OBEDIÊNCIA
(Compliance, 2012, Bad Cop Bad Cop Film Productions/Dogfish Pictures,
90min) Direção e roteiro: Craig Zobel. Fotografia: Adam Stone. Montagem:
Jane Rizzo. Música: Heather McIntosh. Figurino: Karen Malecki. Direção
de arte/cenários: Matthew Munn/Tom McMillan. Produção executiva: Carina
Alves, James Belfer, David Gordon Green. Produção: Tyler Davidson,
Sophia Lin, Lisa Muskat, Theo Sena, Craig Zobel. Elenco: Ann Dowd,
Dreama Walker, Pat Healy, Philip Ettinger, Bill Camp, Ashlie Atkinson.
Estreia: 21/01/12 (Festival de Sundance)
O que leva
uma pessoa a obedecer cegamente ordens de autoridades, sem ao mesmo
questionar os limites de tais comandos? Até que ponto as pessoas são
capazes de ir quando confrontadas com uma situação de tensão e paranoia?
O ser humano realmente é bom por natureza e só age com maldade por
extrema necessidade? Tais questões, importantes e polêmicas, são o
combustível do perturbador "Obediência", filme independente eleito como
um dos dez melhores de 2012 pelo prestigiado National Board of Review -
que também reconheceu a excelência de Anne Dowd na categoria de atriz
coadjuvante. Baseado em fatos reais ocorridos em 2004 - mas que
surpreendentemente são mais comuns nos EUA do que se poderia imaginar - o
filme de Craig Zobel mergulha o espectador em um claustrofóbico
pesadelo que envolve a jovem funcionária de uma rede de fast-food
acusada injustamente de roubar a bolsa de uma cliente. Centrando sua
trama basicamente em uma exígua sala nos fundos do restaurante, Zobel
obriga o público, sem dó, a compartilhar de uma revoltante história de
crueldade e tensão.
A protagonista do
filme é a carismática Becky (Dreama Walker), atendente do balcão de uma
lanchonete popular na cidade de Ohio. Em um dia como outro qualquer,
movimentado e complicado pela falta de ingredientes essenciais para os
sanduíches vendidos no local, ela é acusada de ter roubado dinheiro de
dentro da bolsa de uma cliente. Quem a acusa, por telefone, é um homem
que se apresenta como Oficial Daniels (Pat Healy) e que pede à gerente
do estabelecimento, Sandra (Ann Dowd), que leve a funcionária para um
local isolado dos demais empregados. Em uma sala onde funciona o
escritório, Sandra é incitada - sob o pretexto de apressar as
investigações e evitar maiores complicações para a assombrada jovem - a
revistar Becky, obrigar-lhe a tirar as roupas e deixá-la afastada de
todo mundo até a chegada da polícia. Com o passar do dia, as ordens do
policial ficam mais e mais ousadas, envolvendo até mesmo o noivo de
Sandra, Van (Bill Camp) - que acaba por ultrapassar os próprios limites
morais quando incentivado pelo suspeito homem da lei.
Conciso
em sua maneira de conduzir a ação e manter a tensão até os minutos
finais sem que seja preciso apelar para o óbvio e o mórbido, Craig Zobel
constrói um filme desconfortável e realista, que não poupa nem seus
personagens nem seu público. Aproximando sua câmera de forma quase
invasiva em cada momento da trajetória kafkiana de Becky, ele não se
apresenta como apenas uma testemunha neutra, mas principalmente como uma
onisciência sufocante e brutal que não permite o menor respiro ou
trégua. De forma inteligente e diabólica, também não cai na armadilha de
rotular Sandra como vilã, apesar dela deixar escapar, sutilmente - e
graças à atuação quase milagrosa de Ann Dowd - uma espécie de satisfação
com o fato de castigar a funcionária que pouco antes havia debochado de
seu linguajar ultrapassado e de seu recente noivado. Conforme a trama
vai andando - e as punições à Becky vão se sucedendo - fica difícil ao
espectador manter-se indiferente a tanta arbitrariedade e é nesse
momento que se percebe o quão corajoso o cineasta é: ao invés de
finalizar sua história com mais uma perseguição típica do cinemão
comercial americano, ele prefere o caminho menos grandioso e entrega um
clímax sossegado e discreto como o restante de sua obra.
"Obediência"
passou quase em branco nos cinemas, principalmente por não ser produto
de um grande estúdio ou ter nomes consagrados em seu elenco. Mas é
triste, revoltante e intenso de uma maneira que poucos filmes tem a
audácia de ser no panorama cinematográfico atual. Vale a pena descobrir.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
sábado
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Um comentário:
Adorei a dica de filme!
Confesso que nunca ouvi falar dele, mas realmente gostei da proposta.
Já coloquei na minha lista do filmow, haha.
Visite meu blog
virandoamor.blogspot.com.br
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