JOGOS VORAZES (The hunger games, 2012, LionsGate, 142min) Direção: Gary Ross. Roteiro: Gary Ross, Suzanne Collins, Billy Ray, romance de Suzanne Collins. Fotografia: Tom Stern. Montagem: Christopher S. Capp, Stephen Mirrione, Juliette Wellfling. Música: James Newton Howard. Figurino: Juddiana Makovsky. Direção de arte/cenários: Philip Messina/Larry Dias. Produção executiva: Robin Bissell, Suzanne Collins, Louise Rasner-Meyer. Produção: Nina Jacobson, Jon Kilik. Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Heinsworth, Donald Sutherland, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Elizabeth Banks, Wes Bentley. Estreia: 12/3/12
Com o final da série "Harry Potter" e a iminente chegada do último
capítulo da saga "Crepúsculo" - dividido em dois filmes para aproveitar até a última gota das aventuras vampiras estreladas pelos tenebrosos Kristen Stewart e Robert Pattinson - os estúdios de
Hollywood estavam desesperadamente ansiosos por uma nova possibilidade
de franquia infanto-juvenil. Pois os executivos não demoraram a poder dormir tranquilos:
com mais de 150 milhões de dólares arrecadados em seu fim-de-semana de
estreia, o filme "Jogos vorazes", adaptado de uma trilogia escrita por
Suzanne Collins já foi considerado um enorme sucesso logo de cara - e suas
continuações só encheram ainda mais os cofres dos produtores.. A melhor
notícia, porém, é que o filme é muito bom. Apesar de ter como
público-alvo uma plateia adolescente (idade dos protagonistas), é
capaz de agradar aos adultos dispostos a um bom entretenimento por acrescentar à receita ingredientes que nunca estiveram presentes nos filmes de Bella e Edward: inteligência, talento e discussões bem mais sérias do que se poderia esperar de um passatempo hollywoodiano.
Dirigido por Gary Ross - que dirigiu o encantador "A vida em
preto-e-branco" e o correto mas superestimado "Seabiscuit, alma de herói" - "Jogos
vorazes" tem a seu favor uma heroína carismática (interpretada pela
ótima Jennifer Lawrence, já então indicada ao Oscar por "Inverno da alma" e prestes a ser premiada por "O lado bom da vida"), um
assunto momentoso (a febre dos reality shows + a violência) e uma
história interessante o bastante para manter a plateia atenta durante
toda a sua longa duração (mais de 140 minutos que passam rapidamente
diante dos olhos do público). Ainda que demore a realmente começar - o
que só acontece pela metade da projeção - o faz de maneira a apresentar
devidamente suas personagens centrais e coadjuvantes (uma coleção de
tipos bizarros vividos por gente do calibre de Donald Sutherland,
Stanley Tucci e Woody Harrelson) antes da pancadaria. E para aqueles
pais que se preocupam com o excesso de violência dos livros, um aviso:
está tudo muito bem dosado no roteiro, sem exagero de nenhuma espécie - a
Lionsgate não seria irresponsável de arriscar uma classificação etária
que prejudicasse sua bilheteria, afinal de contas...
Para quem não sabe, "Jogos vorazes" se passa em um futuro distópico onde
não existe mais a América do Norte e sim uma grande nação dividida em distritos. Como castigo pela rebelião ocorrida décadas antes - e que resultou em uma guerra - cada um de 12 distritos deve, anualmente, ceder um casal de
adolescentes para participar de um reality show com o mesmo nome do
filme: nesse jogo, eles não lutam por dinheiro ou glória, e sim pelas
próprias vidas, sendo assistidas fielmente por milhares de espectadores.
Na edição de número 74 dos famigerados jogos, a adolescente Katniss
Everdeen (Lawrence) entra como voluntária, para impedir a irmã caçula de
participar da caçada humana. A seu lado entra o jovem Peeta Mellark
(Josh Hutcherson, de "Minhas mães e meu pai"), apaixonado por ela mas
sem esperanças de ser correspondido. Conforme o jogo avança, porém, os
dois percebem que forjar um romance pode ajudá-los a chegar ao final da
disputa.
Qualquer semelhança com os Big Brothers da vida não é apenas casual. A
crítica feroz que os livros de Collins fazem ao gênero não é disfarçada
no filme de Ross, apesar do relativo senso de humor com que o tema é
tratado em alguns momentos (em especial quando está em cena o sempre
competente Stanley Tucci no papel de um Pedro Bial mais exótico e menos
chato). Filmado em ângulos ousados para um produto que poderia facilmente ser tratado apenas como tal e com uma escolha de elenco acima de qualquer crítica (Woody Harrelson novamente rouba as cenas em que parece), "Jogos vorazes" mereceu todo o sucesso que fez. O roteiro se equilibra bem entre a ação, o romance e o drama,
conduzindo tudo para um final devidamente climático e uma porta
escancarada para os capítulos seguintes. Quem leu os livros sabe o que esperar.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quinta-feira
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Um comentário:
Assisti a esse filme ontem!! Apesar de longo nem vi o tempo passar, e realmente o filme me surpreendeu de maneira positiva!!
Abraços
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