O
RIO SELVAGEM (The river wild, 1994, Universal Pictures, 108min )
Direção: Curtis Hanson. Roteiro: Denis O'Neill. Fotografia: Robert
Elswit. Montagem: David Brenner, Joe Hutsching. Música: Jerry Goldsmith.
Figurino: Marlene Stewart. Direção de arte/cenários: Bill Kenney/Rick
T. Gentz. Produção executiva: Ray Hartwick, Ilona Herzberg. Produção:
David Foster, Lawrence Turman. Elenco: Meryl Streep, Kevin Bacon, David
Straithairn, John C. Reilly, Joseph Mazzello, Benjamin Bratt. Estreia:
30/9/94
Em 1994 Meryl Streep já tinha dois Oscar em
casa, já era considerada a melhor atriz de sua geração e servia de
modelo para toda e qualquer jovem intérprete que surgia no cinema
americano. Mas, em sua vitoriosa carreira, repleta de dramas
dilacerantes e até comédias de humor negro, faltava um gênero que poucos
conseguiam relacionar a ela: o filme de ação. Talvez para riscar esse
item da lista, talvez porque quisesse divertir-se um pouco ou talvez
porque realmente tenha gostado do roteiro, o fato é que "O rio selvagem"
tornou-se conhecido como o filme em que a grande dama do cinema
americano deixou as lágrimas de lado e partiu para a ignorância. O
resultado não foi dos melhores: a crítica praticamente ignorou e o
público não se demonstrou mais entusiasmado com a ideia de vê-la
distante dos papéis que lhe deram fama e prestígio.
A
culpa, no entanto, não é nem do público, nem da crítica e tampouco de
Meryl, que está boa como sempre, exercitando seu conhecido
perfeccionismo ao realizar quase todas as cenas perigosas solicitadas. O
problema de "O rio selvagem" é sua demora em engrenar, seu ritmo
claudicante. O roteiro de Denis O'Neil leva mais de uma hora para expor a
situação central - e que irá deflagrar a ação - e depois parece não se
esforçar em surpreender ou cativar o espectador, recheando sua história
com clichês. Não seria problema se a intenção do filme fosse analisar a
crise de um casamento ampliada por uma situação extrema ou simplesmente
levar o público a uma montanha-russa ao estilo "Risco total",
protagonizado por Sylvester Stallone em 1992. Acontece que a primeira
opção não é verdadeira e não parece que a segunda também o seja: o drama
familiar da personagem de Streep é quase oco (um desperdício de atores,
já que seu marido é vivido pelo ótimo David Straithairn) e a adrenalina
que poderia equilibrar a balança a favor do filme é rala, apesar de
contar com cenas de grande competência técnica e de contar com um vilão
convincente interpretado pelo sempre assustador Kevin Bacon.
Bacon
e Streep, aliás, foram indicados ao Golden Globe por seus desempenhos -
uma prova a mais do prestígio da atriz junto à critica, já que, além de
mostrar-se capaz de atuar até mesmo em produções com nítidas intenções
comerciais puras e simples, ela não chega a estar brilhante como
normalmente está. No filme, ela interpreta Gail Hartman, uma
dona-de-casa que abandonou a profissão de guia turística especializada
nas correntezas do Rio Colorado para viver ao lado da família. Saudosa
da antiga rotina, ela volta e meia retorna a águas perigosas, que
conhece como ninguém. Para comemorar o aniversário do filho mais velho,
Roarke (Joseph Mazzello, o menino do filme "Jurassic Park, parque dos
dinossauros", de 1993), ela resolve acampar com ele e o marido, Tom
(David Straithairn), com quem está em crise. A aventura torna-se
extremamente perigosa, porém, quando eles esbarram em Wade (Kevin
Bacon), um simpático turista que se revela, logo depois, o líder de um
grupo de bandidos que precisa de ajuda para atravessar a fronteira do
Canadá. Para isso, ele conta com o conhecimento de Gail.
"O
rio selvagem" está longe de ser um filme ruim: tem muita gente boa
envolvida para chegar a isso. Mas é apenas mais um filme de ação comum,
sem maiores qualidades que o destaquem dos demais (a não ser, claro, a
presença nada óbvia de Meryl Streep em seu elenco). Seu diretor, Curtis
Hanson, faz um trabalho correto, assim com o fez em "A mão que balança o
berço" (93), seu filme anterior, mas nada que fizesse antever o milagre
realizado em 1997, quando lançou o sublime "Los Angeles, cidade
proibida", que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Aqui, amarrado a um
roteiro sem maiores novidades ou possibilidades, ele está burocrático e
apático, assinando uma produção que pode até divertir, mas não deixa
marcas no espectador.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
quarta-feira
Assinar:
Postar comentários (Atom)
JADE
JADE (Jade, 1995, Paramount Pictures, 95min) Direção: William Friedkin. Roteiro: Joe Eszterhas. Fotografia: Andrzej Bartkowiak. Montagem...
-
EVIL: RAÍZES DO MAL (Ondskan, 2003, Moviola Film, 113min) Direção: Mikael Hafstrom. Roteiro: Hans Gunnarsson, Mikael Hafstrom, Klas Osterg...
-
NÃO FALE O MAL (Speak no evil, 2022, Profile Pictures/OAK Motion Pictures/Det Danske Filminstitut, 97min) Direção: Christian Tafdrup. Roteir...
-
ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (Presumed innocent, 1990, Warner Bros, 127min) Direção: Alan J. Pakula. Roteiro: Frank Pierson, Alan J. Paku...
Nenhum comentário:
Postar um comentário