UMA NOITE DE AVENTURAS (Adventures in babysitting, 1987,
Touchstone Pictures, 102min) Direção: Chris Columbus. Roteiro: David
Simkins. Fotografia: Ric Waite. Montagem: Fredric Steinkamp, William
Steinkamp. Música: Michael Kamen. Figurino: Judith R. Gellman. Direção
de arte/cenários: Todd Hallowell/Dan May. Produção: Debra Hill, Lynda
Obst. Elenco: Elisabeth Shue, George Newbern, Keith Coogan, Maia
Brewton, Anthony Rapp, Vincent D'Onofrio, Penelope Ann Miller, Bradley
Whitford. Estreia: 01/7/87
Antes de surpreender
público e crítica com sua madura e sofrida interpretação da prostituta
Sera em "Despedida em Las Vegas" - que a indicou ao Oscar de melhor
atriz e confirmou-a como uma das grandes promessas de sua geração - a
bela Elisabeth Shue passou pela prova de fogo de uma iniciante: foi o
interesse romântico do protagonista, tanto de filmes bobos, como
"Cocktail" (88), com Tom Cruise, como o de produções de sucesso como as
duas últimas partes da série "De volta para o futuro". Antes disso,
porém, ela já demonstrava talento e segurança em níveis suficientes para
segurar um papel principal, como mostra a divertida comédia "Uma noite
de aventuras", uma odisseia urbana juvenil dirigida por Chris Columbus -
protegido de Steven Spielberg que havia feito sucesso com "Os goonies"
(85) e se consagraria posteriormente como diretor de filmes cultuados,
como "Esqueceram de mim" (90), "Uma babá quase perfeita" (92) e os dois
primeiros capítulos da cinessérie "Harry Potter". Encarando um papel que
teve, entre suas possíveis intérpretes Sharon Stone (ainda uma ilustre
desconhecida), Michelle Pfeiffer (que preferiu dividir a cena com Jack
Nicholson em "As bruxas de Eastwick"), Brooke Shields, Andie MacDowell e
até mesmo Jodie Foster, Shue dá um banho de carisma e timing cômico, em
papel que explora todas as suas qualidades de atriz então dando os
primeiros passos da carreira.
Na verdade, o projeto de
"Uma noite de aventuras" não era nada novo quando chegou às telas, no
segundo semestre de 1987. Iniciado nos anos 60 e abandonado na década
seguinte, ele teria, em seus primeiros dias de desenvolvimento, a
protagonização de Jane Fonda, que foi substituída por sua sobrinha
Bridget, quando uma nova possibilidade de realização surgiu no
horizonte, já nos anos 80. A jovem Fonda preferiu recusar a oferta de
estrelar o filme - e testes acabaram escolhendo Shue, cujo maior sucesso
do currículo era "Karatê Kid, a hora da verdade" (84), onde ela fazia, é
claro, a namoradinha do herói, vivido por Ralph Macchio. Na obra de
Columbus, porém, é seu nome que encabeça os créditos e se o filme
funciona é porque é fácil identificar-se e gostar de sua personagem, uma
jovem comum que se vê envolvida em uma série de eventos bizarros e até
assustadores em uma noite que tinha tudo para ser tranquila. É evidente,
porém, que em se tratando de um filme dirigido por Columbus e lançado
pela Touchstone Pictures (subsidiária adulta da Disney), até mesmo o que
é bizarro e assustador é tratado com leveza e bom humor.
Chris
Parker, a personagem de Shue, é uma jovem que, depois de ter o encontro
com seu namorado cancelado, aceita o trabalho de servir de babysitter à
esperta Sara (Maia Brewton), filha caçula de uma família de amigos.
Quem fica feliz com a notícia é Brad (Keith Coogan), o adolescente em
fase de ebulição que é apaixonado por Chris e tenta aparentar maturidade
para conquistá-la. A noite, que começa pacificamente, logo dá sinais de
que será um tanto conturbada quando Brenda (Penelope Ann Miller), amiga
de Chris, telefona para ela da rodoviária, depois de fugir de casa.
Para ajudar a amiga, Chris embarca em seu carro antigo acompanhada não
só de Brad e Sara, mas também do melhor amigo do rapaz, Daryl (Anthony
Rapp), que acaba de descobrir que a coelhinha do mês da Playboy é
idêntica à babá de seu amigo. No caminho para a rodoviária, Chris e
companhia irão entrar em uma aventura que inclui violentos ladrões de
carros, um motorista de guincho que tem um gancho no lugar da mão - e
uma esposa adúltera, um grupo de cantores de blues (na sequência mais
inspirada do filme) e um mecânico que, segundo a criativa Sara, é o
poderoso Thor em pessoa (Vincent D'Onofrio em começo de carreira).
Dotado
de um ritmo ágil e inteligente, que nunca deixa o interesse da
audiência diminuir, "Uma noite de aventuras" é a típica comédia juvenil
que honra o gênero, entretendo sem apelar para a grosseria ou a
vulgaridade. Todas as piadas do filme - e elas funcionam divinamente -
são bem estruturadas, de acordo com um roteiro que vai equilibrando
tanto as desventuras da babá Chris quanto de sua amiga Brenda, além de
dar espaço também para os coadjuvantes infantis, que não desperdiçam
nenhuma oportunidade para dar sua colaboração a uma história que não
perde o pique nem mesmo quando ameaça resvalar para o romantismo à moda
John Hughes. Cativante desde sua primeira sequência - Elisabeth Shue
dublando "And then he kissed me", da banda The Crystals - até seus
créditos finais, "Uma noite de aventuras" é um programa perfeito para
uma tarde chuvosa, na companhia de brigadeiro e coca-cola.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
JADE
JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...
-
EVIL: RAÍZES DO MAL (Ondskan, 2003, Moviola Film, 113min) Direção: Mikael Hafstrom. Roteiro: Hans Gunnarsson, Mikael Hafstrom, Klas Osterg...
-
NÃO FALE O MAL (Speak no evil, 2022, Profile Pictures/OAK Motion Pictures/Det Danske Filminstitut, 97min) Direção: Christian Tafdrup. Roteir...
-
ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (Presumed innocent, 1990, Warner Bros, 127min) Direção: Alan J. Pakula. Roteiro: Frank Pierson, Alan J. Paku...
Um comentário:
Alguém esteve aqui lendo esse post e amou.
E vou ler outros também.
Zukm.t ppb
bjssss
Postar um comentário