INVOCAÇÃO DO MAL 2 (The conjuring, 2016, New Line Cinema, 134min) Direção: James Wan. Roteiro: Chad Hayes, Carey W. Hayes, James Wan, David Leslie Johnson, estória de Chad Hayes, Carey W. Hayes, James Wan, personagens criados por Chad Hayes, Carey W. Hayes. Fotografia: Don Burgess. Montagem: Kirk Morri. Música: Joseph Bishara. Figurino: Kristin M. Burke. Direção de arte/cenários: Julie Berghoff/Liz Griffiths, Sophie Neudorfer. Produção executiva: Richard Brener, Toby Emmerich, Walter Hamada, Steven Mnuchin, Dave Neustadter. Produção: Rob Cowan, Peter Safran, James Wan. Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O'Connor, Madison Wolfe, Lauren Sposito, Benjamin Haigh, Patrick McCauley. Estreia: 13/5/16
Não foi surpresa para ninguém quando surgiu o anúncio de uma sequência para "Invocação do mal", afinal de contas o filme de James Wan, que custou meros 20 milhões de dólares, tornou-se um dos maiores sucessos de bilheteria de 2013, rendendo mais de 300 milhões pelo mundo todo e devolvendo ao gênero um respeito há muito perdido e poucas vezes retomado pela crítica e pelo público. Com um orçamento duplicado e as expectativas nas alturas, "Invocação do mal 2" repetiu o êxito do primeiro filme ao manter a receita que havia dado tão certo: um roteiro sério (e baseado em uma história real), personagens densos e a preferência por um clima de suspense contra um festival de sustos vazios. Contando novamente com Patrick Wilson e Vera Farmiga como o casal Ed e Lorraine Warren e o diretor Wan no comando (depois de sua recusa em dirigir "Velozes e furiosos 8"), "Invocação do mal 2" não decepciona os fãs do gênero ou do primeiro capítulo da série: é elegante, convincente e, mais importante que tudo, respeita o espectador e a história que está contando.
Tudo bem que algumas alterações foram feitas para melhor aproveitar a dupla de protagonistas conhecida do público, que na verdade não foram os principais investigadores do caso narrado no filme, mas o roteiro faz o possível para manter a essência dos acontecimentos que aterrorizaram uma família londrina em 1977. Considerado até hoje como o caso mais longo de atividade poltergeist registrado na história, o fenômeno que tomou conta da residência de Peggy Hogdson (Frances O'Connor) e seus quatro filhos chamou a atenção da mídia e rendeu livros, polêmicas e outros filmes, como "The Einfield Haunting", de 2015. Para cada estudioso do caso que o levava a sério e comprovava os fenômenos, havia outro que levantava questões bem racionais - para o que colaborava o fato de que a filha mais envolvida nos ataques, Janet, tenha confessado ter forjado alguns dos assustadores sons gravados pelos investigadores no percurso do caso. Para maior impacto nas bilheterias, a New Line espertamente deslocou os maiores responsáveis pelas investigações para a ala dos coadjuvantes e colocou Ed e Lorraine - já devidamente testados no primeiro filme - como centro da narrativa. Funcionou muito bem: não apenas reafirmou o êxito da franquia como deu à plateia alguém com quem identificar-se, um ponto de vista externo que a leva pelas mãos rumo ao pesadelo que se desenrola na tela.
A primeira sequência do filme já demonstra sua vocação de tratar a plateia com respeito ao mesmo tempo em que faz referência a outra história clássica do gênero - "Terror em Amityville", filmado por Hollywood em duas ocasiões, em 1979 e 2005. Traumatizada com visões que anunciam uma tragédia em sua vida pessoal, Lorraine abandona a casa assombrada pelos crimes cometidos no local disposta a afastar-se por tempo indeterminado de sua desgastante rotina como estudiosa de fenômenos paranormais. Sua decisão, no entanto, é frustrada quando, algum tempo depois, ela e seu marido são procurados por um padre, preocupado com acontecimentos inexplicáveis que vem atormentando uma família londrina. Mesmo relutante, o casal aceita visitá-la e ao menos tentar ajudar a afastar o que quer que seja que esteja causando tanto terror. Para sua surpresa, eles descobrem que o responsável é o espírito de um antigo morador da casa, que se aproveita da sensibilidade de uma das meninas da família para marcar sua presença e sua recusa em abandonar seu lar.
O diretor James Wan mantém o tom do primeiro filme, equilibrando momentos de aparente calma com terror puro na reta final - quando, compreensivelmente, alguns exageros tomam conta da narrativa. Ironicamente, no entanto, são as cenas menos tensas que acabam por destacar-se, especialmente devido às atuações de Vera Farmiga e Patrick Wilson, que transmitem com extrema competência a serenidade de seus personagens, que mesmo diante de situações apavorantes conseguem manter a calma e a fé. Mesmo que o roteiro faça algumas alterações no rumo dos acontecimentos conforme eles surgiram na vida real - incluindo até o fantasma de uma freira com o objetivo único de criar uma personagem para um novo filme - e não haja nenhuma novidade na forma de contar sua história, "Invocação do mal 2" cumpre muito bem seu papel de entreter aos espectadores que procuram por um bom par de horas de tensão. É elegante e adulto, duas qualidades redentoras que o elevam acima da média, mas está longe de ser uma obra-prima inesquecível.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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