THOMAS CROWN, A ARTE DO CRIME (The Thomas Crown Affair, 1999, United
Artists/MGM, 113min) Direção: John McTiernan. Roteiro: Leslie Dixon,
Kurt Wimmer, estória de Alan R. Trustman. Fotografia: Tom Priestley.
Montagem: John Wright. Música: Bill Conti. Figurino: Kate Harrington,
Mark Zunino. Direção de arte/cenários: Bruno Rubeo/Leslie E. Rollins.
Produção executiva: Michael Tadross. Produção: Pierce Brosnan, Beau St.
Clair. Elenco: Pierce Brosnan, Rene Russo, Denis Leary, Ben Gazzarra,
Frankie Faison, Fritz Weaver, Faye Dunaway. Estreia: 27/7/99
Em
1968, dois dos maiores astros da época, Steve McQueen e Faye Dunaway,
protagonizaram "Crown, o magnífico", um policial romântico que se
tornaria um clássico do estilo e referência para futuras produções que
tentassem misturar dois gêneros aparentemente opostos. Mais de três
décadas depois do lançamento do original, com sua eterna falta de
criatividade, Hollywood resolveu revisitar a história da improvável
história de amor entre um milionário entediado e a investigadora de uma
companhia de seguros que está em seu encalço. Revestida com elegância e
um erotismo, a nova versão - estrelada pelo então 007 Pierce Brosnan e
pela bela Rene Russo - modificou detalhes da trama original e acabou
agradando à crítica e ao público, ambos sedentos por filmes adultos que
falassem mais ao cérebro do que aos músculos. Dirigido por John
McTiernan - cujo currículo repleto de blockbusters explosivos incluia os
primeiros "Duro de matar" e "Predador" - "Thomas Crown, a arte do
crime" surpreende pela sutileza e pela inteligência em contar uma
história policial sem recorrer a um único tiro.
Thomas
Crown (Pierce Brosnan, também produtor do filme), é um milionário do
setor de aquisições que, sentindo-se aborrecido com a pasmaceira de sua
vida fácil, volta e meia envolve-se em complicados esquemas de
falsificação das obras de arte que rouba (sem despertar a menor
suspeita) até mesmo dos mais sofisticados e seguros museus do mundo. Sua
tranquilidade é posta em xeque, porém, quando ele rouba um valiosíssimo
Monet, em uma arriscada manobra realizada durante o horário de
visitação às obras: disposta a recuperar o quadro e assim poupar milhões
de dólares, a seguradora contratada pelo museu chama a competente e
dedicada investigadora Catherine Banning (Rene Russo, linda e sexy) para
descobrir seu paradeiro. Esperta e experiente, Banning logo passa a
desconfiar do charmoso e prestativo Crown e, ignorando os conselhos do
policial Michael McCann (Dennis Leary), se aproxima dele com o objetivo
de desmascará-lo. Não é preciso muito tempo para que surja entre
investigadora e investigado uma atração irresistível, que pode por tudo a
perder.
Mantendo
o tempo todo a dubiedade em relação aos verdadeiros sentimentos de seus
protagonistas em relação um ao outro, o roteiro de "Thomas Crown, a
arte do crime" prende a atenção do público em vários niveis: tanto
funciona como um romance de alta voltagem erótica (as cenas de sexo, de
extremo bom gosto, mostram o pela primeira vez nu o corpo escultural da
bela Rene Russo) quanto como um policial bem engendrado, repleto de
pistas espalhadas pelo caminho, à espera de serem unidas. O desfecho, um
clímax bem armado e inteligente, não decepciona a ninguém, enfatizando a
opção de McTiernan em contar uma história utilizando-se do cérebro como
principal elemento. Depois de deslumbrar a audiência com tomadas de
tirar o fôlego de paisagens deslumbrantes, mansões luxuosas e obras de
arte fascinantes (além de momentos românticos pra ninguém botar
defeito), ele encerra seu filme com uma sequência exemplarmente bem
editada e empolgante, mostrando de uma vez por todas que a sutileza pode
substituir sem perda a violência desnecessária. É impossível que o
público termine a sessão sem que fique com a bela sensação de ter sido
respeitado em sua inteligência, o que, convenhamos, é algo raríssimo em
produções comerciais norte-americanas.
Contando ainda
com a simpática participação especial de Faye Dunaway - que viveu a
investigadora na primeira versão do filme - na pele da terapeuta do
enfastiado milionário, "Thomas Crown, a arte do crime" é um
entretenimento maduro, esperto, romântico e elegante, que nada contra a
corrente do emburrecimento do cinema hollywoodiano. É, também, um dos
poucos filmes de sua época a ter como protagonista um casal acima dos 30
anos de idade que não hesita em usar e abusar da sensualidade sem
culpa. Palmas para ele!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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2 comentários:
Gostei do filme. Ele é um ladrão de 1°, ela esbanja sensualidade.
Alexandre, não é? E a René é um espetáculo à parte.
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