X-MEN: PRIMEIRA CLASSE (X-Men: First Class, 2011, 20th Century Fox/Marvel Entertainment, 132min) Direção: Matthew Vaughn. Roteiro: Ashley Edward Miller, Zack Stentz, Jane Goldman, Matthew Vaughn, estória de Sheldon Turner, Bryan Singer. Fotografia: John Mathieson. Montagem: Eddie Hamilton, Lee Smith. Música: Henry Jackman. Figurino: Sammy Sheldon. Direção de arte/cenários: Chris Seagers/Erin Boyd, Sonja Klaus. Produção executiva: Stan Lee, Josh McLaglen, Tarquin Pack. Produção: Gregory Goodman, Simon Kinberg, Lauren Shuller Donner, Bryan Singer. Elenco: Michael Fassbender, James McAvoy, Kevin Bacon, Jennifer Lawrence, Rose Byrne, Nicholas Hoult, January Jones, Oliver Platt, Zoe Kravitz, Jason Flemyng, Lucas Till, James Remar, Matt Craven, Ray Wise. Estreia: 25/5/11
Não é preciso ser fã de HQ para se divertir assistindo a "X-Men: Primeira Classe", que traz de volta aos cinemas a trupe de mutantes da
Marvel que devolveu qualidade e bilheteria às adaptações de comic books
à sétima arte. Desde que Bryan Singer lançou o primeiro "X-Men", em
2000, personagens como Homem-aranha, Homem-de-ferro e afins lotaram
salas de cinema e redimiram muitas transposições que anteriormente se equivocaram e quase sepultaram o que se tornaria um dos mais importantes gêneros cinematográficos do século XXI. Quando se trata de X-Men, porém, nem é necessário
gostar do estilo para curtir as duas horas do filme de Matthew Vaughn.
Basta pegar refrigerante e pipoca e se deixar ser levado por uma trama
que, a despeito de versar sobre heróis mutantes, fala também, sutilmente
(ou nem tanto, às vezes), sobre a tolerância às diferenças.
Para quem não sabe, esse primeiro filme do que promete ser uma nova série não é uma continuação da primeira
trilogia - cujo segundo capítulo é tudo aquilo que se pode esperar de um
filme de ação e um pouco mais: seguindo uma tendência cada vez maior, o
que se mostra aqui é a gênese de toda a história contada antes, ou
seja, não se pode esperar Ciclope, ou Jean Gray, ou Tempestade, ou
Wolverine (ops, será que não??). A trama dessa nova investida da Marvel
nas telas apresenta o início da relação de amizade/admiração/rivalidade
entre duas das personagens mais interessantes do universo dos
quadrinhos: Charles Xavier e Erik Lehnsherr, também conhecido como
Magneto.
Vividos pelo inglês James McAvoy e pelo alemão Michael Fassbender,
Xavier e Erik são a base de um roteiro que é valorizado pela seriedade
(ainda que nunca deixe de lado o senso de humor). A inteligência da
audiência jamais é desrespeitada, principalmente pela coragem dos
produtores em situar toda a trama na famigerada crise dos mísseis de
Cuba, momento crucial do governo Kennedy e que quase jogou o mundo em uma terceira guerra. É nesse momento, essencial
para a história mundial, que a raça dos mutantes tem sua primeira cisão:
de um lado, aqueles que acreditam em uma política de tolerância,
liderados por Xavier. De outro, o grupo que vislumbra na guerra absoluta
a solução para os problemas de discriminação e preconceito. Tem como
não gostar de um filme que trata de assuntos tão sérios de forma tão
comercial e popular?
"X-Men: Primeira Classe" começa em um campo de concentração polonês em
1944 (assim como o primeiro filme), quando Erik começa a perceber seus
poderes de manipular metais. No mesmo ano, o jovem Charles Xavier também
tem ciência de seus grandes poderes e assume a jovem Raven (também uma
mutante) como sua irmã de criação. Em 1962, os caminhos dos dois jovens
irão se cruzar na busca de Erik pela vingança contra Sebastian Shaw
(Kevin Bacon), que matou sua mãe e na tentativa da CIA (na figura de
Moira MacTaggert, vivida pela australiana Rose Byrne) em impedir a III
Guerra Mundial, que está prestes a acontecer devido ao embargo americano
ao país de Fidel Castro. Juntos, Xavier e Erik iniciam o recrutamento
de jovens mutantes.
Resumir um filme de "X-Men" não é tarefa das mais fáceis, uma vez que
sempre acontece tanta coisa - e de forma tão orgânica e natural - que é
mais fácil realmente apertar o botão de relaxar e curtir cada cena, cada
momento, cada diálogo. Sim, em toda a série - talvez com a possível
exceção do fraco "Wolverine: Origens" - há o cuidado com a relação entre as
personagens e a maneira com que os acontecimentos se conectam. E aqui, o
público é brindado com duas aparições-relâmpago muito divertidas e com
algumas cenas que explicam muito do que está por vir (ou já veio,
depende de como se vê as coisas). E é por isso que a escolha do elenco,
mais uma vez, mostrou-se extremamente acertada. James McAvoy é um dos
melhores jovens atores do momento, e Jennifer Lawrence (já então indicada ao
Oscar por "Inverno da alma" e no caminho para vencer a estatueta por "O lado bom da vida") se sai muito bem como a
adolescente Mística. Nicholas Hoult (o ator de "Um grande garoto",
irreconhecível) e Kevin Bacon também não deixam a peteca cair (Bacon,
aliás, parece se divertir muito no papel de vilão). Mas é inegável que o
maior destaque é Michael Fassbender. Na ausência de Wolverine, é ele
quem tem as melhores cenas, é por ele que o público torce mais
fervorosamente e é ele que é o responsável por empolgar a audiência (até
mesmo na esperada sequência que explica o motivo de Xavier estar preso
em uma cadeira de rodas nas continuações). E honra o papel, vivido
majestosamente por Ian McKellen nas primeiras partes.
Em suma, "X-Men: Primeira Classe" não decepciona os fãs dos primeiros
filmes - ao menos àqueles que nunca leram uma linha sequer dos
quadrinhos - e nem de longe é tão decepcionante quanto "Wolverine: Origens". É um
exemplo a ser seguido por quem preza unir qualidade e sucesso
financeiro. Vida longa aos mutantes!
Filmes, filmes e mais filmes. De todos os gêneros, países, épocas e níveis de qualidade. Afinal, a sétima arte não tem esse nome à toa.
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