ONLY
YOU (Only you, 1994, TriStarPictures, 108min) Direção: Norman Jewison.
Roteiro: Diane Drake. Fotografia: Sven Nykvist. Montagem: Stephen
Rivkin. Música: Rachel Portman. Figurino: Milena Canonero. Direção de
arte/cenários: Luciana Arrighi/Ian Whittaker. Produção: Robert N. Fried,
Norman Jewison, Charles Mulvehill, Cary Woods. Elenco: Marisa Tomei,
Robert Downey Jr., Bonnie Hunt, Joaquim de Almeida, Fisher Stevens,
Billy Zane, John Benjamin Hickey. Estreia: 17/9/94 (Festival de Toronto)
Quando ganhou o inesperado Oscar de atriz coadjuvante por seu desempenho em
"Meu primo Vinny" (92), Marisa Tomei ganhou junto a incômoda missão de
provar que seu prêmio não havia sido mais um dos inúmeros enganos
acumulados pela Academia em seu histórico de erros. Filmes como o fraco
"Coração indomável" (93) e o esquecível "O jornal" (94) não ajudaram
nesse sentido, mas é inegável que o simpático "Only you", dirigido pelo
veterano Norman Jewison foi o mais perto que ela chegou, nos anos 90, de
comprovar seu talento para a leveza das comédias românticas. Usando de
muitos elementos clássicos, flertando com obras icônicas do gênero, como
"A princesa e o plebeu" - além de uma citação direta de "Casablanca"
(43) - e tendo as belezas da Itália como cenário, o filme não chegou a
ser um sucesso de bilheteria, mas conquista a plateia pela simpatia do
elenco e pelo roteiro, com reviravoltas em número suficiente para manter
a atenção até o último minuto.
Sendo nada mais do que
uma simples comédia, "Only you" não pretende oferecer mais do que um
simples e divertido entretenimento, mas entrega ao espectador quase duas
horas de um romantismo derramado, ilustrado pela fotografia do mestre
Sven Nykvist - colaborador habitual de Ingmar Bergman e Woody Allen - e
pontuado pela discreta trilha sonora de Rachel Portman. Polvilhando seu
roteiro com tiradas de um humor sutil, Diane Drake construiu uma trama
capaz de conquistar até mesmo o mais ferrenho detrator do gênero,
especialmente por não deter-se na eterna fórmula do "moça encontra
rapaz, se apaixona e luta por seu amor até o final feliz". Ok, alguns
desses elementos estão presentes na história, mas tão bem misturados que
é difícil resistir. Senão, vejamos: desde criança a professora Faith
(Marisa Tomei, encantadora) ouve o mesmo nome quando procura saber, via
meios sobrenaturais, quem é sua alma gêmea. Em uma brincadeira na tábua
dos mortos com o irmão, Damon Bradley surge pela primeira vez. Alguns
anos depois, uma cigana de parque de diversões reitera a informação,
deixando a adolescente obcecada com esse desconhecido que promete ser
seu grande amor.
Já
adulta, Faith está de casamento marcado e aparentemente feliz quando,
ao atender o telefone do noivo, ouve do outro lado da linha o nome de
sua cara-metade: excitada, ela ignora o fato de Bradley estar de viagem
para Veneza e, com a companhia da cunhada, Kate (Bonnie Hunt) - que está
passando por uma fase infeliz no casamento - pega o primeiro avião para
a Itália. Depois de inúmeros desencontros, ela finalmente dá de cara
com o rapaz, um morador de Nova York que está na Europa a serviço
(Robert Downey Jr.). Bonito, sedutor e romântico, ele é o sonho
encarnado, e Faith está resolvida a cancelar o casamento e apostar em
uma vida ao lado de seu novo grande amor quando descobre que as coisas
não são exatamente como ela esperava.
Um dos maiores
méritos de "Only you" é sua capacidade de surpreender o público,
levando-o para várias direções antes de finalmente dar sua história por
encerrada. Brincando com o mito do do homem mediterrâneo através do
flerte de Kate com o sedutor Giovanni (Joaquim de Almeida) e com a
obsessão feminina pela busca do amor romântico, o filme de Norman
Jewison - também autor do delicioso "Feitiço da lua" (87) - é uma
divertida viagem pelos meandros do destino guiada por uma dupla central
atraente e de excelente química. Tomei, que anos mais tarde voltaria a
ser levada a sério como atriz, com mais duas indicações ao Oscar - por
"Entre quatro paredes" (01) e "O lutador" (08) - não foi um erro da
Academia. Ela sempre foi uma atriz deliciosa de se assistir.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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