrigados a voltar à ação, no entanto, quando um mercenário chamado Bane (o impressionante Tom Hardy) passa a ameaçar Gotham City com a destruição em massa proposta por Ra's Al Ghul (Liam Neeson), mentor de ambos na Liga das Sombras. Junta-se à receita a charmosa ladra Selina Kyle (Anne Hathway na ingrata tarefa de ofuscar a Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer no filme comandado por Tim Burton em 1992), o jovem policial idealista Blake (Joseph Gordon-Levitt) e a milionária Miranda Tate (Marion Cotillard) - que ambiciona tornar-se sócia de Wayne em seus experimentos - e pronto: Nolan oferece à audiência cenas de ação de extrema competência, dramas humanos críveis e reviravoltas em número suficiente para que as quase três horas de projeção passem voando diante dos olhos do público.


Fugindo do limitativo nicho de "filmes de super-herói", a trilogia do Homem-morcego criada por Nolan tem uma consistência rara, mantendo um nível de qualidade que encanta tanto aos fãs de histórias em quadrinhos quanto àqueles interessados apenas em um bom filme de ação. Tudo tem espaço no roteiro do cineasta, que tem óbvio carinho pelas personagens e pelos atores que as interpretam (não é à toa que o "time Nolan" está todo aqui, de Bale, Michael Caine e Cillian Murphy aos novos integrantes da troupe, Marion Cotillard, Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy, saídos direto de "A origem"). A história que conta é mais importante para o homem que despontou para o grande público com o fantástico "Amnésia" do que efeitos desconcertantes de câmera e efeitos especiais de ponta (e mesmo assim ele proporciona à plateia bons momentos assim). E é um desafio a qualquer um não sair do cinema bastante satisfeito com as ideias do excelente roteiro e com o final emocionante, com direito até mesmo a uma pequena e feliz surpresa. Seguindo o caminho de costurar várias linhas narrativas simultâneas e com inúmeros personagens, que pode ser bastante perigoso - caso do terceiro "Homem-aranha", de Sam Raimi - quanto bem-sucedido - como aconteceu com a trilogia "O Senhor dos Anéis", de Peter Jackson - Nolan conta com uma edição de extrema competência, que consegue dar conta de tudo mesmo quando a aparência é de uma bagunça descontrolada. Realmente existe um acúmulo de personagens, mas Nolan mantém o pulso firme até o final - e ainda consegue chocar a audiência com uma das cenas mais impressionantes da trilogia (retirada diretamente dos quadrinhos).

Difícil falar de "Batman: O Cavaleiro das Trevas ressurge", em especial depois que tudo foi dito. Mas algo precisa ser afirmado apesar de tudo: é absolutamente imperdível e satisfaz até ao mais exigente fã do personagem de Bob Kane. É um encerramento absolutamente digno e se Anne Hathway não rouba a coroa de Michelle Pfeiffer ao menos faz bonito em cena, com beleza, carisma e talento. Uma pena, no entanto, que a personagem de Marion Cottilard seja tão pouco aproveitada e que agora estejamos todos reféns de novas e temíveis adaptações do herói para o cinema. Obrigado, Nolan, por esses anos de entretenimento de primeira qualidade.

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