É
O FIM (This is the end, 2013, Columbia Pictures, 107min) Direção: Evan
Goldberg, Seth Rogen. Roteiro: Evan Goldberg, Seth Rogen, curta-metragem
"Jay and Seth vs. The Apocalypse", de Seth Rogen, Jason Stone, Evan
Goldberg. Fotografia: Brandon Trost. Montagem: Zene Baker. Música: Henry
Jackman. Figurino: Danny Glicker. Direção de arte/cenários: Chris
Spellman/Helen Britten. Produção executiva: Nicole Brown, Barbara A.
Hall, Kyle Hunter, Nathan Kahane, Ariel Shaffir, Jason Stone. Produção:
Evan Goldberg, Seth Rogen, James Weaver. Elenco: James Franco, Seth
Rogen, Jonah Hill, Jay Baruchel, Danny McBride, Craig Robinson, Michael
Cera, Emma Watson, Mindy Kaling, David Krumholtz, Christopher
Mintz-Plasse, Rihanna. Estreia: 03/6/13
Alguns
filmes - comédias em especial - precisam que a plateia compre sua ideia,
por mais absurda que seja, e se comprometa a deixar de lado
suscetibilidades e ambições intelectuais. Um exemplo vivo dessa
afirmação é o anárquico "É o fim", um besteirol de primeira grandeza
co-dirigido por Evan Goldberg e pelo ator Seth Rogen. Para se ter uma
ideia do nível de esculacho da produção - que custou pouco mais de 30
milhões aos cofres da Columbia e acabou surpreendendo todo mundo com uma
arrecadação superior a 100 milhões - basta dizer que os dois diretores
também estão por trás de "Segurando as pontas", filme de 2008 que virou
cult graças justamente a seu tipo peculiar de humor, que mistura sem
cerimônia piadas sobre consumo de drogas, certa dose de escatologia e
brincadeiras bem-humoradas a respeito da personalidade dos próprios
atores. Porém, enquanto "Segurando as pontas" pendia bem mais para o
universo de um público simpático ao uso da maconha, com sua história de
ação nonsense, "É o fim" debocha sem dó nem piedade de um
quase-gênero hollywoodiano: o filme-catástrofe. Inspirado em um
curta-metragem dos próprios Rogen e Goldberg - juntos com Jason Stone - o
filme é um festival de besteiras que beiram o ridículo. Mas não é que
funciona?
Novamente é preciso deixar claro que é
preciso esquecer qualquer resquício de sensibilidade para gostar de
tanta palhaçada (e nem sempre elas funcionam a contento), mas uma vez
admitindo que quer apenas se divertir, o público não terá do que
reclamar - a não ser, obviamente, que considere engraçado apenas as
sutilezas de Woody Allen. Sutileza é uma palavra que parece não existir
no dicionário de Rogen e Goldberg, dois adultos com cérebro de
adolescente nerd que fazem humor com a delicadeza de uma marretada - o
que, a julgar pelo sucesso, agrada muito mais do que se pode imaginar.
"É o fim" pode até ter como chamariz a participação especial de nomes
consagrados popularmente, como a cantora pop Rihanna e a eterna Hermione
da série "Harry Potter" Emma Watson, mas é seu humor escrachado e sem
papas na língua a sua maior qualidade e o maior responsável pelo êxito
financeiro que deixou muita gente de queixo caído dentro de uma
indústria muitas vezes imprevisível. E provou também que, ao contrário
do que possa parecer, nem sempre é preciso um astro de primeira grandeza
ou um personagem idolatrado no mundo dos filmes de ação para que um
filme ultrapasse qualquer expectativa.
A
trama de "É o fim" - se é que se pode chamar de trama - é bobagem pura e
tem como protagonistas atores conhecidos do público interpretando
versões exageradas/debochadas/irônicas deles mesmos. O filme começa
quando Seth Rogen vai ao aeroporto de Los Angeles recepcionar o amigo
Jay Baruchel, que não tem a melhor das relações com a cidade. Depois de
uma orgia de drogas e videogame, eles resolvem ir à uma festa na nova
mansão de James Franco, repleta de celebridades comemorando a
inauguração da propriedade. Tudo seria apenas mais uma noitada comum em
Los Angeles não fosse a tragédia que acontece logo em seguida, quando a
cidade praticamente inteira é destruída por algo que ninguém consegue
explicar a princípio - epidemia de zumbis? ataque alienígena? o
Apocalipse citado na Bíblia? - e, depois de testemunhar a morte de seus
colegas, Rogen, Franco, Baruchel, Jonah Hill e Craig Robinson (da série
"The office") se veem obrigados a permanecer isolados do mundo por tempo
indeterminado. Nem mesmo em seu amigo Danny McBride, que chega depois
dos acontecimentos, eles podem confiar totalmente, até que descubram a
verdade sobre o desastre.
Usando e abusando do
improviso - segundo os diretores a maioria dos diálogos foram criados
pelos próprios atores no momento das filmagens - e explorando com
sarcasmo quase doentio a imagem que os astros de Hollywood passam para
os fãs, "É o fim" é uma brincadeira entre amigos que deu muito certo.
Sem hesitar em fazer graça a respeito dos boatos sobre a sexualidade de
James Franco (talvez o mais à vontade em cena), a simpatia de Jonah Hill
(dono de algumas das melhores sequências, inclusive com um exorcismo) e
a tendência de Seth Rogen em fazer sempre o mesmo papel, o filme ainda
debocha da indústria de cinema e da fogueira das vaidades que é o mundo
do entretenimento sem poupar nada nem ninguém - e às vezes até exagerar,
com o aval dos "homenageados", como o ator Michael Cera interpretando
uma versão junkie de si mesmo. Pode não ser um humor para todos, mas é
inegável que é impossível não dar ao menos umas boas gargalhadas com
tanta asneira surgindo a cada minuto. E além do mais, como não
simpatizar com uma produção que termina com uma apresentação inédita dos
Backstreet Boys? É só relaxar, desligar o cérebro e curtir as citações e
as piadas de baixo calão. Ser adolescente inconsequente durante duas
horas não vai fazer mal a ninguém.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sexta-feira
Assinar:
Postar comentários (Atom)
JADE
JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...
-
EVIL: RAÍZES DO MAL (Ondskan, 2003, Moviola Film, 113min) Direção: Mikael Hafstrom. Roteiro: Hans Gunnarsson, Mikael Hafstrom, Klas Osterg...
-
NÃO FALE O MAL (Speak no evil, 2022, Profile Pictures/OAK Motion Pictures/Det Danske Filminstitut, 97min) Direção: Christian Tafdrup. Roteir...
-
ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (Presumed innocent, 1990, Warner Bros, 127min) Direção: Alan J. Pakula. Roteiro: Frank Pierson, Alan J. Paku...
Nenhum comentário:
Postar um comentário