CUIDADO COM AS GÊMEAS (Big business, 1988, Touchstone Pictures,
97min) Direção: Jim Abrahams. Roteiro: Dori Pierson, Marc Rubel.
Fotografia: Dean Cundey. Montagem: Harry Keramidas. Música: Lee
Holdridge. Figurino: Michael Kaplan. Direção de arte/cenários: William
Sandell/Richard C. Goddard. Produção: Michael Peyser, Steve Tisch.
Elenco: Bette Midler, Lily Tomlin, Fred Ward, Edward Herrmann, Michele
Placido, Daniel Gerroll, Barry Primus, Michael Gross, Seth Green.
Estreia: 10/6/88
Uma das maiores estrelas da
Touchstone (braço adulto da Disney) nos anos 80 era Bette Midler. Com o
sucesso de seus filmes "Um vagabundo na alta-roda" (86), "Por favor,
matem minha mulher" (86) e "Que sorte danada..." (87), a atriz/cantora
que havia sido indicada ao Oscar já em sua estreia nos cinemas, na
representação ficcional de uma estrela do rock calcada em Janis Joplin
em "A rosa" (79), era garantia de polpudas bilheterias para o estúdio do
Mickey. Por isso, não foi nenhuma surpresa quando ela assumiu o papel
principal de "Cuidado com as gêmeas", pensado originalmente para Barbra
Streisand. Sob a direção de Jim Abrahams - parte integrante do trio de
cineastas que anarquizou a comédia americana dos anos 80 com seus filmes
amalucados ao estilo "Apertem os cintos, o piloto sumiu" (80) - e com
um roteiro baseado na estrutura shakespereana de "Comédia de erros", o
filme comprovou a popularidade de Midler como uma atriz versátil e
carismática, em um papel duplo que ela divide com generosidade e
categoria com sua parceira de cena, a ótima Lily Tomlin - retornando à
cena quatro anos depois de sua bem-sucedida parceria com Steve Martin em
"Um espírito baixou em mim" (84).
O estilo de humor
escrachado de Midler se encaixa com perfeição à quase fleumática Tomlin,
o que torna as situações previstas no roteiro bem-amarrado ainda mais
divertidas e surreais, principalmente quando dirigidas pela mente insana
de Abrahams, que já havia trabalhado com Midler em "Por favor, matem
minha mulher". É ele quem orquestra uma odisseia de mal-entendidos,
confusões visuais e verbais e o show das duas atrizes, que parecem se
divertir tanto quanto o espectador, em papéis que fazem uso de seus
inúmeros talentos de forma orgânica e inteligente. Se Midler acaba se
sobressaindo é justamente porque o humor do diretor acaba sendo mais
próximo do seu, chegando ao quase exagero, mas Tomlin (que também é
respeitada como atriz séria, tendo sido indicada ao Oscar de coadjuvante
por "Nashville", de 1975) não perde a oportunidade de ter seus momentos
de brilho, especialmente quando assume a persona atrapalhada e avoada
de sua Rose milionária.
A trama é puro nonsense, e
começa no dia do nascimento das protagonistas, em uma pequena cidade do
interior chamada Jupiter Hollow, onde por acaso estão passando os
Shelton, um casal de milionários em vias de ter seu primeiro herdeiro.
Sem conseguir adiar o parto, a arrogante sra. Shelton acaba dando à luz a
suas duas filhas, Sadie e Rose, no simples hospital local que eles
acabam comprando, onde os tímidos e humildes Ratliff também estão vendo
suas filhas nascerem - e serem batizadas, por obra não do destino, mas
do próprio pai, encantado com os nomes das meninas ricas, também como
Sadie e Rose. Tudo seria apenas uma questão quase normal, caso a idosa e
míope enfermeira do hospital não trocasse os bebês. Quarenta anos mais
tarde, a implacável empresária Sadie Shelton (Midler), que mora em Nova
York, pretende livrar-se das propriedades adquiridas pelos pais no
interior do país, que só lhe dão prejuízo e dor de cabeça - apesar das
dúvidas de sua irmã, Rosie (Tomlin), uma mulher afável e delicada que
não tem a mesma visão comercial agressiva da irmã. As ameaças de Sadie
em desfazer-se das empresas em Jupiter Hollow não agradam nem um pouco à
Rose pobre (novamente Tomlin), que pretende encarar a diretoria das
empresas em Nova York - e meio que fugir de seu insistente namorado
Roone (Fred Ward) - e levar junto sua deslumbrada e fútil irmã, Sadie
(Midler, dessa vez com registro mais cafona). Não é preciso dizer que as
quatro se hospedam no mesmo hotel - o Plaza - e causam uma série
interminável de confusões entre os empregados, os empresários que
precisam decidir o futuro da companhia das Shelton e até mesmo entre
elas próprias.
"Cuidado com as gêmeas" é uma comédia
quase histérica, repleta de situações engraçadíssimas, aproveitadas com
gosto por suas protagonistas e seu elenco coadjuvante, que mesmo
numeroso, rende com precisão sob o comando firme de Jim Abrahams. A cena
em que os dois pares de irmãs se encontram pela primeira vez em um
banheiro, por exemplo, é uma prova inconteste do timing cômico
extraordinário de suas atrizes, que imprimem a cada personagem uma
personalidade própria, independente das semelhanças e diferenças que
possam vir a ter com suas respectivas familiares. Não importa o tipo de
humor do espectador, há muito do que rir no filme de Abrahms. A não ser
que não se tenha nenhum tipo de humor.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Onde eu consigo o filme?
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