UMA
BABÁ QUASE PERFEITA (Mrs. Doubtfire, 1993, 20th Century Fox, 125min)
Direção: Chris Columbus. Roteiro: Randi Mayem Singer, Leslie Dixon,
romance "Alias Madame Doubtfire", de Anne Fine. Fotografia: Donald
McAlpine. Montagem: Raja Gosnell. Música: Howard Shore. Figurino: Marit
Allen. Direção de arte/cenários: Angelo Graham/Garrett Lewis. Produção
executiva: Matthew Rushton. Produção: Mark Radcliffe, Robin Williams.
Elenco: Robin Williams, Sally Field, Pierce Brosnan, Harvey Fierstein,
Lisa Jakub, Matthew Lawrence, Mara Wilson, Robert Prosky. Estreia:
24/11/93
Vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem
Vencedor de 2 Golden Globes: Melhor Filme Comédia/Musical, Melhor Ator Comédia/Musical (Robin Williams)
Em
1992, o ator Robin Williams foi do céu ao inferno em termos de
bilheteria: enquanto a anti-belicista comédia "Toys, a revolta dos
brinquedos", de Barry Levinson não despertou o interesse de ninguém da
plateia e saiu de cartaz como se nunca tivesse existido, a animação
"Aladim" se tornou um dos maiores sucessos comerciais do ano e lhe
rendeu um Golden Globe especial pela dublagem do gênio da lâmpada, uma
dos maiores (senão a maior) qualidade da produção. Esse seu talento para
a improvisação e para o humor escrachado já havia sido o maior
responsável por sua primeira indicação ao Oscar, em 1987, por "Bom dia,
Vietnã", do mesmo Levinson, mas parecia ter sumido em seus trabalhos
seguintes no cinema, onde explorou (muito bem) seu lado de ator
dramático. Indicado outras duas vezes ao Oscar de melhor ator - pelo
inesquecível "Sociedade dos poetas mortos" (90) e pelo lúdico "O
pescador de ilusões" (91) - Williams devia a seu público uma comédia que
lhe devolvesse o status de humorista que havia conquistado nos palcos
americanos. Foi então que ele apareceu com "Uma babá quase perfeita", um
filme pequeno (25 milhões de dólares de orçamento) que acabou sua
carreira nos cinemas americanos com mais de 200 milhões arrecadados e
dois Golden Globes na prateleira: melhor comédia e melhor ator em
comédia/musical.
Dirigido por Chris Columbus - um
especialista em filmes para a família que tinha entre seus êxitos o
mastodôntico sucesso "Esqueceram de mim" (90) - "Uma babá quase
perfeita" tem como objetivo puro e único o entretenimento, sem ambições
outras que não fazer a plateia rir do começo ao fim. Com Williams em
cena, isso não é nada difícil. Dotado de um histrionismo nato e um
timing cômico impecável, ele deita e rola na pele de Daniel Hillard, um
ator desempregado que passa pelo pior período de sua vida: não apenas
ele está sem trabalhar no que ama (e é obrigado a um serviço pouco
empolgante nos bastidores de uma emissora de TV local) como acaba de se
divorciar da esposa, Miranda (Sally Field), uma bem-sucedida arquiteta
que cansou-se sua pretensa irresponsabilidade. Inconformado com a
determinação judicial que lhe permite ver seus três filhos apenas uma
vez por semana, Daniel tem uma ideia maquiavélica: sabendo que Miranda
está à procura de uma governanta que fique com as crianças no período
pós-escola, ele cria, com a ajuda de seu irmão maquiador e seu talento
para a atuação, a babá perfeita: Mrs. Doubtfire, uma inglesa sessentona,
de modos rígidos e dona de um currículo invejável. Obviamente Miranda
cai de amores pela nova empregada - e Daniel aproveita a situação para
colocar areia no novo interesse romântico da ex-mulher, o antigo
namorado Stuart (Pierce Brosnan).
Desvencilhando-se
facilmente do estigma de ser um filme de uma piada só, "Uma babá quase
perfeita" consegue, ao mesmo tempo, ser uma comédia pastelão da melhor
estirpe - com Williams vendo seus seios de mentira pegando fogo, sua
máscara voando pela janela e sua dentadura caindo dentro de um copo de
vinho no meio de um jantar - e um sofisticado manancial de citações
culturais contemporâneas vindas da metralhadora giratória que é o ator -
são lembrados, visual ou verbalmente, Barbra Streisand, "Psicose",
"Crepúsculo dos deuses" e "Dança com lobos", entre outros. Essa mescla
de humor popular com a sutileza da comédia referencial talvez tenha
sido, ao lado do talento de seu protagonista, o responsável pelo filme
ter agradado tanto e à tanta gente. É difícil escapar das risadas em
"Uma babá quase perfeita", seja das palhaçadas visuais criadas por
Columbus e Williams ou pelo crescendo de situações embaraçosas que o
roteiro vai criando crescentemente até o clímax - engraçadíssimo - em um
restaurante sofisticado, onde Daniel (e Mrs. Doubtfire) estão presentes
ao mesmo tempo. Só vendo para entender.
Contando ainda
com a simpatia natural de Sally Field como Miranda Hillard e o futuro
007 Pierce Brosnan como o rival do protagonista - além de uma maquiagem
extraordinária que levou o Oscar da categoria - "Uma babá quase
perfeita" ainda arruma espaço para a emoção: dificilmente filhos de pais
separados conseguem segurar as lágrimas em seus momentos finais,
repletos de uma sinceridade ímpar que conquistaram milhares de
espectadores pelo mundo. Uma feliz reunião de ingenuidade, bom humor e o
talento único de Robin Williams em fazer rir e chorar, é um filme sem
contra-indicações, capaz de agradar aos pais, aos filhos e aos
mau-humorados de plantão. Um triunfo do humor.
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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Um comentário:
Assisti tantas vezes nas tardes da Globo... E é um dos únicos que eu gosto que tem Robin W.
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